Quatro organizações médicas americanas - Academia Americana de Pediatria (AAP), Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), Sociedade Americana de Microcirurgia Reconstrutiva (ASRM), e Sociedade Americana de Cirurgiões Buco Maxilo Facial (ASMS) - estão unidas em prol da mesma causa: aumentar a consciência sobre a prevenção de mordidas de cachorros.
Segundo as entidades médicas, cerca de 4,7 milhões de pessoas são mordidas por cães todos os anos nos Estados Unidos. No entanto, a maioria das mordidas poderia ser evitada por meio de treinamento e controle adequado do cão e educação da população.
Por lá, a crianças são as vítimas mais comuns, seguidas pelos idosos e pelos funcionários do correio. Anualmente, cerca de 600.000 crianças americanas necessitam de atenção médica devido a uma mordida de cachorro. As crianças apresentam três vezes mais chances de serem mordidas que os adultos. E muitas dessas lesões podem ser graves, por isto, os programas de prevenção são muito importantes. Segundo dados da Academia Americana de Pediatria, metade de todas as crianças/adolescentes será mordida por um cão no momento em que são alunos do ensino médio.
Diante deste quadro, os americanos instituíram a Semana Nacional de Prevenção às Mordidas de Cachorro, que além de contar com o apoio das entidades médicas, reúne representantes dos Correios, da Associação Americana de Medicina Veterinária e de seguradoras.
No Brasil, mais de 500 pessoas são atacadas por cães por ano. Apenas no Estado de São Paulo, uma nova vítima é atendida por hora na rede pública de saúde. Um levantamento do Ministério da Saúde, que leva em conta os dados do Sistema Único de Saúde, aponta um crescimento anual de aproximadamente 25% nos casos de internações hospitalares motivadas por mordidas de cães, nos últimos anos.
Segundo a Secretaria da Saúde Paulista, uma pessoa é atacada por hora por um cão feroz no estado. A cada quatro vítimas, uma é criança. Quase 85% dos ferimentos em humanos provocados por animais são casos de ataques de cães. Em segundo lugar, estão os atendimentos de pessoas machucadas por gatos (8%). Segundo o órgão, 55% dos ataques são contra homens, 40% são menores de 15 anos e a grande maioria dos animais agressores são conhecidos da vítima. Ainda que 60% dos ferimentos sejam superficiais e não acabem em morte, 38% dos ataques resultam em múltiplas escoriações e 6% em feridas mais profundas.
Marcas profundas
Cirurgiões plásticos, pediatras e cirurgiões maxilo-faciais são os profissionais que tratam das vítimas de ataques de cães e mais comumente presenciam de perto o poder devastador das lesões causadas por ataques de cachorros.
De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, cerca de 33.000 procedimentos reconstrutivos foram resultados de mordidas de cão em 2010, 8% a mais que os números registrados em 2009. A maioria das cirurgias reparadoras para tratar mordidas de cão é realizada em crianças, que são frequentemente mordidas no rosto, o que pode resultar em lacerações graves, infecções e cicatrizes permanentes.
Assim como ensinamos as crianças a tomarem precauções quando andam de patins ou bicicleta, devemos preveni-las sobre os riscos de se aproximarem muito dos animais, mesmo os de estimação, pois quando os ataques acontecem, nariz, boca e bochecha são os principais alvos. E como a pele das crianças é mais fina e vascularizada, a mordida pode provocar sérias deformidades.
É possível prevenir?
Visando prevenir o ataque de cães, é preciso desenvolver um trabalho educativo com as crianças, os pais e a população em geral, conscientizando todos sobre os riscos e a gravidade desse tipo de acidente, destacando-se que a prevenção é possível de ser realizada e apresenta resultados altamente satisfatórios.
Medidas de proteção como registro e vacinação em massa dos cães, controle dos cães errantes, prevenção e/ou tratamento de outras moléstias que possam ser transmitidas pelos cães ao homem e a notificação de todos os casos de acidentes desse tipo, e não apenas dos mais graves, dependem da difusão de conhecimentos, educação da população e atitudes de responsabilidade dos cidadãos.
Para ajudar a educar o público a respeito da prevenção de mordidas de cachorro, as entidades médicas americanas estão oferecendo um folheto à população, "O que você deve saber sobre a prevenção da mordida de cão", com dicas sobre como evitar ser mordido, o que os tutores podem fazer para impedir que seus cães mordam outras pessoas e como tratar mordidas de cão.
De acordo com o material, dentre as dicas de prevenção da mordida de cão, destacam-se:
- Escolha um cão que se adapte bem à sua casa e à sua família. Consulte um veterinário para obter mais detalhes sobre esta escolha;
- Socialize seu animal de estimação. Aos poucos, exponha o seu cachorro a uma variedade de pessoas e outros animais para que ele se sinta à vontade nessas situações. Esta exposição deve continuar quando o cão estiver mais velho;
- Treine seu cão. Os comandos podem criar um vínculo de obediência e de confiança entre o cão e o seu tutor;? Evite jogos agressivos com seu cão;
- Vacine seu cão contra a raiva e outras doenças;
- Castre o seu cão. Estes cães são menos propensos a morder;
- Nunca deixe um bebê ou uma criança pequena sozinha com um cachorro;
- Ensine seu filho a pedir a permissão do tutor, antes de acariciar qualquer cão;
- Deixe um cão estranho cheirar você ou seu filho, antes de tocá-lo e acariciá-lo suavemente, evitando a face e a cauda;
- Nunca incomode um cachorro se ele está dormindo, comendo ou cuidando de outros cachorros;
- Não corra na frente de um cão;
- Se um cão te ameaça, mantenha a calma. Evite contato com os olhos. Fique parado ou recue lentamente até que o cão deixe de ameaçá-lo. Se você for derrubado, enrole-se como uma bola e proteja o rosto com os braços e punhos;
- Se mordido, peça para ver a carteira de vacinação do cão, obtenha o nome do seu tutor e suas informações de contato. Entre em contato com o veterinário do cão para verificar os registros de vacinação. E, sempre, consulte um médico;
- Limpe as mordidas com água e sabão o mais rápido possível. Se a vítima estiver sangrando, aplique pressão com um curativo limpo ou uma toalha para estancar o sangramento, antes de lavar. Leve imediatamente a pessoa para uma emergência.
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