Ginecologista e especialista em cirurgia minimamente invasiva da Clínica Alira
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O que é Cisto?
O cisto é uma espécie de bolsa de tecido, que pode ser cheia de ar, líquido, pus ou outro fluido. Tem um crescimento lento e normalmente não apresenta sintomas.
Os cistos podem se formar dentro de qualquer tecido do corpo. Cisto nos pulmões geralmente estão cheios de ar, enquanto os cistos que envolvem o sistema linfático ou os rins estão cheios de líquido. Certos parasitas podem formar um cisto ou mais dentro de músculos, fígado, cérebro, pulmões e olhos.
Mas cistos também são comuns na pele. Eles se desenvolvem como resultado de uma infecção, entupimento das glândulas sebáceas (cisto relacionado à acne) ou ao redor de um objeto estranho espetado na pele. Também podem se desenvolver como resultado de uma anormalidade no desenvolvimento.
Causas
Ainda segundo Talitha Alves, o cisto pode ter origem multifatorial, a depender de cada tipo.
“A literatura médica não apresenta uma etiologia clara para cada tipo de cisto”, explica. “No entanto, existem cistos relacionados com a diferenciação celular desde a embriogênese e outros que surgem por modificações intrínsecas no desenvolvimento de cada tecido”, esclarece.
Algumas das causas de cistos mais comuns são:
- Infecções;
- Defeitos no desenvolvimento do bebê;
- Fatores genéticos;
- Inflamações;
- Alterações hormonais;
- Gravidez;
- Tumores;
- Defeitos nas células;
- Bloqueio de glândulas;
- Lesões ou traumatismos.
Leia mais: Qual a diferença entre mioma e cisto no ovário?
Tipos
De acordo com Talitha Alves, ginecologista e especialista em cirurgia minimamente invasiva da Clínica Alira, os cistos podem estar presentes em diversos órgãos e regiões do corpo humano. Nas mulheres, os mais comuns são o cisto na mama, nas tubas uterinas, nos ovários, no útero e na vagina.
Confira alguns dos principais tipos de cistos:
- Cisto pilonidal
- Cisto sebáceo
- Cisto de Baker
- Cisto de Bartholin
- Cisto no ovário
- Cisto no rim
- Cisto de Naboth
- Cisto na mama
Cisto pilonidal
O cisto pilonidal, ou doença pilonidal, é uma lesão que se desenvolve, na maioria das vezes, na região terminal da coluna vertebral (região sacrococcigiana). Porém, ele também pode surgir nas axilas, couro cabeludo e umbigo.
A causa do cisto não é bem conhecida, mas geralmente acomete pessoas jovens, na faixa etária de 17 a 30 anos. Na fase inicial, o cisto costuma ser assintomático, mas já em sua fase aguda pode gerar dor, rubor, calor, inchaço e secreção purulenta através de um orifício que se abre na pele.
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Cisto sebáceo
O cisto sebáceo, também conhecido como cisto epidérmico, é um nódulo de tamanho variável que pode ser esbranquiçado, amarelado ou da cor da pele. Trata-se de um cisto benigno que pode aparecer em qualquer região do corpo, sendo mais comum na face, no pescoço e no tronco.
Esse tipo de cisto surge da proliferação de células da pele produtoras de queratina dentro da derme ou pela oclusão do folículo pilosebáceo. Normalmente, não apresenta sintomas, exceto quando há inflamação. Nesse caso, ele passa a gerar dor e vermelhidão no local.
Cisto de Baker
O cisto de Baker é o acúmulo de líquido articular (também chamado de líquido sinovial e, por isso, também recebe o nome de cisto sinovial) atrás do joelho. Esse líquido é o fluido que lubrifica as articulações e quando se acumula na parte de trás do joelho forma o cisto.
Essa condição é comumente relacionada a vários tipos de artrite e também a algum tipo de lesão no joelho que tenha causado danos e desgaste à cartilagem. Alguns casos são assintomáticos, já outros podem apresentar inchaço atrás do joelho, dor no local e rigidez muscular.
Cisto de Bartholin
O cisto de Bartholin é uma bolsa repleta de muco que pode se formar na glândula de Bartholin. Elas estão localizadas na vulva nos dois lados da abertura da vagina e ajudam a fornecer lubrificação durante as relações sexuais.
Se o duto para a glândula estiver bloqueado, ela se enche de muco e aumenta de tamanho, formando um cisto. Normalmente, a condição é indolor, mas a depender do tamanho pode causar dor ao sentar-se e durante as relações sexuais. Além disso, o cisto pode infeccionar, formando abscessos.
Cisto no ovário
O cisto no ovário é caracterizado por uma bolsa cheia de líquido que se forma dentro ou sobre um ovário. A maioria é benigna e desaparece sozinha, sendo mais comum ocorrer em mulheres com mais de 40 anos de idade.
Normalmente, os cistos aparecem devido a alterações hormonais durante o ciclo menstrual, gravidez, menopausa ou devido ao uso de medicamentos hormonais. A maioria dos cistos não causa sintomas, mas, ocasionalmente, pode haver dor na área pélvica ou durante relações sexuais.
Saiba mais: Ter cistos nos ovários não é sinônimo de infertilidade
Cisto no rim
O cisto no rim é uma bolsa cheia de líquido que se desenvolve nos rins sem causar problemas renais sérios, sendo benigno. Normalmente, não provoca sintomas, necessitando apenas do acompanhamento médico.
A causa para o surgimento de cistos no rim é desconhecida. Porém, é mais comum aparecer em pessoas com doença renal crônica, especialmente nos pacientes que fazem diálise há muitos anos.
Cisto de Naboth
O cisto de Naboth é formado no colo do útero devido ao acúmulo de muco liberado pelas glândulas de Naboth, normalmente relacionado com a obstrução de seus ductos. O cisto no útero costuma ser benigno e é comumente encontrado em mulheres em idade fértil.
Cisto na mama
O cisto na mama é caracterizado por uma bolsa de líquido na região das mamas e é uma condição comum em mulheres. A causa é desconhecida, mas lesões podem ser fatores de risco.
Em alguns casos, os cistos na mama causam dor na região. É necessário um exame microscópico para detectar a presença de células cancerosas nos casos em que o líquido contém sangue ou se o cisto permanecer mesmo após ser drenado.
Sinais
A maioria dos cistos costuma ser assintomática e só é diagnosticada durante a realização de exames periódicos. Porém, a depender do tamanho, localização, conteúdo e hábitos de vida do paciente, os cistos podem ser sintomáticos, causando dor, desconforto e, em alguns casos, infecção.
Diagnóstico
O diagnóstico do cisto, quando assintomático, é feito através da avaliação de rotina. Nos casos sintomáticos, o médico especialista avaliará a área afetada. “Nas mulheres, o ginecologista costuma avaliar toda a rotina, assumindo a conduta nos casos de cistos ginecológicos ou encaminhando a mulher ao profissional indicado quando a condição se apresenta em outras partes do corpo”, explica Talitha Alves.
Fatores de risco
Os fatores de risco para o surgimento de cistos variam de acordo com o tipo e local que eles se encontram. “Muitos terão surgimento idiopático, ou seja, sem causa definida. Já outros terão relação com estímulos hormonais, genéticos e embriológicos”, diz Talitha Alves.
Exames
O exame físico é essencial na avaliação do cisto. “Através da inspeção já é possível identificar e trilhar as orientações médicas para tratamento”, afirma a ginecologista. Após a avaliação clínica e o exame físico, exames de imagem podem auxiliar a mensurar o tamanho e a definir o conteúdo do cisto.
“Esses exames serão importantes na decisão do tratamento, pois alguns cistos, como os de ovário, por exemplo, demandam abordagem cirúrgica conforme seu conteúdo, tamanho e sintomas”, completa a profissional.
Buscando ajuda médica
Um médico deve ser procurado quando os sintomas do cisto comprometem a qualidade de vida do paciente. A pessoa também deve ser encaminhada a um tratamento especializado quando exames de imagem estiverem evidenciando modificações.
Tratamento
O tratamento do cisto irá depender de sua localização ou causa subjacente. Em alguns casos, ele poderá ser retirado cirurgicamente sem qualquer risco, enquanto em outros casos a pessoa irá conviver com o cisto e fazer acompanhamento médico para se certificar de que está tudo sob controle. Dessa forma, ao menor sinal de um cisto é importante buscar ajuda médica.
Saiba mais: Cistos na mama podem virar um câncer?
Além disso, o tratamento também inclui melhorias na qualidade de vida, como alimentação balanceada, prática de atividade física e cuidado para manter um sono de qualidade.
Medicamentos
O uso de medicamentos vai depender da localização do cisto. “Por exemplo, estudos mostram que mulheres portadoras de cistos ovarianos podem apresentar absorção dos mesmos através do uso de hormônios anovulatórios, que bloqueiam a ovulação. No entanto, essa decisão sobre o uso de medicações deve ser individualizada”, comenta Talitha Alves.
Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que as prescritas, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Em grande parte dos casos, há cura para os cistos.
Convivendo (Prognóstico)
Ao ser diagnosticada com um cisto, a pessoa deve tomar cuidados de acordo com a localização e a causa do cisto. “Nas mamas, por exemplo, costumam dar hipersensibilidade à mulher. O uso de sutiãs sem aros e que garantam firmeza ao tecido mamário, associado à melhora dos hábitos de vida, auxilia no tratamento dos sintomas”, afirma Talitha.
Complicações possíveis
Na maioria dos casos, os cistos são nódulos benignos que podem desaparecer mesmo sem tratamento. Porém, é preciso ter atenção e monitorar casos em que o cisto aumenta de tamanho rapidamente ou apresenta outras características suspeitas, como conteúdo sólido ou deformação.
“Cistos ovarianos, por exemplo, devem ser acompanhados pelo ginecologista especializado em cirurgia minimamente invasiva”, orienta Talitha. “Dentre as principais complicações dos cistos de ovário, posso citar torção, dor pélvica crônica e risco de malignidade, o que reforça a importância de estar bem acolhida por equipe especializada”, finaliza.
Referências
Talitha Alves, ginecologista e especialista em cirurgia minimamente invasiva da Clínica Alira
Sociedade Brasileira de Coloproctologia
Ministério da Saúde
MSD Manuals