Celso Cukier é nutrólogo e possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (1989) e mestrado e...
iRedatora especializada em saúde, bem-estar, alimentação e família.
O Dia Mundial de Luta Contra Aids, comemorado neste dia 1º de dezembro, também lembra sobre a importância de melhorar a qualidade de vida do paciente HIV. De acordo com o Boletim Epidemiológico Aids/DST, divulgado pelo Ministério da Saúde, cerca de 0,6% da população brasileira manifestaram sintomas da doença em 2011, sendo que 37 mil pessoas por ano são infectadas com o vírus. A boa notícia do levantamento é que a taxa de mortalidade baixou em 17% nos últimos 12 anos, indicando que, quando tomados os cuidados necessários, é possível conviver bem com a doença.
Na lista de cuidados do paciente HIV, a alimentação ocupa um lugar importante. "Com a alimentação correta, o paciente evita infecções, perda de peso e outras complicações da doença", explica Amélia Santos, nutricionista do Centro de Referência e Treinamento para Aids e DST de São Paulo. "Em alguns casos é necessário o uso de suplementação alimentar, mas tudo vai depender do estado do paciente", explica a especialista. Confira quais são os cuidados com o cardápio.
Verificar a procedência dos alimentos
É de extrema importância que o paciente HIV tenha plena consciência da procedência de tudo o que ele está consumindo, para evitar a contaminação. Dessa forma, produtos de procedência duvidosa ou sem qualquer indicação de onde tenha sido produzido estão fora de cogitação. Além disso, é essencial verificar a validade do produto e não consumi-los fora da data de validade em hipótese alguma.
De acordo com o nutricionista Celso Kukier, os alimentos não podem ficar mais do que quatro horas expostos ao ambiente. "Mais do que isso, o risco dele já estar contaminado com alguma bactéria é muito grande". Por isso, se o paciente for comer fora de casa, é essencial que ele saiba há quanto tempo aquele alimento foi preparado, como foi feita a higienização dos talheres, e o processo na hora do preparo.
Reeducação alimentar
"O paciente HIV tem o metabolismo complicado. O próprio vírus pode torná-lo acelerado, facilitando a perda de peso", explica a nutricionista Amélia Santos. Nesses casos, é importante que o paciente faça uma reeducação alimentar.
O ideal é investir sempre em proteínas e gorduras boas, que vão fornecer a energia necessária para a pessoa, como peixes, carnes magras e queijos brancos. Comer de três em três horas, optar pelos alimentos integrais, evitar comer frituras e alimentos com muitos conservantes e adquirir o hábito de tomar água, água de coco e sucos naturais no lugar de refrigerantes e bebidas com corantes artificiais.
"As guloseimas não estão proibidas, podem ser consumidas uma vez a cada duas semanas, mas a liberação vai depender do estado físico do paciente", diz Amélia.
Quando vierem as náuseas...
A medicação usada pela pessoa que tem Aids pode causar náuseas e enjoos. O incômodo também afeta pessoas que são portadoras do vírus HIV, que embora não possuam nenhuma manifestação da doença, precisam usar os medicamentos chamados antirretrovirais, e entre seus efeitos colaterais.
Nesses períodos, a nutricionista Amélia Santos explica que é bom consumir alimentos de consistência pastosa e em pequenas porções, como bolachas sem recheio, purê de batatas, iogurtes, além de beber chás. "O chá de gengibre é um dos mais recomendado, pois ele consegue aliviar tais sintomas", conta Amélia.
Evite comer e ingerir líquidos ao mesmo tempo
Para quem está sofrendo com os enjoos, o melhor é deixar os líquidos de lado na hora da refeição. Segundo a nutricionista Amélia Santos, ingerir líquidos durante a refeição pode dificultar a digestão e causar refluxo, aumentando a sensação de mal-estar. Se for beber, o ideal é fazê-lo antes de comer ou pelo menos meia a hora após a refeição, optando sempre pelos chás, que são mais digestivos.
Beba muito líquido
Em casos de diarreia, cuidado com a dieta A diarreia é uma complicação muito comum dos pacientes HIV, e pode acontecer tanto por conta da própria doença - que deixa o corpo mais vulnerável a infecções - quanto pela medicação, que pode manifestar esse efeito colateral.
Nessa situação, o nutricionista Celso Kukier, do Hospital São Luiz, conta que o melhor é evitar o consumo de leite e derivados, além de adicionar fibras solúveis à dieta - como frutas -, e evitar fibras insolúveis - como cereais - além de beber muito líquido.
Cuidados ao congelar alimentos
Os alimentos congelados merecem uma atenção especial para quem é portador do vírus. O ideal é sempre deixar o produto descongelando na geladeira, e não ao ar livre - diminuindo o risco de contaminação - e, caso tenha sobrado um pouco do alimento, é preciso descartá-lo - nada de congelar novamente. "Nesse processo de recongelamento pode haver infecção por bactérias", explica a nutricionista Amélia Santos.
Lavar bem as frutas e saladas cruas
Para diminuir o risco de infecções, é essencial fazer a higienização correta dos legumes e verduras. Para tanto, o melhor é retirar as cascas e folhas externas, contribuindo para a redução de resíduos presentes na superfície. Outra recomendação é a utilização de hipoclorito de sódio ou água sanitária (uma colher de sopa dissolvida em um litro de água é suficiente para higienizar até dez alimentos) para fazer a descontaminação.
A nutricionista Roseli Rossi, da Clínica Equilíbrio Nutricional, dá a dica: "Lave os alimentos em água corrente, higienize-o em solução de hipoclorito de sódio ou água sanitária, enxague novamente, seque o excesso de água com um pano limpo e deixe escorrer."
"Lembrando que a higienização das mãos antes do manuseio do alimento também é importante", conta o nutricionista Celso Kukier.
Alimentos cozidos
Segundo a nutricionista Amélia Santos, há casos em que o paciente pode apresentar neurotropenia - complicação que causa uma diminuição dos glóbulos brancos, deixando a imunidade ainda mais baixa. "Isso faz com que o paciente fique ainda mais suscetível a infecções, não podendo comer alimentos crus", explica.
Embora esses casos sejam mais raros, eles existem e devem ser levados em conta. O cozimento pode ser feito em água limpa (não é necessário ser filtrada), mas a higienização prévia do alimento deve ser realizada de qualquer maneira.
Verificar a procedência dos alimentos
É de extrema importância que o paciente HIV tenha plena consciência da procedência de tudo o que ele está consumindo, para evitar a contaminação. Dessa forma, produtos de procedência duvidosa ou sem qualquer indicação de onde tenha sido produzido estão fora de cogitação. Além disso, é essencial verificar a validade do produto e não consumi-los fora da data de validade em hipótese alguma.
De acordo com o nutricionista Celso Kukier, os alimentos não podem ficar mais do que quatro horas expostos ao ambiente. "Mais do que isso, o risco dele já estar contaminado com alguma bactéria é muito grande".
Por isso, se o paciente for comer fora de casa, é essencial que ele saiba há quanto tempo aquele alimento foi preparado, como foi feita a higienização dos talheres, e o processo na hora do preparo.