Hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, unidade Goiânia, e do Órion Complex. Doutorado e Pós-doutorado em...
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O que é Cirrose?
A cirrose é uma doença hepática decorrente de processos inflamatórios persistentes e de agressões crônicas ao fígado que levam à formação progressiva de um tecido de cicatriz no órgão — chamado de fibrose. Com a destruição das células, o desempenho do fígado é comprometido e ele deixa de realizar tarefas essenciais, como processamento de nutrientes e de medicamentos, armazenamento de glicose e de vitaminas e produção da bile, que atua na digestão.
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Causas
A cirrose pode ser causada por diversos fatores. Normalmente, a doença está associada a:
- Hepatite B: é uma doença infecciosa e sexualmente transmissível que provoca a inflamação do fígado e causa lesões no órgão. Se persistente, a infecção pode resultar em um quadro de cirrose hepática
- Hepatite C: é uma doença viral provocada pelo vírus VHC, que provoca a inflamação do fígado e prejudica seu funcionamento. Além da cirrose, o problema também pode originar um quadro de câncer no fígado
- Hepatite autoimune: é uma doença rara caracterizada pela inflamação do fígado, provocada pelo sistema imunológico do próprio indivíduo, que causa uma destruição progressiva do órgão
- Esteatose hepática (gordura no fígado): é um distúrbio que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no interior das células do fígado. Se constante e por tempo prolongado, o problema pode provocar uma inflamação capaz de evoluir para quadros graves de cirrose e até de câncer
- Consumo excessivo de álcool: cerca de 90% a 95% do álcool ingerido é metabolizado pelo fígado, o que o torna vulnerável aos danos causados pela substância. Em excesso, a bebida provoca lesões que podem evoluir para cicatrizes — originando um quadro de cirrose. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 35% dos pacientes com diagnóstico de alcoolismo desenvolvem o problema
Sintomas
Sintomas de cirrose
A cirrose não apresenta sintomas em sua fase inicial, que pode durar vários anos. Por isso, é importante investigar a possibilidade de cirrose em indivíduos que têm fatores de risco, mesmo que a pessoa esteja se sentindo bem.
Desse modo, a doença evolui de forma silenciosa, provocando agressões no fígado e podendo evoluir para estados avançados e de difícil tratamento. Quando os sintomas se manifestam, estamos diante de um quadro grave de cirrose.
Apesar disso, embora seja raro, é possível que o paciente apresente alguns sintomas menos agressivos que podem ser confundidos com outros problemas. Entre eles:
- Mal-estar;
- Alterações no fluxo da menstruação;
- Queda de pelos;
- Fraqueza.
Na fase mais crítica da doença, a cirrose pode apresentar os seguintes sintomas:
- Icterícia;
- Insuficiência hepática avançada;
- Encefalopatia;
- Alterações na pressão arterial;
- Inchaço abdominal.
Diagnóstico
O diagnóstico de cirrose pode ser feito a partir de diversos métodos. Os mais utilizados incluem a elastografia hepática, que é um exame não invasivo semelhante a uma ultrassonografia e que consegue estimar o grau de fibrose no fígado; uma biópsia do órgão e a combinação de dados clínicos, laboratoriais, de imagem e endoscópicos, que podem revelar achados evidentes de cirrose — em especial nas fases avançadas.
Fatores de risco
Os fatores de risco para a cirrose são:
- Hepatites virais
- Consumo em excesso de álcool e alcoolismo
- Obesidade;
- Diabetes;
- Triglicérides alto
- Sedentarismo
- Dieta inadequada
- Colesterol alto
- Administração de medicamentos como corticoides, estrógeno, amiodarona, antirretrovirais, diltiazem e tamoxifeno
- Oscilação de peso, que favorece o acúmulo de gordura no fígado
Tratamento
O tratamento para cirrose consiste em tratar a causa subjacente da doença, que pode variar de acordo com a gravidade do problema. Este tratamento inclui:
- Abandonar o consumo de álcool
- Realizar atividades físicas
- Adotar hábitos saudáveis de alimentação, evitando o excesso de sal, frituras e carne vermelha
- Administrar medicamentos que reduzem a pressão na veia do fígado e, por consequência, reduzem o risco de aparecimento de complicações da cirrose
- Tratar as complicações já estabelecidas, como a ascite, hemorragia digestiva e a encefalopatia hepática
Tem cura?
Cirrose tem cura?
A cirrose não tem cura devido às lesões irreversíveis no fígado causadas pela doença. Para um prognóstico favorável, é essencial que o diagnóstico seja realizado nos estágios iniciais da cirrose, antes de o paciente apresentar os sintomas.
A doença apresenta chance de cura a partir do momento que é feito o transplante de fígado, que é o último recurso utilizado nos estágios mais avançados da cirrose — em que o fígado deixa completamente de funcionar. Nesses casos, o fígado doente é substituído por um fígado sadio, retirado de um doador compatível.
Prevenção
É possível prevenir a cirrose prevenindo e/ou tratando de forma precoce as doenças crônicas do fígado. Isto inclui:
- A vacinação de toda a população contra a hepatite B
- Rastrear as pessoas com fatores de risco para hepatites virais e tratar aquelas infectadas
- Conscientizar a população sobre os riscos do consumo excessivo de bebidas alcoólicas
- Incentivar a prática de atividade física e uma alimentação saudável
- Perda de peso para quem tem sobrepeso ou obesidade
- Tratar doenças como diabetes, colesterol alto e pressão alta
Referências
Ministério da Saúde
Manual MSD