Formado pela Faculdade de Medicina da UFMG e especialista em oncologia clínica pela Faculdade de Ciências Médicas de Min...
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O que é Câncer de bexiga?
O câncer de bexiga é um tipo de câncer que começa nas células que revestem a bexiga. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, a estimativa é de quase dez mil novos casos da doença apareçam todos os anos, sendo a maioria apresentada por homens.
Causas
As causas do câncer na bexiga nem sempre são claras para os médicos. A doença, no entanto, tem sido associada ao tabagismo, a infecções parasitárias, radiação e exposição a substâncias químicas.
Saiba mais: Tabagismo e câncer de bexiga
O câncer na bexiga acontece quando as células da bexiga começam a crescer de forma anormal, ao invés de crescerem e se dividirem de uma forma ordenada, como deveria acontecer naturalmente. Estas células anormais formam o tumor da bexiga.
Tipos
Há três tipos de câncer de bexiga. Essa classificação está de acordo com as células do órgão que sofrem a alteração e que levam ao câncer:
- Carcinoma de células de transição: representa a maioria dos casos e começa nas células mais internas da bexiga
- Carcinoma de células escamosas: afeta as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de uma infecção prolongada
- Adenocarcinoma: inicia-se nas células glandulares (de secreção) que podem se formar na bexiga depois de uma inflamação
Sintomas
Os principais sinais e sintomas de câncer de bexiga podem incluir:
- Sangue na urina (hematúria)
- Incontinência urinária
- Dor ao urinar
- Dor nas costas
- Dor pélvica
- Fadiga
- Perda de peso
Diagnóstico
O diagnóstico para câncer de bexiga se inicia com um exame físico feito por especialistas no próprio consultório. Depois, serão feitas uma série de perguntas que possam ajudar a identificar a causa dos sintomas apresentados. Em seguida, será solicitada a realização de alguns exames, que podem incluir:
- Tomografia computadorizada abdominal
- Biópsia da bexiga (normalmente realizada durante uma cistoscopia)
- Cistoscopia (exame da parte interior da bexiga com uma câmera)
- Tomografia pélvica
- Exame de urina
- Citologia urinária
Se os exames confirmarem que você tem câncer de bexiga, serão realizados testes adicionais para verificar se o câncer se espalhou para outros órgãos, como:
Invasão locoregional:
- Próstata
- Reto
- Ureteres
- Útero
- Vagina
Metástases à distância:
- Ossos
- Fígado
- Pulmões
Estágios
O sistema de estágios do tumor, linfonodo e metástase categoriza o câncer de bexiga usando a seguinte escala:
- Estágio 0 e TIS: tumores não invasivos localizados somente no revestimento da bexiga
- Estágio 1: o tumor atravessa o revestimento da bexiga, mas não atinge a camada muscular da bexiga
- Estágio 2: o tumor atinge a camada muscular da bexiga
- Estágio 3: o tumor ultrapassa a camada muscular da bexiga atingindo os tecidos ao redor da bexiga
- Estágio 4: o tumor se espalha para os linfonodos vizinhos ou para lugares distantes (metástase)
Fatores de risco
Fatores que podem aumentar o risco de câncer de bexiga incluem:
Fumar
Fumar produtos derivados do tabaco e que contenham altos níveis de nicotina podem aumentar o risco de câncer de bexiga. Ao fumar, o corpo processa as substâncias tóxicas presentes nesses produtos e excreta algumas delas pela urina. O acúmulo dessas substâncias nocivas pode danificar e prejudicar o revestimento da bexiga, aumentando, assim, o risco de a pessoa desenvolver câncer na região.
Idade avançada
O risco de câncer de bexiga aumenta conforme a pessoa envelhece. Apesar de a doença poder acontecer em qualquer idade, ela é mais comum em pessoas acima dos 40 anos.
Etnia
Pessoas caucasianas apresentam maior risco de câncer de bexiga do que pessoas de outras etnias.
Sexo biológico
Pessoas que nasceram no sexo masculino são mais propensas do que aquelas que nasceram no sexo feminino.
Exposição a determinados produtos químicos
Seus rins desempenham papel fundamental na filtragem de substâncias químicas nocivas, passando-as da corrente sanguínea para a bexiga. Devido a isso, acredita-se que ser exposto a certas substâncias químicas pode aumentar o risco de câncer de bexiga. Produtos químicos ligados ao maior risco de desenvolver a doença incluem arsênico e produtos químicos utilizados na fabricação de tintas, borracha, couro, têxteis e produtos de pintura.
Tratamento de câncer anterior
O tratamento para outros tipos de câncer, principalmente quando este é feito à base de medicamentos e radioterapia, aumenta o risco de câncer de bexiga.
Inflamação crônica da bexiga
Infecções crônicas no trato urinário e especialmente na bexiga, bem como inflamações (a exemplo da cistite), podem aumentar o risco de câncer de bexiga de células escamosas.
Histórico pessoal ou familiar de câncer
Se você já teve câncer de bexiga, há chances de ele reaparecer se você não receber o devido acompanhamento. Se você nunca teve câncer de bexiga, mas um ou mais de seus parentes têm histórico de câncer de bexiga, você também tem risco aumentado de desenvolver a doença.
Tratamento
O tratamento para câncer de bexiga depende do estágio da doença, da gravidade dos sintomas e da saúde geral do paciente.
Para os estágios 0 e 1, o tratamento inclui:
- Cirurgia para remover o tumor sem remover o resto da bexiga
- Quimioterapia ou imunoterapia diretamente na bexiga.
Tratamentos para os estágios 2 e 3 podem ser feitos com:
- Cirurgia para remover a bexiga inteira (cistectomia radical)
- Cirurgia para remover somente parte da bexiga, seguida de radioterapia e quimioterapia
- Quimioterapia para diminuir o tumor antes da cirurgia
- Combinação de quimioterapia e radiação (em pacientes que optam por não ser operados ou que não podem ser operados)
- A maioria dos pacientes com tumores de estágio IV não pode ser curada e a cirurgia não é adequada. Para esses pacientes, a quimioterapia é quase sempre uma escolha.
Quimioterapia
A quimioterapia pode ser aplicada a pacientes com estágio 2 e 3 da doença, tanto antes quanto depois da cirurgia, para prevenir a reincidência do tumor.
Para os primeiros estágios da doença (0 e 1), a quimioterapia normalmente é aplicada diretamente na bexiga.
Uma sonda é utilizada para levar o medicamento até a bexiga. Os efeitos colaterais comuns incluem irritação da parede da bexiga e dor ao urinar.
Para os estágios mais avançados (2 a 4), a quimioterapia é normalmente intravenosa.
Imunoterapia
O câncer de bexiga também é frequentemente tratado com imunoterapia. Neste tratamento, um medicamento faz com que o próprio sistema imunológico ataque e mate as células cancerosas. Geralmente, a imunoterapia para o câncer de bexiga é realizada usando a vacina BCG. Ela é levada ao interior da bexiga por meio de um cateter de Foley. Se a BCG não funcionar, os pacientes poderão receber outros tipos de medicamentos, de acordo com orientações médicas.
Como em todos os tratamentos, é possível que ocorram efeitos colaterais decorrentes do tratamento com imunoterapia. Informe-se sobre os efeitos colaterais esperados e o que fazer caso eles ocorram.
Cirurgia
A cirurgia de câncer de bexiga inclui:
- Ressecção transuretral da bexiga (RTUP), no qual o tecido canceroso da bexiga é removido pela uretra
- Remoção parcial ou completa da bexiga, em que muitas pessoas com câncer de bexiga de estágio 2 ou 3 podem precisar extirpar a bexiga (cistectomia radical). Às vezes, apenas uma parte da bexiga é removida. Geralmente são aplicadas radiação e quimioterapia após essa cirurgia.
Acompanhamento
Após o início tratamento para câncer de bexiga, o paciente é rigorosamente monitorado por um médico. Para isso, ele talvez tenha de realizar periodicamente:
- Cintilografia óssea e tomografias computadorizadas para verificar a propagação ou o retorno do câncer
- Monitoramento dos sintomas que sugerem a progressão da doença, como fadiga, perda de peso, aumento da dor, redução do funcionamento da bexiga ou dos intestinos e fraqueza
- Hemograma completo para monitorar a anemia
- Exames de bexiga de 3 a 6 meses após o tratamento
- Exames de urina.
O prognóstico do paciente com câncer de bexiga depende do estágio inicial e da resposta ao tratamento do câncer.
Tem cura?
O câncer de bexiga tem cura, mas seu resultado vai depender do estágio da doença. Para pacientes nos estágios 0 e 1, os resultados são razoavelmente bons. Embora o risco de reincidência seja alto, a maior parte dos casos de câncer de bexiga que ressurge pode ser removido cirurgicamente.
As taxas de cura para pessoas com tumor de estágio 2 e 3 são abaixo de 50%. Os pacientes com câncer de bexiga de estágio 4 raramente são curados.
Prevenção
Embora não haja nenhuma maneira garantida de prevenir o câncer de bexiga, você pode tomar medidas para ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença. Por exemplo:
Não fume
Não fumar significa que substâncias cancerígenas na fumaça não serão armazenadas em sua bexiga, o que evita o desgaste de seu revestimento interno e ajuda a prevenir o câncer.
Tome cuidado com produtos químicos
Se você trabalha com produtos químicos, siga todas as instruções de segurança para evitar a exposição.
Beba água durante todo o dia
Beber líquidos, especialmente água, pode diluir as substâncias tóxicas que possam ser concentrados em sua urina e expulsá-los de sua bexiga de forma mais rápida. Estudos foram inconclusivos quanto ao fato de que beber água potável seja uma forma de prevenção de câncer de bexiga.
Complicações possíveis
A maior complicação decorrente de câncer de bexiga consiste no tumor se espalhar para outros órgãos. Além disso, ele também pode viajar pelos linfonodos pélvicos e se espalhar para o fígado, os pulmões e os ossos. As complicações adicionais do câncer de bexiga são:
- Anemia
- Inchaço dos ureteres (hidronefrose)
- Estenose uretral
- Incontinência urinária.
Referências
Instituto Nacional do Câncer