Médico psiquiatra forense, psicogeriatra, psicoterapeuta e psiquiatria da infância e adolescência titulado pela Associa&...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Alotriofagia?
A alotriofagia, também conhecida popularmente como síndrome de pica, picacismo ou picamalácia, é a ingestão de substâncias que não apresentam nenhum valor nutricional, de forma persistente e desassociada a qualquer prática cultural.
Na alotriofagia é comum observar o consumo de terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes de animais. Mas também podem ser itens inofensivos, como gelo. É um transtorno mais comum na infância (alotriofagia infantil), em crianças com entre um e seis anos, e durante a gestação.
Causas
A alotriofagia pode ter diversas causas. Veja algumas:
- Deficiências nutricionais como ferro (anemia) e zinco;
- Alterações hormonais;
- Presença de transtorno mental, como esquizofrenia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) ou depressão.
Sintomas
O único sintoma da alotriofagia é o consumo de itens não nutritivos. Os mais comuns são:
- Terra;
- Barro;
- Cabelo;
- Alimentos crus;
- Cinzas de cigarro;
- Palito de fósforo queimado;
- Papel;
- Borra de café;
- Plástico;
- Frutas verdes;
- Fezes de animais;
- Tinta;
- Cola;
- Sabão;
- Gelo.
Além disso, é possível surgir o desejo de misturas pouco convencionais ou habituais para a pessoa.
Diagnóstico
Para que uma pessoa esteja com transtorno de alotriofagia é preciso que ela repita o comportamento de comer itens sem teor nutritivo por um mês ou mais.Nos casos de alotriofagia é necessário o médico avaliar se o comportamento não se trata de um sintoma de outra condição, como, por exemplo, no caso da esquizofrenia, em que há casos em que a pessoa acaba comendo substâncias sem valor nutritivo pela incapacidade de diferenciar o certo do errado.
Fatores de risco
A síndrome da alotriofagia é mais comum em crianças de um a seis anos. Grávidas também podem apresentar, devido a uma anemia.Além disso, aproximadamente 30% das crianças com autismo sofrem de alotriofagia. O transtorno pode variar de moderado a grave e merece cuidados específicos.
Exames
O médico pode pedir exames de sangue para detectar se há deficiência de algum nutriente, como o ferro e o zinco, que podem ser possíveis causas da alotriofagia. É importante também observar se os itens ingeridos não estão provocando algum dano ao organismo, como intoxicações e infecções no aparelho digestivo, por exemplo. Sendo assim, é possível que haja a necessidade de algum exame específico.
Buscando ajuda médica
É importante buscar ajuda médica se perceber que uma criança, gestante ou adulto está ingerindo itens não nutritivos, como os citados acima, de maneira persistente. Além disso, caso você reconheça que tem alotriofagia, procurar um psiquiatra é o primeiro passo para se curar.
Tratamento
A maneira como tratar a picamalácia dependerá da sua causa e pode incluir:
- Mudanças na dieta;
- Suplementação de nutrientes (em casos de deficiência);
- Suporte psicológico, que é importante principalmente para as crianças que apresentam alotriofagia.
Além disso, pode ser necessário tratar as complicações que ocorrem com a alotriofagia, como intoxicações e infecções no aparelho digestivo, por exemplo. Ainda não há comprovação de que algum medicamento específico possa curar a alotriofagia.
Prevenção
Como a alotriofagia é uma condição multifatorial, não há apenas uma forma de prevenir. Em geral, na gravidez, ela pode ser evitada se houver o consumo apropriado de nutrientes.
Complicações possíveis
As principais complicações desta doença acontecem no sistema digestivo, podendo ocorrer intoxicações ou infecções.
No caso das gestantes, contudo, é importante que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível, uma vez que ele indica a ausência do consumo de nutrientes adequados. Isso porque problemas na alimentação da gestante podem causar o maior risco do bebê nascer com baixo peso, de parto prematuro ou de surgirem alterações cognitivas na criança.
Referências
Ana Carolina Schmidt, psicóloga (CRP 06/99198)
Associação Brasileira de Psiquiatria