Meu neto se envolveu com maconha um pouco mais de um ano,parou, em consequência, ficou mal, esteve internado, nda valeu, o q fazer? Respostas dos nossos especialistas

Primeiramente é necessário entender que a dependência química, é uma doença. Ela envolve questões físicas, psicológicas e sociais, que devem ser tratadas como um todo.Para manter-se livre das drogas, o indivíduo precisa ser acompanhada por uma gama de profissionais, médicos, psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, e terá que realizar uma série de mudanças em seu estilo de vida.Sugiro que procure na sua cidade um grupo de auto ajuda, como o Narcóticos Anônimos. É um grupo muito sério, que trabalha com sigilo e dá apoio a pessoas com problemas com drogas,Existem outros grupos terapêuticos, muitos com atendimento em igrejas, que também podem dar apoio para esse público.Importante também que a família também busque tratamento, pois também são vítimas e sofrem com o usuário.Espero que encontre um grupo para acolhê-los .Abraço

ele foi internado porquê se sentiu mal tendo parado de consumir maconha? Ele recomeçou? "Nada valeu" significa: ele foi internado para parar e recaiu?

Não tendo clareza sobre a situação do seu neto, assumo que a sua preocupação é com o consumo contínuo de maconha pelo seu neto.

A maconha não é a pior das drogas. Tem muita gente fumando maconha em quantidade limitada e não tem a vida alterada por isso. Não quero diminuir o perigo que a dependência da maconha traz para a pessoa: isolamento social, impossibilidade de trabalhar e de fazer uma família.

Mas a discriminação e até a diabolização -- que acontece muitas vezes -- da pessoa que consome maconha aumenta os problemas que ela já tem na vida e que provavelmente causou o desejo dela de fumar maconha, no início.

Pois o consumo de qualquer droga tem que ser compreendido pelo sentido que ela faz para a pessoa que não dá para compreender só como químico, pelo menos não no início. Ela pode ser um alívio para a pessoa que sofre de uma vida difícil. Isto mesmo no caso que a pessoa não quer falar disso ou não se dá conta. A droga é uma fuga da vida real. Uma fuga para uma vida fantástica. Pessoas que assistem a TV 5 horas por dia também fogem da realidade, só que a droga com o tempo cobra o seu preço: A dependência química, também chamada de vício ou adição. Quando a dependência se estabelece, ela diminui a liberdade da pessoa parar de consumir o que fica cada vez mais difícil. Ou seja, além dos problemas que a pessoa sente na vida e que a empurram para a droga, a própria droga a puxa para ela.

Infelizmente, em muitos casos não basta abdicar da droga sem mudar outras coisas na vida. Pois assim a recaída fica provável.

Você perguntou "o quê fazer"?

Apoie o seu neto na vida, se você puder. Não no consumo de maconha, evidentemente, pois um apoio no consumo de maconha só arriscaria dele aumentar o consumo dela e ficar mais dependente quimicamente. Por exemplo, não lhe dê dinheiro. Não o aceite em casa se ele já lhe roubou para comprar maconha. Fique decidid@ nesta atitude contra a droga. Não adianta ceder.

Mas não diabolize o seu neto nem o humilhe. Procure conversar com ele sobre o que ele acha da vida dele, como ele achou a infância dele, o quê faltou nela, como ele pretende fazer para se recuperar, para amar e ser amado. Nesta conversa, escute-o bem e com muita paciência. Ele tem razão no que ele diz, pois quem fala sempre tem a razão dele. Não adianta procurar fazer de conta de saber melhor. Com respeito à vida dele, é ele que sabe melhor. Verifique se ele não foi educado de maneira autoritária, ou seja dentro do modelo de pecado e punição. Este modelo hoje em dia não funciona mais como antigamente. Se ele foi educado assim, pode ter levado um dano importante na alma dele. Precisa mudar.

Recomendo procurar um Centro de Assistência Psicossocial (CAPS). Os CAPS fazem parte do Sistema publico de saúde. Infelizmente, não todos eles tem condições para atender tod@s @s interessad@s de maneira satisfatória.

Se ele quer ser internado de novo, procure uma instituição que pouco funciona com punições e que não impõe a religião.

Procure uma Comunidade Terapêutica que tenha profissionais psicólog@s ou voluntári@s suficientes para as pessoas internadas poderem falar frequentemente com el@s e não só com @s outr@s internad@s. Tais instituições são raríssimas, eu sei. E as bem equipadas custam dinheiro. Não posso recomendar nenhuma aqui, pois todas elas funcionam como empresas, com mais ou menos interesse comercial, mesmo as que se dizem com fins não-lucrativos ou religiosas.

Depois da desintoxicação, se tem condições financeiras, procure um@ psicoterapeuta ou um@ psicanalista para ele. A desintoxicação só não é suficiente.

O minimo que o seu neto pode fazer se faltam recursos é de frequentar um grupo dos Narcóticos Anônimos que se encontram em todos os bairros. É uma organização de ajuda mútua e não custa.

O fato dele ter sido internado uma vez e recaído não significa que uma nova desintoxicação não possa levar ao sucesso almejado. Tem gente que conseguiu ficar abstinente depois de meia dúzia de internações com recaídas depois de cada das primeiras cinco.

Lhes desejo boa sorte e uma cabeça fria para enfrentar este problema com carinho e determinação.