Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Uma nota divulgada pela Food and Drug Administration (FDA), órgão governamental dos Estados Unidos que faz o controle de alimentos e medicamentos, apontou que remédios utilizados no tratamento da azia e do refluxo gastroesofágico, conhecidos como inibidores da bomba de prótons, podem causar diarreia. O efeito colateral seria resultado da proliferação da bactéria Clostridium difficilem.
A investigação foi baseada na análise de 28 estudos sobre o assunto. Desses, 23 apontaram os inibidores da bomba de prótons como fator de risco par a diarreia. Comercializados por diversas marcas, os inibidores são recomendados para diminuir a quantidade de ácido do estômago para tratar azias, refluxo, úlceras e inflamação do esôfago.
A FDA afirmou ainda que, mesmo em caso de diarreia persistente, os pacientes não devem parar de tomar o medicamento sem consultar um médico. Para os profissionais da saúde, por sua vez, ela aconselhou que o diagnóstico para a diarreia associada à bactéria Clostridium difficile leve em conta remédios contra acidez no estômago usados pelos pacientes.
A azia é causada pelo refluxo de ácido gástrico, causado pelo mau funcionamento de uma espécie de válvula, chamada esfíncter, que se abre para o alimento passar do esôfago para o estômago. Já as úlceras são feridas que podem ocorrer no estômago, causando queimação e, em alguns casos, perda de apetite.
Hábitos podem ajudar a prevenir azia
O prazer da refeição dura pouco para os 20 milhões de brasileiros que, segundo a Organização Mundial da Saúde, são obrigados a lidar com a queimação no estômago causada pela azia. O número levantado já é alto, mas tende a ser ainda maior, já que a maioria das pessoas que convive com o problema dificilmente busca um especialista na tentativa de resolvê-lo. "A maioria dos pacientes procura, por conta própria, medicamentos ou soluções naturais para amenizar o desconforto", afirma o gastroenterologista Luiz Eduardo Rossi Campedelli, do Hospital Albert Einstein. "Os sintomas acabam melhorando temporariamente, mas voltam a incomodar em pouco tempo sem tratamento médico". Por isso, além do acompanhamento de um profissional, o Minha Vida recomenda algumas dicas para prevenir o problema.
Cardápio selecionado
Controlar o consumo de alguns alimentos ajuda a evitar crises de azia. De acordo com gastroenterologista Luiz Eduardo Rossi Campedelli, do Hospital Albert Einstein, frituras e alimentos muito gordurosos devem ficar longe do prato de quem sofre com azia. Frutas ácidas, condimentos, embutidos e alguns tipos de verduras, como couve, couve flor, brócolis, repolho, nabo, rabanete, pepino e tomate também devem ser evitados, porque tem ph ácido.
Refeições na hora certa
Passar longos períodos em jejum aumenta as chances de azia. Isso acontece porque, quando uma pessoa fica sem comer, o ácido gástrico se acumula e pode refluir, irritando o final do esôfago. "Comer a cada três horas mantém o sistema digestivo em funcionamento, sem sobrecarga na produção de ácido gástrico", explica o gastroenterologista Luiz Campedelli.
Pratos que transbordam
Quem exagera no prato também corre maior risco de ter azia. "Quanto maior o volume de alimentos ingeridos de uma vez, maior será o risco que o suco gástrico atinja o esôfago, já que estômago estará superlotado", explica Luiz Campedelli.
Exercícios após a refeição
Segundo o gastroenterologista Ricardo Blanc, muita movimentação física aumenta as chances de refluxo. Até duas horas após uma grande refeição, o estômago ainda acumula ácidos gástricos em maior quantidade e os movimentos podem fazer com que esses líquidos retornem em direção ao esôfago, causando a queimação.