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O que é Câncer na vagina?
O câncer na vagina é um tipo de tumor raro que acomete as células de revestimento interno da vagina. Ele é mais comum em mulheres a partir de 60 anos e pode causar dor na relação sexual, ardência para urinar e micção frequente.
Quando diagnosticado em fase inicial, as chances de um tratamento bem-sucedido e de cura são maiores. Por isso, consultar um ginecologista regularmente é fundamental para que sejam realizados exames que avaliam a saúde da mulher.
Causas
As causas do câncer de vagina ainda não são totalmente esclarecidas, mas podem estar relacionadas a alguns fatores de risco, como:
- Infecção prévia por vírus HIV, que pode diminuir a capacidade do sistema imunológico de combater células cancerígenas
- Infecção por HPV
- Diagnóstico de neoplasia vaginal intraepitelial
- Uso de dietilestilbestrol, um tipo de estrógeno, durante a gravidez por parte da mãe da paciente
- Tabagismo
“A neoplasia intraepitelial é uma lesão pré-cancerosa, causada também pelo HPV. As células da camada mais superficial da vagina ficam anormais e, se não tratada inicialmente, pode levar ao desenvolvimento de câncer de vagina”, explica o patologista Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia.
Em relação ao dietilestilbestrol, o médico esclarece que esse era um estrógeno utilizado com frequência em mulheres grávidas até a década de 1970, sob a ideia de que ele poderia reduzir o risco de complicações na gestação.
“Só que, posteriormente, estudos demonstraram que esse componente poderia causar câncer de vagina, inclusive nas filhas de mulheres que usaram essa droga”, afirma o especialista.
Sintomas
Os principais sintomas de câncer na vagina incluem:
- Corrimento vaginal anormal (com odor forte ou cor diferente do comum)
- Inchaço na região genital
- Dor na região íntima
- Dor na relação sexual
- Ardência ao urinar
- Vontade frequente de urinar
- Sangramento fora do período menstrual
- Surgimento de feridas no revestimento da vagina
No entanto, é importante ressaltar que os sintomas de câncer vaginal podem ser confundidos com os de outras doenças que afetam a região íntima, como infecção urinária, candidíase, endometriose e, até mesmo, outros tipos de cânceres ginecológicos, como de colo de útero e de vulva.
“É muito importante fazer uma avaliação uma vez por ano em consulta com um ginecologista. Esse é o grande segredo para o diagnóstico correto e em fase inicial”, enfatiza Clóvis.
Diagnóstico
O diagnóstico de câncer vaginal pode ser feito através do exame ginecológico, que avalia o tamanho, a forma e a posição do útero e dos ovários. “Muitas vezes, o ginecologista pode olhar, até mesmo a olho nu, alguma alteração em exames preventivos e de rotina”, explica o patologista.
Também pode ser realizado o papanicolau para identificar possíveis células anormais na vagina e no colo do útero através do microscópio. A colposcopia, um exame que avalia a vulva, também pode identificar células anormais. Após notar alguma alteração sugestiva para câncer, é feita uma biópsia do local alterado.
Outros exames que podem ser solicitados são os de imagem, como raio X, tomografia, ressonância magnética ou PET-CT. Eles ajudam a verificar se o tumor se espalhou para outras regiões do corpo.
Estadiamento do câncer de vagina
Após a confirmação do diagnóstico, que é feito pelo médico patologista, é determinado o grau de disseminação do tumor, ou seja, seu estágio. São eles:
- Estágio I: câncer em fase inicial, ainda localizado apenas da região da vagina
- Estágio II: o câncer se espalhou para tecidos adjacentes da parede da vagina, mas ainda está dentro da pelve
- Estágio III: o câncer se disseminou por toda a pelve e atingiu linfonodos adjacentes
- Estágio IV: o câncer se espalhou para outros órgãos próximos à pelve, como bexiga ou reto
Tratamento
O tratamento para câncer na vagina pode variar de acordo com o estágio da doença. Nas fases iniciais, a cirurgia para remoção da vagina (vaginectomia), útero e linfonodos atingidos pode ser necessária e suficiente. Em alguns casos, é preciso acompanhar o tratamento com radioterapia.
Em casos mais avançados, também pode ser indicada a quimioterapia (combinada ou não de radioterapia), que pode ser feita de maneira oral ou diretamente na veia. Esse tratamento ajuda a destruir as células cancerígenas localizadas na vagina ou que já se espalharam.
Tem cura?
O câncer de vagina tem mais chances de cura quando é diagnosticado precocemente, em fase inicial. Conforme o tumor avança de estágio, o prognóstico pode piorar e as chances de cura diminuem.
“Em estágio inicial, a taxa de sobrevida é de cerca de 84% em cinco anos. Quando já está em um estágio avançado, essa taxa cai para 50%”, afirma Clóvis. “Isso reforça a importância de consultar um ginecologista regularmente para aumentar as chances de um diagnóstico precoce”, completa.
Prevenção
A prevenção do câncer na vagina pode ser feito através da prática de sexo seguro, com o uso de preservativos, e da vacinação contra o HPV. Evitar o tabagismo também é fundamental para prevenir esse e outros tipos de câncer.