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O momento de o bebê começar a falar é um dos mais esperados pelos pais. Pequenos balbucios e gemidos ganham outro significado quando são pronunciados por um filho. E não demora muito até que o pequeno comece a ensaiar as primeiras palavras: de acordo com a pediatra neonatologista Vera Fidelman Ramalho Valverde, os bebês começam emitir sons (ahh, auu, angu) por volta de 2 a 3 meses.
Em seguida, ele começam a balbuciar entre 4 a 6 meses, fazendo sons com vogais "A", "E" "U" e algumas consoantes, para em torno dos 9 meses dar sentido aos sons e emitir palavras bilabiais como dada, mama e papa.
Segundo a fonoaudióloga Debora Befi-Lopes, coordenadora do Departamento de Linguagem da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, com 12 meses já há chances de ouvir o bebê dizendo "mamãe" ou "papai".
Se o seu filho está na fase de pronunciar as primeiras palavras, veja o que você pode fazer para ajudá-lo a se desenvolver.
Comunique-se com o bebê desde cedo
Além de ajudar a estreitar o vínculo, a comunicação com o bebê contribui para a aquisição da linguagem. Segundo a neonatologista Vera, falar, cantar e ler para eles pode contribuir para estimular o hábito da fala.
Diga sempre a pronúncia correta
Desde os primeiros meses, o bebê tenta imitar o que vê: movimentos de boca, piscadas de olhos, sorrisos, entre outras ações. Com os sons não é diferente. "A criança aprende observando, daí a importância de falar corretamente com ela", diz a fonoaudióloga Débora. Se ela aprender errado, pode dar trabalho para conseguir corrigir.
Converse de forma natural
Por mais que seja muito tentador, é importante evitar infantilizar a voz quando for falar com o bebê, assim como falar no diminutivo ou com voz fina. É preciso que ele se sinta inserido nas conversas entre os pais com o máximo de naturalidade.
Olhe para ele e mostre a sua boca
O contato visual é muito importante para estimular a afetividade e serve de incentivo para o bebê se espelhar em você. A fonoaudióloga Debora também explica que, quando ele consegue ver o movimento da boca, entende o modo como o som é produzido e pode imitar melhor.
Cuidado com a euforia
Quando o bebê começa a balbuciar as primeiras palavras, vale incentivá-lo mostrando que você está contente, mas isso tem limite. "Muita euforia por causa da nossa ansiedade como pais pode assustar a criança e atrapalhar o seu desenvolvimento", afirma a fonoaudióloga Ana Paula Bautzer, da Clínica de Especialidades Integrada. Procure deixá-lo confortável, evitando gritar ou chamar a família toda ao menor sinal de balbucio.
Peça ajuda do irmão mais velho
"O bebê consegue diferenciar uma criança de um adulto e pode aprender e imitar mais rápido com ela", afirma Ana Paula Bautzer. Pedir para o irmão que brinque com o bebê também faz com que o mais velho se sinta importante em vez de excluído. Se o bebê for o primeiro filho, vale a pena procurar o contato com outras crianças.
Não deixe a criança acomodada
Mimar demais prejudica tanto o comportamento quanto o desenvolvimento do bebê. Se tudo o que ele quer está na frente dele toda hora, sem precisar chorar, apontar, tentar balbuciar ou fazer qualquer sinal, não há estímulo para que ele melhore a comunicação. "O mimo em excesso pode impedir que a criança explore o seu mundo e fazer com que ela perca a curiosidade para aprender", diz a fonoaudióloga Ana Paula.
Estimule a criança a falar
Muitos pais, sem perceber, acabam contribuindo para que os filhos fiquem preguiçosos ao desenvolver sua oralidade. De acordo com Vera, pode acontecer de a criança começar a apontar quando quiser que os pais façam algo ou peguem um objeto para ela. A especialista diz que se os pais sempre atenderem ao pedido da criança sem incentivá-la a falar pode acontecer de ela achar que a comunicação oral não é necessária. O ideal é pedir para que a criança fale o que ela quer e, caso não consiga, verbalize as palavras de forma que ela compreenda e possa reproduzir melhor no futuro.
Brinque bastante
O ato de brincar também é ensinar. Segundo Ana Paula Bautzer, pais que se divertem com a criança não só estimulam o aprendizado dela como eles mesmos passam a olhar e entender como é o próprio filho, quais são os seus comportamentos. O bebê que vive em um ambiente estressante e cheio de tensões pode ter mais dificuldades para se desenvolver de forma saudável.
Desligue rádio, televisão e computador
A competição da fala dos pais com o som de outros aparelhos pode atrapalhar o entendimento e a concentração do bebê. "Não que esses meios de comunicação sejam prejudiciais, mas não podem ser o principal elemento de estimulação, porque não são meios naturais de desenvolvimento da fala e linguagem", afirma a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.
Aproveite situações da rotina
"Quanto mais a criança for exposta à linguagem, melhor será para seu desenvolvimento", afirma a fonoaudióloga Marcella. Por isso, aproveite para contar histórias, cantar músicas e dizer o que você está fazendo com ele na hora do banho, de dormir ou em outros momentos do dia. Pode parecer que o bebê não está entendendo nada, mas não se engane: o cérebro dele já está memorizando as palavras. "Por volta de um ano de idade, uma criança pode produzir ao redor de 10 palavras e compreender mais de 20", afirma Debora Befi-Lopes.
E se o bebê não falar?
Algumas crianças demoram um pouco mais, o que não deve ser encarado como um problema pelos pais. "Só é preocupante quando a criança passa dos 24 meses sem produzir palavras. Nesse caso a ajuda de um fonoaudiólogo passa a ser necessária", diz a especialista.
De acordo com Vera, caso o bebê não desenvolva a fala até esse período é importante avaliar alguns aspectos e investigar junto ao médico uma possibilidade de surdez ou transtornos de espectro autista.
Veja a seguir uma lista de fatores que merecem atenção:
- Bebê não emite sons
- Não estabelece contato visual até os seis meses
- Não balbucia palavras até os nove meses
- Não aumenta seu vocabulário a partir do primeiro ano
- Não é capaz de seguir ordens simples
- Não imita os pais até os dois anos
- Não é capaz de articular palavras ou não conseguir se expressar com idade entre dois e três anos.
É importante dizer que existem diferentes a serem investigados antes de diagnosticar um bebê com atraso na fala. Vera finaliza dizendo que cada bebê tem seu próprio ritmo no desenvolvimento e para checar se está tudo ok o melhor é levá-lo ao pediatra regularmente.