Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC (1978) e doutorado em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da U...
iO impacto do consumo nocivo de álcool na saúde pública é algo considerável, tanto em termos de morbidade como mortalidade. Além de atuar no funcionamento cerebral (deprime as atividades do Sistema Nervoso Central), esta substância também age diretamente em diversos órgãos - como fígado, coração e parede do estômago, - contribuindo para que seus efeitos na saúde sejam ainda mais complexos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o volume médio de álcool puro consumido por pessoa no Brasil equivale a 8,9 litros por ano - quantidade inferior aos padrões da Europa (13 litros), Estados Unidos (9,3 litros) e Canadá (10 litros), porém elevado.
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Além do volume ingerido, é importante estar atento ao padrão de uso da substância, ou seja, a maneira ou circunstâncias em que isso ocorre. Por exemplo, os padrões mais pesados de uso frequentemente expõem o consumidor a diversos tipos de problemas e ao desenvolvimento de transtornos relacionados ao consumo de álcool (abuso e dependência). É o caso do beber pesado episódico (BPE, definido como a ingestão de cinco ou mais doses de álcool para homens e quatro ou mais doses para mulheres em um período de 2 horas), considerado um dos principais indicadores relacionados ao padrão de uso prejudicial desta substância, que tem um impacto significativo no cenário mundial.
Entre os principais prejuízos do BPE, destacam-se os danos à saúde física, sexo desprotegido, gravidez indesejada, infarto agudo do miocárdio, overdose alcoólica, quedas, violência (incluindo brigas, violência doméstica e homicídios), acidentes de trânsito, comportamento antissocial como, por exemplo, na família e trabalho além de queda no rendimento escolar e ocupacional, tanto em jovens como na população em geral.
Em contraste aos padrões de uso pesado, diversos estudos apontam que em pequenas quantidades (cerca de duas doses* por dia) as bebidas alcoólicas podem ser benéficas à saúde, estando associadas à diminuição no risco de doenças cardiovasculares, diminuição nas perdas cognitivas decorrentes da idade, redução de estresse e de ansiedade, promoção de bem-estar, entre outros fatores.
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Entretanto, vale ressaltar que não existe um nível seguro para o consumo do álcool; se a pessoa bebe, já pode estar em risco de sofrer problemas de saúde e outros, principalmente, se ingerir mais de duas doses por dia e não deixar de beber pelo menos dois dias na semana. Em algumas situações, ainda, o uso não é recomendado mesmo em pequenas quantidades, como é o caso de:
- Menores de 18 anos;
- Mulheres grávidas, tentando engravidar ou amamentando;
- Indivíduos que vão dirigir, operar máquinas ou sob o uso de medicamentos que interagem com o álcool;
- Indivíduos que não conseguem controlar seu consumo ou que possuem problemas de saúde que podem ser agravados pelo uso de bebidas alcoólicas.
Nesse contexto, estudos de monitoramento são essenciais para verificar como o brasileiro se comporta frente ao álcool, a fim de que seja possível promover programas de prevenção específicos e, sobretudo, eficazes.
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*Uma dose diária (10-12 g de álcool puro) segundo a Organização Mundial da Saúde equivale a 330 ml de cerveja/chopp, 100 ml de vinho ou 30 ml de destilado.