Gostaria de entender melhor o que seria a "dificuldade de relacionamento interpessoal" e se o egocentrismo é comum nesta síndrome? Respostas dos nossos especialistas

Neste caso, o principal sintoma da dificuldade de relacionamento interpessoal é a dificuldade de se colocar no lugar do outro, de poder sentir o que o outro sente (por exemplo tristeza, alegria), de poder pensar o que o outro está pensando. Não se trata de egocentrismo, mas sim de uma dificuldade grande, mas que pode diminuir com o treino constante. Pergunte-se sempre: o que esta pessoa (que está conversando comigo) pode estar sentindo, pode estar pensando? Prestar atenção nesses aspectos também quando estiver assistindo algum filme: o que este (a) personagem está sentindo ou pensando quando fala tal coisa?

parece que estamos tendo a ver com um jogo de palavras. "Egocentrismo" é uma metáfora espacial. Ela quer dizer que a pessoa se vê a si mesma no centro. No centro de quê? Assim, De um espaço feito pelas relações com outras pessoas. Ou seja, quanto menos relacionamento, tanto mais egocentrismo. O significado popular de egocentrismo, como se a pessoa atuasse contra as outras em prol da sua própria vantagem, este significado não se aplica aqui. O nosso egocentrismo é apenas passivo. Agora, nos todos sabemos o que é relacionamento interpessoal, pois nos o praticamos o tempo todo. Ele implica a identificação com o outro, i.e. sentir o que o outro parece estar sentindo, e a projeção dos nossos próprios sentimentos no outro, assumindo que o outro sente o que nos estamos sentindo. A ausência do relacionamento interpessoal ou a sua debilidade quando ocorre é um fato óbvio. Ninguém tem problemas em identificar. O que pode levar a confusão é o fato de muitas pessoas evitarem relacionamento interpessoal voluntariamente ou habitualmente. Papos vazios, recusa de responder ao que o outro disse, responder ao lado, monólogos longos, etc. A nossa cultura que produz este comportamento que também se chama de "alienação" faz com que as pessoas autistas só se distinguem pela radicalidade da abstinência de relações humanas, não pelo princípio. E pela involuntariedade, é claro.