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A fascinação das crianças pela novidade e por aprender alguma coisa diferente todos os dias deixa os adultos de cabelo em pé - muitas vezes, eles não sabem como responder uma pergunta ou se pegam arrependidos por terem agido mal, e servido de exemplo, em situações específicas.
"A influência dos pais sobre o comportamento dos filhos é bem marcante até os doze anos de idade. Conforme a adolescência se aproxima, há uma tendência de contrariar os pais", afirma o psicólogo Felipe Pena, da Universidade Federal Fluminense.
O período é suficiente para deixar marcas positivas na formação da criança, portanto corte os maus hábitos e incentive seus filhos a terem uma vida mais saudável o quanto antes:
Falar palavrão
Xingar é um fenômeno comum na fala de muitos adultos diariamente, e esse hábito está sendo passado para as crianças. Uma pesquisa feita pela Massachusetts College of Liberal Arts afirma que, a partir dos três anos de idade, seu filho já é capaz de repetir o que ouve - incluindo as palavras que você usa para extravasar a raiva.
Pais que proíbem o uso de palavrão, mas quebram as próprias regras, acabam incentivando os filhos a usarem essa linguagem. De acordo com pesquisadores, quando adulto não consegue seguir as normas que ele mesmo impõe, acaba enviando uma mensagem confusa aos filhos, que adotam o comportamento dos pais como correto.
O psicólogo Felipe Pena, da Universidade Federal Fluminense, ainda lembra que a influência do meio também interfere no comportamento infantil. "Por isso, é importante monitorar os programas a que seu filho assiste e o comportamento dos coleguinhas. Se a criança escorregar na linguagem, avise na mesma hora que esse tipo de palavra deve ser evitado", diz.
Obesidade
Uma pesquisa feita pela University College London, no Reino Unido, descobriu que crianças com pais magros têm três vezes mais chances de permanecerem magras. Os estudiosos analisaram o comportamento dos pais de mais de sete mil crianças e adolescentes e concluíram que, além da genética (relacionada ao aparecimento da obesidade), os pais mais magros tinham hábitos alimentares melhores e passavam isso para os filhos.
Além disso, a psicóloga Maylu Pagani, da Clínica Clinic Med, afirma que pais obesos, habituados a dieta e exercícios para emagrecer, também influenciam os filhos, que começarão a adotar atitudes parecidas.
"Vale lembrar que os pais devem incentivar a criança a ser saudável, não apenas ser magra. Manter o peso ideal é consequência de bons hábitos alimentares", diz.
Depressão
Distúrbios emocionais como a depressão podem ser transmitidos de pai para filho de duas maneiras: por meio da genética ou como um reflexo dos valores que os pais com depressão passam a seus filhos.
Estudo realizado pela Universidade de Vanderbilt, em Nashville (EUA), mostrou que as crianças cujo pai ou a mãe tem diagnóstico de depressão apresentam dificuldade de expor seus sentimentos e de se relacionar com os demais colegas de grupo, além de terem um comportamento muito semelhante ao dos pais, como olhares esquivos, voz baixa, dicção lenta e pessimismo. Além disso, filhos de pais com depressão eram sete vezes mais propensos a desenvolver a doença.
Quando detectada precocemente, a depressão pode ser tratada com sucesso, porém, como a maioria dos pais não consegue perceber seu próprio problema, não reconhece a mudança comportamental dos filhos e o diagnóstico acaba sendo tardio. Por isso é importante visitar um profissional ao menor de sinal de qualquer problema.
Tabagismo
Acender um cigarro perto de seus filhos pode trazer mais malefícios do que você pensa. Além dos riscos que o fumo passivo traz, como irritações, dores de cabeça, risco para doenças pulmonares, perda auditiva e problemas de comportamento e aprendizagem, as crianças com pais fumantes também têm mais chances de compartilhar o vício.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, mostrou que uma família com pai ou mãe fumante tinha 24% de chance de ter um filho com o vício e 23% de chances de ter uma filha viciada em cigarro. Caso nenhum dos pais tenha esse hábito, as chances de uns dos filhos de tornar fumante caem para 12%.
Não ter tempo para os filhos
Muitos pais usam como desculpa o trabalho e tantas outras tarefas para justificar o pouco tempo com os filhos - em alguns casos, esse contato nem existe. Pode parecer que os filhos se viram sozinhos ou que os amigos ocupam o tempo em que os pais estão fora, mas uma pesquisa feita no Bellevue Hospital Center, em Nova York (EUA), comprova que brincadeiras entre pai e filho ajudam no desenvolvimento da criança.
Feito com 675 crianças, o estudo comprovou que aquelas que brincavam de forma educativa com as mães, ainda que poucas horas no dia, tinham um desenvolvimento cognitivo maior, além do rendimento escolar também ser mais elevado.
Alcoolismo
Pais que bebem pouco ou não ingerem álcool têm mais chances de criar filhos longe do vício, afirma uma pesquisa publicada na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research. Realizada com 238 adolescentes entre 12 e 16 anos, a pesquisa consistia em dar questionários para os jovens responderem sobre comportamento dos pais em relação ao álcool e qual a quantidade de bebida que eles próprios tinham consumido no último mês.
Ao final do estudo, foi descoberto que os filhos cujos pais não bebiam eram menos próximos do vício. A relação também foi encontrada entre os pais que estabeleciam regras bem definidas sobre o consumo de álcool. No entanto, quando os pais bebem e permitem que os filhos consumam bebidas alcoólicas, as chances desses jovens se viciarem em álcool é maior.
Sedentarismo
A maioria das crianças hoje só pensa em vídeo games e computadores, deixando muitas vezes a atividade física de lado. A boa notícia é que os pais podem influenciar nesse comportamento e incentivar as crianças a fazer mais exercícios.
Estudos feitos pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) afirmam que a influencia dos pais é fundamental para que os filhos tenham mais disposição para a atividade física.
Segundo a personal trainer Camila Lopes Souza, comprometer-se com a família para praticar exercício cria um incentivo mútuo para manter a frequência de atividade física, trazendo benefícios para toda a família.