Infectologista do Alta Diagnósticos, e do laboratório Salomão Zoppi, ambas instituições pertencentes a marca D...
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De todas as cores que o mês de maio recebe no calendário colorido de conscientização à saúde, o vermelho é destaque por ser um dos únicos a dividir duas campanhas importantes. Entre elas, a da prevenção e controle da hepatite.
O fato do Maio Vermelho abordar mais de uma iniciativa ao mesmo tempo não diminui a importância de debater sobre o impacto dos diferentes tipos de hepatites virais: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), elas são responsáveis por mais de 1 milhão de mortes anualmente. A taxa de mortalidade da hepatite C, por exemplo, pode ser comparada às do HIV e da tuberculose, segundo dados do Ministério da Saúde.
Hepatologista do Hospital Brasília, Natália Trevizoli destaca o motivo das hepatites virais serem consideradas um grave problema de saúde pública: “Trata-se de uma doença infecciosa que atinge o fígado, pode ser aguda ou crônica, e cursa com alterações que podem evoluir para insuficiência hepática, cirrose e até câncer de fígado”, explica.
O que é a hepatite e como ela é contraída?
A Hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser acarretada por vários fatores, incluindo as infecções virais (hepatite A, B, C, D e E), substâncias tóxicas, como o álcool, certos medicamentos e até doenças autoimunes.
As hepatites A, B e C são consideradas as mais frequentes e têm formas de contágio variadas entre os tipos.
- Hepatite A - geralmente contraída por meio de água ou alimentos contaminados com o vírus. É o que se chama de transmissão “fecal-oral”. Pode também ser contraído em caso de contato direto com a pessoa infectada ou por contato sexual.
- Hepatite B - transmitida por meio de fluidos corporais infectados, especificamente sangue, sêmen, secreções vaginais e agulhas contaminadas.
- Hepatite C - a contaminação geralmente vem do sangue infectado com agulhas compartilhadas ou em transfusões de sangue que ocorreram antes de 1993, já que, antes desse período, não havia um exame eficiente para detecção do vírus no sangue do doador.
Trevizoli também cita alguns grupos considerados de maior risco para as hepatites, são eles:
- Pessoas que receberam transplante de órgãos ou tecidos, como córneas e pele, além de doadores de esperma, óvulos e medula óssea;
- Pessoas que receberam transfusão de sangue ou de qualquer derivado de sangue antes de 1994;
- Doentes renais em hemodiálise
- Pessoas que usam, ou usaram alguma vez, drogas injetáveis ou cocaína inalada
- Portadores do vírus HIV
- Pessoas com parceiros sexuais de longo tempo infectados com hepatite C;
- Pessoas com múltiplos parceiros sexuais ou com histórico de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs);
Sintomas
Assim como as formas de contágio, os sintomas também variam de acordo com o tipo de hepatite, mas normalmente podem ser manifestados por alguns sinais em comum: icterícia (coloração amarelada na pele e olhos), cansaço, dor abdominal, febre e mal-estar.
“Muitas vezes, essas hepatites causam uma infecção inicial assintomática ou pouco sintomática, que pode passar despercebida pelo próprio paciente. A única chance dela ser diagnosticada no futuro é através da realização do exame sorológico apropriado”, alerta Ligia Pierrotti, infectologista do Laboratório Lavoisier, marca pertencente à Dasa, rede de saúde integrada.
Essa é uma característica que faz a hepatite ser considerada uma doença silenciosa.
Diagnóstico e prevenção
As estratégias para obter um diagnóstico prévio e preciso da hepatite contraída é um dos carros-chefes da campanha do Maio Vermelho.
Além da presença dos sintomas mais típicos, esse diagnóstico é feito por meio de testes sorológicos específicos para cada hepatite. “Em alguns casos, também são utilizados os testes de PCR principalmente para a detecção dos tipos B e C. Pacientes com suspeita de complicações por conta da hepatite podem necessitar de exames de imagem hepática, como ultrassom e outros que conseguem avaliar o estado do figado”, detalha a especialista.
Lígia ainda complementa que os exames de sorologia para hepatites B e C devem ser feitos regularmente como testes rotineiros, mesmo na ausência de sintomas.
No quesito prevenção, a prática da vacina é a mais eficaz: “As vacinas contra hepatite A e hepatite B estão disponíveis e são recomendadas como parte do calendário de imunização no Brasil na saúde pública e no sistema de saúde privado (no caso de hepatite A).”
Para outros cuidados, é crucial se inteirar das formas principais de contágio para evitá-las, ou seja, ter relações sexuais com a proteção adequada e evitar o compartilhamento de agulhas e objetos cortantes. No caso da Hepatite A, é necessário ter mais cautela com a higiene pessoal e com o consumo de alimentos crus.
Especialista consultado: Natalia Trevizoli é gastro-hepatologista, coordenadora clinica do Centro de Referência em Doenças do Fígado do Hospital Brasília. É membro titular da Sociedade Brasileira de Hepatologia.