Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP, em 1976. Na sequência, de 1977 a 1982, realizou Residência Médic...
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O que é astrocitoma?
A astrocitoma é um tipo de câncer no cérebro que se origina nas células astrocitárias, responsáveis por fornecer suporte aos neurônios cerebrais. A doença é considerada um tumor cerebral primário, uma vez que se manifesta no sistema nervoso em vez de se espalhar a partir de outros órgãos. Os sintomas do astrocitoma podem variar dependendo do tamanho, da localização e do grau do tumor. Os mais comuns incluem convulsão, dor de cabeça constante e problemas de visão.
Tipos
O astrocitoma é dividido em quatro graus diferentes. A identificação é feita por meio da análise anatomopatológica, que consiste na avaliação a olho nu e microscópica do tecido coletado — além da ressonância magnética. Quanto mais agressivo é o câncer, maior é o seu grau. Veja as diferenças entre cada um:
- Grau 1: considerado o mais próximo de um tumor benigno, o câncer no cérebro de grau 1 pode ser retirado com cirurgia sem maiores problemas. Dos tipos de astrocitoma grau 1, aquele que pode ser considerado curável sem a chance de reincidência é o astrocitoma pilocítico juvenil cerebelar. Esse tipo de astrocitoma grau 1 se desenvolve em jovens até os 15 ou 16 anos e afeta o cerebelo, área do cérebro localizada na região da nuca responsável pela coordenação do corpo
- Grau 2: o câncer no cérebro de grau 2 é menos benigno que o primeiro, mas ainda sim pode ser retirado apenas com cirurgia. Se o paciente possuir mais de 40 anos, é indicada a radioterapia após a cirurgia
- Grau 3: mais agressivo, o câncer no cérebro de grau 3 também é chamado de astrocitoma anaplásico, e pode ser retirado com cirurgia. No entanto, o câncer cerebral grau 3 precisa ser acompanhado com radioterapia e quimioterapia após o procedimento, que nem sempre retira o tumor completamente
- Grau 4: o tipo mais agressivo de tumor cerebral, conhecido também por glioblastoma multiforme. Em geral costuma aparecer após os 50 anos, mas a tendência observada pela medicina é que essa faixa etária está caindo. O câncer cerebral grau 4 pode ser retirado com cirurgia, mas pede necessariamente a radioterapia e a quimioterapia após o procedimento. O tumor grau 4 raramente é retirado completamente apenas com cirurgia
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Sintomas
Sintomas de câncer no cérebro
Os sintomas de câncer no cérebro dependem da área afetada pelo tumor. O paciente pode manifestar:
- Convulsão
- Dor de cabeça constante
- Alterações visuais e auditivas
- Agitação motora
- Fraqueza ou rigidez muscular
- Perda de sensibilidade em qualquer parte do corpo
- Falta de coordenação
- Dificuldade para falar ou compreender o que é dito
- Esquecimento das palavras
- Problemas com leitura e escrita
- Movimentos involuntários
- Hidrocefalia, para os casos de câncer no cérebro localizados na região do cerebelo.
A hidrocefalia acontece porque o tumor bloqueia a circulação do líquor — um líquido que circula pela medula espinhal e pelo cérebro, responsável por nutrir e retirar os resíduos do tecido nervoso. A obstrução causada pelo tumor faz com que o líquor se concentre na parte de trás da cabeça, gerando a hidrocefalia.
Diagnóstico
O diagnóstico de câncer no cérebro é feito por meio de uma ressonância magnética. Outros exames também podem ser necessários para identificar o grau do tumor e se ele veio de outro órgão, como:
- Tomografia computadorizada
- Raio X e tomografia de tórax
- Punção lombar
- Biópsia
Dependendo da área do cérebro afetada, a biópsia é mais difícil de ser feita ou então não é recomendada, sob o risco de afetar o sistema nervoso do paciente de forma irreversível. Nesses casos, o acompanhamento é feito apenas com ressonâncias magnéticas.
Buscando ajuda médica
Caso o paciente tenha convulsões, é extremamente recomendado procurar um médico — especialmente se apresentar outros sintomas, como visão turva, dificuldades motoras ou outro problema relacionado ao mau funcionamento do sistema nervoso.
Tratamento
O tratamento para câncer no cérebro engloba cirurgia para retirada do tumor, seguida de radioterapia e quimioterapia, dependendo da gravidade do câncer. Tumores de grau 1 e 2 nem sempre precisam de outros tratamentos além da cirurgia, como é o caso do astrocitoma pilocítico juvenil cerebelar. Contudo, alguns quadros também podem acompanhar a radioterapia se o especialista identificar a reincidência.
Para avaliar a necessidade de cirurgia, é preciso entender o risco ao qual o paciente está submetido. A cirurgia de risco pode deixar o paciente debilitado, com dependência para a realização de determinadas atividades, ainda que o tumor seja retirado. O primeiro fator de atenção para o risco cirúrgico é o local afetado pelo câncer.
Tumores em locais mais difíceis, como áreas centrais ou então do lado esquerdo do cérebro (que é responsável pelo movimento do lado direito do corpo e pela compreensão, com alto risco de demência), normalmente precisam de mais cautela, mesmo aqueles em graus baixos.
Tem cura?
O astrocitoma de grau 3 e 4 apresenta expectativa de vida em torno de quatro a cinco anos, com variações conforme a resposta do paciente ao tratamento. Nos graus 1 e 2, a expectativa é de dez a quinze anos, também com variações de acordo com o andamento do indivíduo.
No caso de astrocitoma pilocítico juvenil cerebelar, as expectativas são próximas às de um indivíduo sem a doença, desde que a cirurgia tenha retirado completamente o tumor.
Prevenção
Como os fatores de risco ainda não são conhecidos, não há procedimento para a prevenção do câncer no cérebro. O ideal é ficar atento ao histórico familiar e buscar um médico com menor sinal de suspeita.
Convivendo (Prognóstico)
Após a cirurgia e tratamento por meio de radioterapia e quimioterapia quando necessário, o paciente precisará fazer um acompanhamento médico, com ressonâncias magnéticas periódicas durante toda a vida. Mesmo no caso do astrocitoma pilocítico juvenil cerebelar, único caso considerado curável, o acompanhamento médico periódico deve ser feito.
O uso de corticoides ajuda a reduzir o inchaço no cérebro. Alguns pacientes sofrem convulsões como um efeito colateral do câncer, mesmo que não haja piora do quadro. Nesses casos, é preciso ministrar medicamentos anticonvulsivos por toda a vida. Dependendo da área do cérebro afetada, o paciente pode ter como sequela problemas de coordenação, fala, compreensão ou visão turva.
Complicações possíveis
A radioterapia e a quimioterapia não são processos que afetam somente as células cancerosas. A radiação emitida pela radioterapia é bem localizada na área do tumor, mas ainda possui uma margem de menos de um milímetro para além do câncer – podendo, portanto, afetar células saudáveis.
Na quimioterapia, o objetivo é matar as células do tumor, que são mais frágeis por serem células defeituosas. Entretanto, nesse processo você pode matar uma série de outras células, levando à queda da imunidade, vômitos, diarreia, queda de pelos e cabelos.
Lesões cerebrais em pacientes que fazem radioterapia e em todo o crânio podem causar demência em longo prazo. Caso apenas algumas células pontuais do cérebro sejam afetadas, pode apresentar problemas relacionados à parte do corpo comandada por aquela área do cérebro, como a fala, a visão e o movimento.
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Este tipo de câncer no cérebro também pode evoluir de grau com o passar do tempo. Caso o paciente esteja com o tumor controlado, fazendo ressonâncias periódicas, o sinal mais alarmante é a convulsão. Excepcionalmente alguns tumores cerebrais mais agressivos podem aparecer em outras partes do corpo, mas é extremamente raro.
Referências
Instituto Oncoguia
Instituto Nacional do Câncer (INCA)
Manual MSD