O transtorno bipolar tem cura? Respostas dos nossos especialistas

É claro que tem cura... basta que a pessoa queira sair deste estado e procure ajuda e se comprometa com a sua saúde.

Transtorno bipolar tem cura sim. Procure um Psicólogo e entre num processo psicoterapêutico.

Infelizmente, não. Como qualquer doença crônica, como diabetes, hipotireoidismo, hipertensão, não há cura e sim controle dos sintomas e sua manutenção ao longo da vida. Ou seja, controlados os sintomas, a pessoa volta ao seu grau de funcionamento anterior, desde que o tratamento seja feito precocemente, com o uso contínuo e regular de medicamentos adequados e por médico experiente no assunto.


O tratamento dos Transtornos Afetivos é multifatorial, crônico e de longa duração. Deve ser iniciado o quanto antes, por profissional experiente no assunto. Pelo caráter crônico da doença, o tratamento e ou controle devem ser contínuos (exatamente como acontece com quem tem problemas no coração, pressão alta ou diabetes, por exemplo). Na fase depressiva existem medicações estabilizadoras do humor com ação antidepressiva e com poucos efeitos colaterais. O carbonato de lítio, a lamotrigina, quetiapina, topiramato são alguns dos medicamentos usados.


Na depressão bipolar não são indicados os antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (fluoxetina, paroxetina, sertralina e outros) e nem os tricíclicos (tofranil, anafranil, nortriptilina, amitriptilina). Eles não devem ser usados, pela alta frequência de “virada maníaca”.
Na fase de mania o tratamento é feito com medicamento estabilizador do humor, ou com um neuroléptico atípico (eles também têm ação estabilizadora do humor e baixo índice de efeitos colaterais) ou com o carbonato de lítio. Usualmente, pode ser necessária a associação de vários medicamentos. Muito bom também, pois facilita a aderência ao tratamento, são as formas injetáveis de longa ação de certos antipsicóticos atípicos, aplicados uma vez ao mês, como é o caso da paliperidona injetável, e que por ser medicação de alto custo, é paga pelo plano de saúde e aplicada em hospital que o próprio convênio direciona o paciente para que lá seja aplicada a injeção, sem qualquer custo ao paciente.


Resumindo, o tratamento é multifatorial e contínuo:
- Psicofarmacoterapia.
- Psicoterapia individual = TCC = terapia cognitiva comportamental ou a terapia interpessoal.
- Grupos de Apoio a portadores e seus familiares. Os grupos são de cunho psicoeducativo e são fundamentais para o tratamento da abordagem psicossocial, adesão ao tratamento, entendimento dos sintomas precoces, manejo da doença, dos remédios, como lidar com o paciente, etc. Os grupos são gratuitos e existem em alguns estados do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro e outros.
- Terapia familiar
- casos mais graves, e que no momento estejam cursando com sintomas psicóticos ou auto/heteroagressividade e ou com risco de vida - tratamento em regime de internação domiciliar. De acordo com a gravidade do caso, optar pela internação em hospital.
Todos esses tratamentos visam reduzir a morbimortalidade, identificar precocemente os novos episódios, minimizar a deterioração funcional, promover atividade de rotina e de padrões de sono entre outras. As tentativas de suicídio ocorrem em 15% dos casos. O risco é maior chegando até 60% em alguns casos, nas fases de mania psicótica, ciclagem rápida, depressão bipolar severa, depressão pós-parto grave e outras.
- sempre se lembrar de perguntar sobre o uso de álcool e drogas porque em algumas condições, o próprio abuso de álcool/drogas pode ser um sintoma do transtorno bipolar.

É claro que tem cura... basta que a pessoa queira sair deste estado e procure ajuda e se comprometa com a sua saúde. Transtorno bipolar é um sintoma. Precisa ser esclarecido o que ele representa, qual a mensagem que traz.

Sim. Os pacientes que fazem uma boa psicoterapia e uso adequado de medicações acabam se beneficiando de um estado de estabilidade e ausência de crise. Na minha experiência pessoal, apenas a minoria conseguem manter essa conquista sem a ajuda de medicações estabilizadoras. Os demais, compondo resultado da psicoterapia e medicação.