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O que é Cistite intersticial?
Cistite intersticial é uma doença crônica que é caracterizada por dor na bexiga e pelve que vão desde um desconforto até uma dor severa. Apesar dela trazer graves incômodos e interferir na qualidade de vida, ela não está relacionada a problemas ou consequências graves para a saúde.
A bexiga se expande até que esteja cheia, que é quando os nervos da pelve enviam sinais para o cérebro que é hora de urinar. Isso cria uma urgência para a maioria das pessoas, mas quando ela tem cistite intersticial esses sinais ficam confusos. A pessoa sente necessidade de urinar com mais frequência, mas a bexiga não está cheia.
A cistite intersticial é mais comum em mulheres e pode interferir diretamente na qualidade de vida. Apesar de não existir um tratamento que realmente elimine a doença, medicamentos e outras terapias podem oferecer o alívio dos sintomas ao paciente.
Causas
Ainda não se sabe a exata causa da cistite intersticial. O que se sabe é que pessoas com a doença têm um problema no revestimento protetor da bexiga (epitélio), que pode permitir que as substâncias tóxicas da urina irritem o local. Ainda há a hipótese que os seguintes fatores possam contribuir com o aparecimento da cistite intersticial:
- Doença autoimune
- Hereditariedade
- Infecções
- Alergias
Sinônimos
Síndrome da bexiga dolorosa.
Sintomas
Os sinais e sintomas de cistite intersticial variam para cada pessoa e também mudam ao longo do tempo. Dentre os sintomas estão:
- Dor na pélvis
- Dor entre a vagina e o ânus em mulheres e, em homens, entre a bolsa escrotal e o ânus
- Dor crônica na pelve
- Micção frequente, frequentemente com pouca quantidade de urina, durante o dia e a noite
- Dor ou desconforto conforme a bexiga se enche ou esvazia durante a micção
- Uma necessidade persistente e urgente de urinar
- Dor durante a atividade sexual.
A intensidade dos sintomas causados pela cistite intersticial variam muito, fazendo com que as pessoas com a doença passem por períodos em que eles são bem fortes e outros em que desapareçam por completo.
Apesar dos sintomas serem muito parecidos com os de uma infecção do trato urinário, na maioria dos casos de cistite intersticial o exame de cultura da urina não mostra a presença de nenhuma bactéria. Contudo, os sintomas podem se tornar mais intensos e sérios se uma pessoa com cistite intersticial pegar uma infecção do trato urinário.
Diagnóstico
O diagnóstico de cistite intersticial é feito através de:
- Análise dos sintomas do paciente, assim como de seu histórico médico. Nesse momento o médico pode solicitar o diário com as anotações da frequência de micção, quantidade de urina e de líquidos que consome
- Exame pélvico e, as vezes, do ânus
- Exame de urina (buscando por infecções)
- Cistoscopia
- Biópsia
- Teste de sensibilidade ao potássio, em que o profissional insere duas soluções, uma com água e outra com cloreto de potássio na bexiga do paciente, uma de cada vez.Nesse momento, o paciente deve atribuir notas para dor e para a necessidade de urinar. Se o incômodo for muito maior com o cloreto de potássio pode ser que a pessoa tenha cistite intersticial, pois quando não há o problema as pessoas não conseguem notar diferença entre as duas soluções.
Fatores de risco
Os seguintes fatores são associados ao aparecimento da cistite intersticial:
- Ser mulher. As mulheres são mais diagnosticadas com a doença que os homens. Neles os sintomas são idênticos, contudo, normalmente estão relacionados a uma inflamação na próstata
- A maior parte dos casos acontece com pessoas na faixa dos trinta anos de idade ou mais velhos
- Ter um transtorno de dor crônica, como a síndrome do intestino irritável ou fibromialgia.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar cistite intersticial são:
- Urologista
- Ginecologista
- Uroginecologista.
A fim de entender melhor cada caso e medir a frequência e intensidade dos sintomas, alguns profissionais podem solicitar que o paciente adote um diário em que anote os horários que vai ao banheiro, a quantidade de urina, e o tanto de líquidos que está consumindo.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar ao consultório com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos, vitaminas ou suplementos que ele tome com regularidade. É importante anotar também a dose de cada um que está ingerindo.Muitas vitaminas ou suplementos podem interferir com o funcionamento do sistema urinário
- Se possível, peça para alguém acompanha-lo.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quão frequentemente você sente a necessidade de urinar sem aviso?
- Você sente a necessidade de urinar imediatamente após ter urinado?
- Você acorda no meio da noite para ir ao banheiro?
- Sente dores ou queimação na bexiga?
- Sente dor no baixo abdômen ou na pélvis?
- É sexualmente ativo? Os sintomas incomodam durante o sexo?.
Não deixe de tirar todas as dúvidas com o médico no momento da consulta. Para não esquecer ou acabar ficando sem tempo de questioná-lo, anote as perguntas, começando pela mais importante, assim evitará sair do consultório sem respostas.
Ter consciência da sua situação, dos tratamentos disponíveis e do que pode ou não ser feito quando se tem cistite intersticial faz toda a diferença no tratamento dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida.
Buscando ajuda médica
É hora de procurar um médico se a pessoa está apresentando dor na bexiga ou na pelve que não passa, ou quando ela sente vontade de urinar com muita frequência. Apenas o médico poderá dizer qual é a doença e então trata-la de forma correta, evitando complicações.
Tratamento
Por ainda não ser conhecida a causa da cistite intersticial, o tratamento visa controlar a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente. Contudo, pode ser necessário testar vários tratamentos diferentes ou até uma combinação deles até se conseguir achar a abordagem que alivie os sintomas. Dentre eles:
- Mudanças na dieta, evitando cafés, chás e bebidas gasosas, por exemplo
- Fisioterapia
- Medicações orais
- Estimulação nos nervos da bexiga
- Uso de técnicas que distendem a bexiga
- Medicações locais
- Acupuntura
- Cirurgia
Prevenção
Não há formas conhecidas e comprovadas de se prevenir o aparecimento da cistite intersticial.
Convivendo (Prognóstico)
Não há cura para cistite intersticial, então o tratamento visa aliviar os sintomas para aumentar a qualidade de vida do paciente. É necessário ter sempre o acompanhamento médico para verificar se os tratamentos estão surtindo esse efeito ou não e qual funciona melhor para cada caso.
Apesar de não ser comprovado, muitos pacientes relatam melhorias significativas alterando (aos poucos) a dieta para excluir alimentos que possam causar irritação na bexiga. Então pode ser bom ter acompanhamento com um nutricionista também.
O paciente deve tomar ainda mais cuidado para não contrair infecções do trato urinário, pois elas podem agravar os sintomas ou gerar situações mais sérias.
De acordo com o que já foi estudado, não há ligação entre a cistite intersticial e o câncer ou a problemas de fertilidade.
Complicações possíveis
A cistite intersticial pode causar várias complicações. Dentre elas:
- Redução da capacidade da bexiga
- Baixa qualidade de vida, uma vez que algumas pessoas com a doença chegam a urinar 60 vezes por dia
- Problemas na intimidade sexual do casal
- Estresses emocionais, inclusive a depressão.
Referências
- Sociedade Brasileira de Urologia
- Associação Portuguesa de Urologia
- Mayo Clinic.