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O que é Câncer de vulva?
O câncer de vulva é um tumor que se desenvolve na parte mais externa do órgão genital feminino, podendo acometer os lábios, o clitóris e todo o tecido que circunda a abertura vaginal. Ele pode se manifestar através de um nódulo ou lesão na região íntima que não cicatriza.
Esse é um tipo raro de câncer, representando apenas 5% dos cânceres ginecológicos. Quando diagnosticado em fase inicial, tem maior chance de sucesso no tratamento e de cura. Porém, seus sintomas iniciais podem ser confundidos com outras condições que acometem a saúde íntima da mulher.
Por isso, é importante entender mais sobre o câncer de vulva, seus sintomas, causas e fatores de risco, assim como os possíveis tratamentos. Confira a seguir!
Causas
O tumor de vulva, normalmente, se desenvolve lentamente ao longo dos anos e não se conhece, exatamente, o que causa seu surgimento. No entanto, existem alguns fatores de risco que estão associados ao câncer na região. São eles:
- Idade: é mais comum em mulheres entre 50 e 70 anos
- Infecção por HPV: a infecção por papilomavírus humanos, que também é causador do câncer de colo de útero, é um dos fatores de risco para câncer de vulva
- Infecção por HIV: o vírus diminui a capacidade do sistema imunológico de combater o câncer em seu estágio inicial
- Neoplasia intraepitelial vulvar: essa é uma lesão pré-cancerosa causada pelo HPV que, quando não tratada, pode evoluir para o câncer
- Melanoma em outras partes do corpo: o histórico, familiar ou pessoal, de melanoma também é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de vulva
- Câncer de colo de útero: esse tipo de tumor está relacionado, também, ao surgimento de tumor na vulva
- Tabagismo: assim como acontece em outros tipos de câncer, o ato de fumar aumenta o risco para o desenvolvimento de câncer de vulva
“Quando há uma lesão epitelial vulvar, causada pelo HPV, as células na região mais superficial da vulva ficam anormais e se isso é tratado em fase inicial, é um tratamento simples e tranquilo. Por isso, é importante que a mulher procure um ginecologista sempre que notar qualquer alteração na região íntima”, afirma Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia.
Tipos
Existem diferentes tipos de câncer de vulva, classificados de acordo com a região em que o tumor é desenvolvido. Os principais são:
- Carcinoma de células escamosas: representa 90% dos casos de câncer de vulva e se desenvolve nas células da camada mais externa da pele
- Melanoma vulvar: é um tipo raro, que representa 5% dos casos, e que se desenvolve nas células produtoras de pigmento da pele (melanócitos)
- Carcinoma basocelular: é um tipo de câncer que raramente se dissemina
- Adenocarcinomas: se desenvolvem a partir de células de glândulas, como a glândula sudorípara e as glândulas de Bartholin
Sintomas
Sintomas de câncer vulvar
Os principais sintomas de câncer vulvar também podem estar relacionados a outras condições que afetam a saúde íntima. Por isso, ao notá-los, é fundamental buscar ajuda médica para investigar o que está causando essas manifestações e se é, de fato, um tumor. Os sinais incluem:
- Presença de lesões vermelhas ou esbranquiçadas na região externa da vagina (vulva)
- Presença de nódulo na região
- Coceira, dor ou ardência vaginal
- Sangramento fora do período menstrual
- Surgimento de verrugas ou espessamento da pele da genitália
Diagnóstico
Ao notar os sintomas, é importante buscar ajuda médica para iniciar uma investigação e entender se a causa é o tumor na vulva. “O ginecologista é a pessoa indicada para fazer um exame físico na paciente e, se necessário, fazer biópsia, que é a remoção desse fragmento da área suspeita”, explica Clóvis.
O material retirado pela biópsia é, então, enviado para um laboratório de patologia, que fará a análise e concluirá o diagnóstico. “É o médico patologista o responsável pelo diagnóstico de câncer e é quem vai dizer se tem ligação com a neoplasia epitelial vulvar ou infecção por HPV, por exemplo”, completa o médico.
Estadiamento do câncer de vulva
A partir do diagnóstico, é feito o estadiamento do câncer de vulva, com base na localização, seu tamanho e se houve disseminação ou não. Os estágios são:
- Estágio I: fase inicial, tumor presente apenas na região da vulva
- Estágio II: tumor disseminado aos tecidos adjacentes, como a parte inferior da uretra ou ânus
- Estágio III: tumor se disseminado para a parte superior das estruturas adjacentes e atinge os linfonodos
- Estágio IV: câncer disseminado para locais distantes da vulva, como vagina, colo do útero e, até mesmo, bexiga
Tratamento
O tratamento do câncer de vulva é feito cirurgicamente, com a remoção de toda ou da parte afetada da vulva. Em alguns casos, também pode ser feita a remoção cirúrgica dos linfonodos adjacentes.
“O grande segredo para o sucesso do tratamento é fazer o diagnóstico em fase inicial. Quando isso acontece, a cirurgia é muito mais conservadora, não é invasiva e é feita uma retirada econômica da lesão”, explica Clóvis. “Quando o câncer já está mais avançado, a cirurgia é maior, muitas vezes, é retirada uma boa parte da vulva e dos gânglios linfáticos da virilha”, completa.
Em cânceres mais avançados, também pode ser necessária a continuidade do tratamento com quimioterapia ou radioterapia.
Tem cura?
O câncer de vulva tem maior chance de cura quando é diagnosticado precocemente, ou seja, nos estágios iniciais. A taxa de sobrevida varia de acordo com o estágio do tumor e o grau de disseminação. Em geral, essa taxa em cinco anos é de, aproximadamente, 70%.
Prevenção
A prevenção do câncer vulvar é feito evitando alguns fatores de risco modificáveis, como o tabagismo. Além disso, é importante se prevenir contra infecções sexualmente transmissíveis, praticando sexo com o uso de preservativos e se vacinando contra o HPV.
Referências
A.C. Camargo
Biblioteca Virtual em Saúde - Atenção Primária em Saúde