Isabella Assis é pediatra do AMA Santa Cruz, clínica em em São Paulo.
Ana Paula de Araujo foi redatora do site Minha Vida no período de abril de 2011 até fevereiro de 2012. Jornalista formada pela Pontifícia Universidade
iO sol forte, o mar agitado, as brincadeiras, a areia suja... Os perigos que envolvem uma simples visita à praia parecem se multiplicar quando o foco está nas crianças. Isso porque elas têm a pele mais sensível, estando mais suscetíveis a queimaduras de sol, além de serem mais curiosas e terem a costume de levar tudo à boca.
Por isso, cabe aos pais ou adultos responsáveis ficarem atentos às atividades dos pequenos. Especialistas recomendam os principais cuidados a serem tomados com crianças de 1 a 4 anos na praia.
Cuidado com a areia
Nessa faixa etária, é comum que a criança queira colocar tudo o que vê na boca, inclusive a areia, o que pode causar problemas de saúde ao pequeno.
"A areia oferece inúmeros perigos por conter fezes de animais e viver habitada por pombas, cachorros e gatos de rua. A criança pode se contaminar, contraindo doenças como a toxoplasmose", afirma a pediatra Alessandra Cavalcante, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Os pais também devem estar atentos a objetos pequenos, como tampinhas e palitinhos de sorvete espalhados pela praia.
A temperatura da areia também precisa de atenção. Segundo a pediatra Isabella Assis, do AMA Santa Cruz, em São Paulo, a areia quente pode queimar a pele da criança. "Também é preciso proteger o ouvido da criança para que não entre areia fina, causando incômodos", diz a especialista. Um chapéu pode resolver esse problema - e ainda ajuda a proteger o bebê dos efeitos sol.
Pés descalços
Não tem problema deixar o seu filho com os pés descalços na areia. "Os pais devem apenas observar se a criança não está com qualquer machucado ou ferida, pois eles servem como porta de entrada para microrganismos e podem infeccionar", diz Alessandra. Um dos riscos é o famoso bicho geográfico, que não é contraído apenas pelo pé, mas por qualquer contato com a pele.
Vista o pequeno confortavelmente
A regra é simples: quanto mais à vontade a criança estiver, melhor. Prefira roupas de algodão, que deixam a pele respirar. Para a pediatra Alessandra, uma boa opção são camisetas brancas sem mangas - e até a fralda pode ser dispensada.
"A fralda acumula umidade e calor e pode favorecer micoses e assaduras", justifica a pediatra Isabella. Se a criança ainda não estiver segura o suficiente para ficar sem fraldas, deixe-a apenas com elas, sem se esquecer do protetor solar e do chapéu.
Aposte em boias
A boia representa uma proteção extra, mesmo para aquelas crianças que já sabem nadar. Para a pediatra Isabella Assis, o modelo mais seguro é o do bracinho. Vale lembrar, no entanto, que essas boias não garantem a total segurança do pequeno, já que as ondas do mar podem ser imprevisíveis.
Supervisione a criança de perto
Os perigos da praia não são poucos - a criança pode se perder, entrar sozinha no mar, colocar objetos indevidos na boca etc. "Crianças não tem medo de nada, acham que nada é perigoso. Essa é a idade que elas ainda estão descobrindo tudo", observa Alessandra. Por isso, é fundamental que os pais supervisionem todas as brincadeiras de perto.
Leve uma piscininha
Para que a criança não tenha tanto contato com a areia, fique sempre ao alcance dos pais e não corra o risco de correr até o mar, a dica das especialistas é levar uma piscininha para a praia, mas procure enchê-la com água doce.
Abuse do protetor solar
Como a pele de crianças de 1 a 4 anos é sensíveis, o FPS mínimo do protetor solar deve ser de 40. Na hora de comprar, fique atento ao rótulo, que geralmente indica que o produto é especial para crianças. Mas, mesmo assim, todo cuidado com reações alérgicas é pouco.
"Teste o protetor em uma pequena área e espere meia hora para ver se a criança não terá alergia. Se a região não apresentar nenhuma vermelhidão, o protetor solar está liberado", diz Isabella, que lembra que os cremes com corantes são os que costumam desencadear mais alergias.
Outro cuidado lembrado pela pediatra do AMA Santa Cruz é na hora de passar o protetor. "Atenção redobrada na hora de passar o produto na área dos olhos, já que, quando a criança molha a cabeça, o protetor pode escorrer, causando ardência". Vale lembrar que o mormaço também queima, fazendo do protetor solar um item indispensável, mesmo em dias nublados.
Exposição solar só no horário certo
Se o sol forte faz mal para adultos, imagine para os mais novinhos, que possuem a pele sensível. Segundo a dupla de pediatras, o ideal é que a criança tome sol apenas bem cedinho, antes das 10h (no horário de verão). No entanto, deve-se evitar a exposição direta ao sol. "Isso deve acontecer sempre indiretamente, como embaixo de um guarda-sol", diz Isabella Assis.
Apenas comidas leves
Praia pede alimentação leve para não estragar a brincadeira da criançada. "Os pais devem dar frutas, sanduíches naturais e muito líquido", sugere Alessandra. Frituras devem ser evitadas, assim como alimentos de vendedores ambulantes.
"Eles podem estar contaminados ou mal conservados, causando intoxicação alimentar e diarreia, o que pode estragar as férias da família", completa a pediatra do Hospital São Luiz. A melhor opção é preparar alimentos em casa e transportá-los, usando uma bolsa térmica.
A regra de que a criança não pode ir para o mar após comer não passa de mito. "Não há nada que comprove. O que pode fazê-la passar mal é uma alimentação pesada seguida de esforço físico, o que é ainda pior no sol forte. Por isso, é importante preferir refeições leves, como sanduíches, saladas, carnes brancas e frutas", diz Alessandra.
Garanta a hidratação
O sol quente e forte faz com que a criança sue muito. Com o suor, no entanto, ela não perde apenas líquido, mas também eletrólitos, como sódio e potássio. Fique atento para fornecer a hidratação adequada para seu pequeno. "Evite refrigerantes, prefira água, água de coco e suco de frutas", indica a pediatra Alessandra.
Coloque uma pulseira de identificação
Essa medida é fundamental para caso a criança se perca. "Colocar uma pulseirinha nela pode fazer a diferença. Em um minuto, a criança que estava do seu lado some e você não acha mais. Escreva o nome da criança, dos pais e um telefone para contato", ensina Alessandra.
"Também é fundamental dar um ponto de referência para a criança, como, por exemplo, uma placa ou um quiosque, avisando que, caso ela se perca, fique lá até alguém ir buscá-la", completa a pediatra.