Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Manter uma dieta rica em antioxidantes, como selênio e vitaminas C e E, pode ajudar reduzir até dois terços do risco de câncer de pâncreas, sugere um novo estudo feito pela University of East Anglia, no Reino Unido. Os resultados foram publicados essa semana no jornal Gut.
Os pesquisadores analisaram a saúde de mais de 23.500 pessoas, todas com idades entre 40 e 74 anos. Durante uma semana, cada participante manteve um diário alimentar detalhado com os pratos ingeridos, as quantidades e o método de preparação de cada alimento que comeram. Após 10 anos, 49 participantes tinham sido diagnosticados com câncer de pâncreas. Passados mais sete anos, o número de diagnósticos de câncer pancreático aumentou para 86. Em média, os pacientes sobreviveram seis meses após o diagnóstico.
Analisando os dados coletados, os autores descobriram que pessoas com maior ingestão de selênio tinham metade das chances de desenvolver câncer de pâncreas do que aqueles com o menor hábito de consumo. Já as pessoas que consumiram selênio mais as vitaminas C e E foram de 67% menos propensas a desenvolver o câncer.
De acordo com os estudiosos, pesquisas anteriores mostraram que a ingestão desses antioxidantes por meio da alimentação faz com que os nutrientes se comportem de maneira diferente, trazendo mais benefícios do que suplementos alimentares trazem. Eles também afirmam que o estudo é observacional e pode sugerir apenas uma associação, não sendo possível estabelecer uma relação de causa e efeito. O próximo passo é refazer o experimento em pacientes com risco aumentado para câncer de pâncreas, a fim de verificar os resultados com mais profundidade.
Confira os alimentos que fornecem vitaminas e selênio
Entre os fatores de risco para câncer de pâncreas, destaca-se principalmente o uso de derivados do tabaco. Os fumantes possuem três vezes mais chances de desenvolver a doença e o risco piora dependendo da quantidade e do tempo de consumo do tabaco. Outro fator de risco é o consumo excessivo de gordura, de carnes e de bebidas alcoólicas. Além disso, pessoas que sofrem de pancreatite crônica ou diabetes e que foram submetidos a cirurgias de úlcera no estômago ou duodeno também devem ficar atentas.
Se você se encontra no grupo de risco, é importante manter uma dieta balanceada e rica em antioxidantes. A nutricionista Roberta Stella, responsável pela equipe nutricional do Minha Vida, conta quais são as vitaminas mais importantes para proteger o pâncreas, as suas funções em nosso organismo e as quantidades diárias que devem ser ingeridas:
Vitamina E
Composta por uma família de oito antioxidantes, a vitamina E se destaca por proteger a gordura presente na membrana celular dos radicais livres evitando o entupimento das artérias. Problemas no transporte das gorduras pelo organismo ou de má absorção de nutrientes são as consequências da deficiência de vitamina. Adultos com mais de 19 anos precisam ingerir no mínimo 15 miligramas por dia de vitamina E. Para atingir a recomendação, insira óleos vegetais e sementes como amêndoas, amendoim, nozes e castanhas no cardápio.
Vitamina C
Também conhecida por ácido ascórbico, ela tem atuação importante na síntese de colágeno, estrutura que compõe os vasos sanguíneos, tendões, ligamentos e ossos. "Além disso, tem papel de destaque na síntese de um neurotransmissor chamado norapinefrina, fundamental para a realização de atividades cerebrais", esclarece Roberta Stella. Sem falar que ela é um potente antioxidante, capaz de proteger nosso corpo dos radicais livres.
Para prevenir a falta do vitamina C, recomenda-se uma ingestão diária de 90 miligramas para homens e 75 miligramas para mulheres. Quem fuma deve consumir uma quantidade adicional de 35 miligramas por dia, devido ao aumento do estresse oxidativo. Laranja, limão, abacaxi, mamão, goiaba e pimentão são bons exemplos de fontes da vitamina C.
Selênio
Poderoso antioxidante, o selênio ajuda a eliminar os radicais livres, evitando quedas bruscas na imunidade. Pessoas com baixos níveis de selênio podem sofrer distúrbios na atividade dos neurotransmissores, podendo até sofrer alterações de humor. "O selênio ajuda na transmissão de substâncias como serotonina e dopamina, que são fundamentais para o bom funcionamento cerebral", diz a nutricionista Roberta.
Além disso, pesquisas mostram que o selênio pode proteger o pâncreas contra degenerações. Boas fontes de selênios são grãos, alho, carne, frutos do mar, castanha-do-pará, nozes, avelãs e abacate. A dose diária recomendada é de 55 µg tanto para homens como para homens.