Médico formado pela Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina), ainda durante o curso iniciou ativi...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Cardiomiopatia?
Doenças do miocárdio, as cardiomiopatias (ou miocardiopatias) atingem esse músculo cardíaco causando alterações em que ele se apresenta aumentado e/ou inflamado e com enfraquecimento. A cardiomiopatia, assim, altera a anatomia e a função cardíaca, e não é ligada estritamente a outras doenças cardíacas, como hipertensão arterial ou doença da artéria coronária.
Quem é afetado por uma cardiomiopatia pode não sofrer de maneira grave com sintomas, apesar de o cansaço ser um dos mais aparentes. Pacientes que têm insuficiência cardíaca em nível de alta complexidade correm o risco de precisarem de um transplante de coração.
São três os principais tipos de cardiomiopatia: hipertrófica, dilatada e restritiva.
Causas
Cada tipo de cardiomiopatia tem causas específicas. Elas podem ser hereditárias ou adquiridas, sendo provocadas por:
- Infecções virais
- Pressão arterial alta por tempo prolongado
- Aumento crônico da frequência cardíaca
- Problemas nas válvulas cardíacas, como insuficiência ou estenose
- Danos nos tecidos do coração causados por um infarto anterior
- Distúrbios metabólicos (como obesidade, distúrbios da tireoide ou diabetes)
- Deficiências nutricionais de vitaminas ou minerais essenciais
- Beber muito álcool ao longo de muitos anos
- Uso de cocaína, anfetaminas ou esteroides anabolizantes
- Utilização de algumas drogas quimioterápicas para tratar câncer
- Hemocromatose
- Condições genéticas
Tipos
São três as principais cardiomiopatias, além da arritmogênica do ventrículo direito, um tipo raro da condição, da cardiomiopatia alcoólica e da cardiomiopatia por estresse (ou de takotsubo).
Cardiomiopatia hipertrófica: é o tipo mais comum, com predominância de origem hereditária ou mutação genética espontânea. Quando ela ocorre, as células musculares do coração se ampliam e deixam as paredes do órgão mais grossas e rígidas. O coração bombeia menos sangue, já que o espessamento pode bloquear o fluxo de sangue para fora do ventrículo. Quem tem esse tipo pode ter uma vida sem complicações, e fazer exercícios físicos, por exemplo, desde que siga com o acompanhamento médico regular.
Cardiomiopatia restritiva: nesse caso, há rigidez nas paredes do coração. É como se um tecido fibroso anormal, tal como o tecido de uma cicatriz, substituísse o músculo cardíaco normal. Como resultado, o coração é incapaz de bombear sangue adequadamente.
Cardiomiopatia dilatada: a condição faz com que o miocárdio esteja excessivamente dilatado, e isso difere o funcionamento saudável do organismo. As fibras musculares se esticam ao máximo, o que torna mais difícil o movimento de se encurtar e enviar o sangue para fora.
Cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito: um tipo raro de cardiomiopatia que ocorre quando o tecido muscular em uma parte do coração é substituído por tecido cicatrizado. Este processo perturba os sinais elétricos do coração e causa arritmia.
Sintomas
Nos estágios iniciais, as pessoas com cardiomiopatia podem não apresentar sintomas. Conforme a condição avança, são verificáveis sinais como:
- Cansaço
- Tosse
- Fadiga
- Arritmia cardíaca
- Tonturas, vertigens e desmaios
- Falta de ar durante esforço ou mesmo em repouso
- Inchaço das pernas, tornozelos e pés
- Inchaço do abdômen devido ao acúmulo de líquido
Marque uma consulta médica se houver alguns dos sinais de cardiomiopatia, o que também inclui dificuldade grave para respirar, desmaios ou dor no peito que dura mais do que alguns minutos.
Saiba mais: Miocardiopatia dilatada: cansaço excessivo é principal sintoma
Diagnóstico
A percepção dos sintomas é um fator importante para contribuir no diagnóstico de cardiomiopatia. A partir daí, o médico pode pedir exames mais específicos que detectam a doença, que podem incluir:
- Ecocardiograma
- Radiografia de tórax
- Eletrocardiograma
- Cateterismo cardíaco e biópsia
- Ressonância magnética
- Exames de sangue
Saiba mais: 11 atitudes que facilitam a consulta médica
Tratamento
O tratamento da cardiomiopatia dependerá das causas da doença. Pode ser controlada com medicamentos e tratamentos que aliviam os sintomas, bem como mudanças de estilo de vida simples.
Os medicamentos para cardiomiopatia podem ter diferentes efeitos:
- Medicamentos anti-hipertensivos inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA). Eles bloqueiam os efeitos dos hormônios que afetam a pressão arterial para dilatar os vasos sanguíneos. Isso ajuda a reduzir a carga de trabalho do coração
- Pílulas diuréticas ajudam a remover o excesso de fluidos do corpo
- Betabloqueadores atuam no sistema nervoso de forma a reduzir a frequência cardíaca e a pressão arterial
- Digoxina facilita o coração bombear com mais eficiência e a regular um ritmo cardíaco que esteja anormal
- Dependendo do tipo de cardiomiopatia, pode ser utilizado um dispositivo implantável (desfibrilador cardíaco implantável) para corrigir falhas no ritmo cardíaco de maneira automática ou, em alguns casos, ser indicado um transplante de coração
Saiba mais: Dieta cardioprotetora ensina a comer bem e proteger o coração
Prevenção
É difícil prevenir uma cardiomiopatia, já que as causas podem ser variadas e, por vezes, a condição se mantém silenciosa e sem efeitos visíveis na vida de quem tem a condição. Recomenda-se uma rotina de hábitos equilibrados, evitando o abuso de álcool ou drogas, e mantendo uma dieta regular e exercícios físicos.
Convivendo (Prognóstico)
Uma pessoa com cardiomiopatia pode ter diferentes abordagens de vida, a depender de como convive com a doença. A atenção à saúde, neste sentido, passa por algumas mudanças de estilo de vida:
- Parar de fumar
- Manter o peso saudável
- Reduzir o consumo de sal
- Praticar exercícios
- Eliminar ou minimizar a quantidade de álcool
Complicações possíveis
A cardiomiopatia pode levar a outras doenças cardíacas, incluindo:
- Insuficiência cardíaca
- Formação de coágulos sanguíneos, que podem causar embolia pulmonar
- Problemas com as válvulas cardíacas
- Parada cardíaca e morte súbita
Referências
Mayo Clinic
Heart.org. Disponível em https://www.heart.org/en/health-topics/cardiomyopathy/what-is-cardiomyopathy-in-adults