Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Sergipe (2008). Residência Médica em Neurologia pela Santa Casa de Mis...
iRedatora especialista em temas relacionados com bem-estar, família e comportamento.
O que é Parkinson?
O parkinson é uma doença neurológica crônica e progressiva caracterizada por tremores, dificuldade para se movimentar e prejuízos na coordenação motora.
Também chamado de mal de parkinson ou doença de parkinson, é considerado um dos principais distúrbios nervosos da terceira idade. A doença é imprevisível e ainda não possui cura.
Parkinsonismo e doença de parkinson
Com alguma frequência as pessoas acham que parkinsonismo e doença de parkinson significam a mesma coisa. Mas, são coisas diferentes. Uma pessoa com doença de parkinson sempre apresentará parkinsonismo. Já um paciente com sintomas de parkinsonismo nem sempre terá doença de parkinson.
Isso porque, o termo parkinsonismo é utilizado para agrupar sintomas comumente associados à doença (tremores, por exemplo), mas que são causados por diferentes quadros clínicos que afetam a região do cérebro, desde lesões até efeitos colaterais de medicamentos.
Causas
Falta de dopamina
O Parkinson ocorre quando as células nervosas que produzem dopamina, responsável por levar informações do cérebro para o restante do corpo, são destruídas lenta e progressivamente. Esse neurotransmissor é essencial para ajudar a controlar os movimentos musculares.
Sem a dopamina, as células nervosas dessa parte do cérebro não podem enviar mensagens corretamente e são desgastadas. Isso leva à perda da função muscular, cujo dano piora com o tempo.
Desgaste das células
A causa exata do desgaste destas células do cérebro é desconhecida, mas os médicos acreditam que uma mistura de fatores possa estar envolvida:
- Genética: mutações genéticas específicas podem estar envolvidas nas causas do parkinson. Mas estes casos são raros e acontecem geralmente com membros da família já afetados pela doença.
- Meio ambiente: a exposição a determinadas toxinas ou fatores ambientais podem aumentar o risco de doença de parkinson no futuro, mas o risco é relativamente pequeno.
Sintomas
O parkinson pode afetar apenas um ou ambos os lados do corpo, e o grau de perda de funções causada pela doença pode variar dependendo do caso.
Sintomas iniciais de parkinson
Os sintomas costumam ser mais suaves no início, incluindo:
- Tremores
- Lentidão dos movimentos
- Rigidez muscular
Sintomas avançados de parkinson: motores
Mais para frente, conforme o quadro evolui, os sintomas motores mais significativos (que afetam a coordenação motora) são:
- Inclinação do corpo para frente
- Passos mais curtos
- Redução do movimento natural dos braços ao andar
- Diminuição ou desaparecimento de movimentos automáticos (como piscar)
- Tendência a babar
- Dificuldade de engolir
- Falta de expressão no rosto (aparência de máscara)
- Dores musculares (mialgia)
- Dificuldade para começar ou continuar o movimento, como começar a caminhar ou se levantar de uma cadeira
- Perda da motricidade fina (a letra pode ficar pequena e difícil de ler, e comer pode se tornar mais difícil)
- Tremores que desaparecem durante o movimento
Sintomas avançados de parkinson: não-motores
Também há a presença de sintomas não-motores como:
- Intestino preso e constipação
- Voz para dentro, mais baixa e monótona
- Ansiedade, estresse e tensão
- Confusão mental
- Demência
- Depressão
- Desmaios
- Alucinações
- Perda de memória
Diagnóstico
O neurologista irá diagnosticar a doença com base no histórico médico do paciente e na revisão de seus sinais e sintomas, além de um exame neurológico e físico.
Análise clínica
Na análise clínica o neurologista pode pedir para que o paciente realize alguns movimentos (como agachar e levantar, caminhar, fazer movimento de pinça com os dedos) e repita palavras, de modo a verificar a coordenação motora, rigidez muscular, capacidade de fala, equilíbrio.
Às vezes é preciso tempo para diagnosticar a doença de parkinson. Os médicos podem recomendar consultas de acompanhamento regulares com neurologistas especialistas em distúrbios do movimento para avaliar a condição do paciente e os sintomas ao longo do tempo. Somente após isso, então, poderão diagnosticar ou não o Parkinson.
Exames
Exames de imagem, como tomografia cerebral e ressonância magnética, são complementares. Ou seja, servem para avaliação e descarte de outras condições que possam causar os sintomas.
Além disso, a tomografia auxilia a quantificar a dopamina presente no cérebro, apesar do quadro evolutivo da doença já ser perceptível com análise clínica.
Reação medicamentosa
Além de exames, o médico pode lhe receitar carbidopa-levodopa, a medicação típica da doença de parkinson. Melhoras significativas nos sintomas após o início de uso deste remédio podem, muitas vezes, confirmar o diagnóstico de parkinson.
Fatores de risco
Alguns fatores são considerados de risco para o desenvolvimento do parkinson. Confira:
Idade
Jovens adultos raramente apresentam a doença, já que o parkinson é mais comum em pessoas na terceira idade. Isso porque o risco do parkinson aumenta com a idade, de modo que pessoas costumam desenvolver a doença em torno de 60 anos de idade ou mais.
Hereditariedade
Ter um parente próximo com a doença de parkinson aumenta as chances de uma pessoa desenvolver a doença. No entanto, os riscos ainda são pequenos, a menos que a pessoa tenha muitos parentes que apresentem a doença.
Gênero
É cientificamente comprovado que homens são mais propensos a desenvolver a doença de parkinson do que mulheres.
Publicado no periódico American Journal of Epidemiology, um estudo revela que a relação chega a ser de dois homens diagnosticados para cada mulher com parkinson. Mulheres costumam apresentar sintomas mais tardiamente - cerca de dois anos depois em relação ao período em que se manifestam em homens.
Exposição a toxinas
A exposição contínua a herbicidas e pesticidas pode colocar uma pessoa em um risco ligeiramente aumentado de doença de parkinson.
Na consulta médica
Leve todas as suas dúvidas sobre a doença para o consultório médico e aproveite para sanar todas elas. Faça uma lista de todos os sintomas e quando eles apareceram, bem como de medicamentos e suplementos que você toma frequentemente.
Veja abaixo exemplos do que o médico poderá lhe perguntar:
- Quais seus sintomas?
- Quando seus sintomas começaram?
- Os sintomas são frequentes ou ocasionais?
- Há alguma medida que você tomou que melhora ou piora seus sintomas?
- Há histórico da doença na família?
Buscando ajuda médica
O especialista mais recomendado para diagnosticar e tratar o parkinson é:
- Neurologista
Busque ajuda médica, também, se os sintomas piorarem ou caso apareçam novos sintomas.
Tratamento
Parkinson tem cura?
Até o momento não há cura conhecida para o parkinson, que é uma doença crônica e progressiva.
Como funciona o tratamento para parkinson
O objetivo do tratamento é, prioritariamente, controlar os sintomas. Para isso, são usados basicamente medicamentos. Mas uma cirurgia pode ser necessária em alguns casos.
Saiba mais: Hábitos que tratam os sintomas de parkinson
O médico também poderá recomendar mudanças no estilo de vida do paciente, especialmente a inclusão de exercício aeróbio contínuo no dia a dia da pessoa doente. Em alguns casos, a fisioterapia também será necessária para melhorar o senso de equilíbrio do paciente.
Cirurgia para parkinson
Com menor frequência, a cirurgia pode ser uma opção para pacientes com parkinson severo que já não respondem bem a medicamentos. Essas cirurgias não curam o parkinson, mas podem ajudar alguns pacientes a terem uma melhor qualidade de vida.
Na estimulação cerebral profunda (DBS), por exemplo, o cirurgião implanta estimuladores elétricos em áreas específicas do cérebro para ajudar o paciente a ter controle sobre seus movimentos.
Importância do tratamento
Se não for tratada, a doença piora até a pessoa se tornar completamente inválida. O parkinson pode levar à deterioração de todas as funções cerebrais e à morte prematura.
Medicamentos
Medicamentos podem ajudar a tratar problemas com o andar, movimentos e tremor, aumentando a quantidade de dopamina no cérebro. O médico pode prescrever derivados da levodopa, anticolinérgicos, amantadinas, entre outros.
Os remédios para parkinson mais indicados são (em ordem alfabética):
- Akineton
- Artane
- Azilect
- Carbidol
- Cinetol
- Comtan
- Ekson
- Exelon
- Jumexil
- Levodopa
- Mantidan
- Parkidopa
- Pramipexol
- Prolopa
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Eficácia dos medicamentos
A maioria das pessoas responde bem aos medicamentos; contudo, é importante ressaltar que a eficácia em aliviar os sintomas e a duração desse efeito pode ser diferente em cada pessoa. Além disso, os efeitos colaterais dos medicamentos podem ser graves se não acompanhados por um especialista.
Você pode apresentar uma melhora significativa dos sintomas após o início do tratamento. Ao longo do tempo, no entanto, os benefícios dos medicamentos frequentemente diminuem ou tornam-se menos consistentes, embora os sintomas geralmente possam continuar a ser razoavelmente bem controlados.
Flutuação motora: o que é?
Pacientes em tratamento do parkinson pode apresentar a chamada flutuação motora, em que os sintomas oscilam conforme o efeito da medicação. Assim, há um ápice de melhora quando o medicamento faz efeito e depois uma queda desta sensação.
Isso é causado quando o paciente toma doses muito altas de levodopa, por exemplo - um dos principais medicamentos contra o parkinson. Normalmente isso pode ser controlado distribuindo melhor as doses ou fazendo associações medicamentosas.
Prevenção
Infelizmente ainda não existe como prevenir o aparecimento do parkinson em pessoas predispostas a esta doença.
No entanto, sabe-se que pessoas com melhor condições físicas, principalmente condicionamento físico, são menos propensas a apresentar a doença e também apresentam melhor evolução.
Além disso, indivíduos com o hábito de tomar café parecem ter menos risco de apresentar o quadro.
Convivendo (Prognóstico)
Se você foi diagnosticado com o parkinson, lembre-se de que você terá acompanhamento conjunto à equipe médica para encontrar um plano de tratamento que oferece o maior alívio dos sintomas e com menos efeitos colaterais possíveis.
Mudanças no estilo de vida
Certas mudanças de estilo de vida também podem ajudar a fazer a vida com a doença de parkinson mais fácil, a exemplo de:
- Manter uma dieta equilibrada
- Fazer exercícios regulares, mas ajustando o nível de atividade de acordo com os níveis flutuantes de energia e com acompanhamento profissional
- Respeitar períodos regulares de descanso e evitar o estresse
- Aderir à fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional
- Colocar corrimãos em áreas comumente usadas em casa
- Utilizar utensílios especiais para comer
Os assistentes sociais ou outros serviços de aconselhamento podem ajudar você a lidar com a doença e obter assistência (como onde encontrar serviços de comida em domicílio).
Saiba mais: 8 hábitos para tratar os sintomas do parkinson
Como adiar a evolução do parkinson
A realização de algumas atividades auxiliam o melhor convívio do paciente com a doença, permitindo que algumas tarefas do dia a dia antes difíceis para o portador de parkinson se tornem mais simples.
- Yoga: praticar yoga semanalmente têm resultados tão positivos aos pacientes com parkinson quanto natação, musculação, corrida e alongamento - além de diminuir o estresse e depressão
- Sexo: sintomas do parkinson são reduzidos em pacientes com vida sexual ativa
- Frutas vermelhas: consumir frutas vermelhas (como cranberry, cereja, morango, amora, framboesa e melancia) pode reduzir os riscos de parkinson
- Tai chi chuan: movimentos do Tai chi chuan podem reverter alguns dos sintomas físicos da doença de parkinson
- Curry: o tradicional tempero da culinária indiana e tailandesa pode evitar o desenvolvimento de doenças degenerativas como o parkinson
Novos tratamentos
Apesar do parkinson ainda não ter uma cura cientificamente comprovada, estudos em todo o mundo têm sido realizados para descobrir modos de amenizar os sintomas e até mesmo cessar a doença.
Pesquisadores descobriram a ligação da doença de parkinson com uma proteína desenvolvida no intestino. Ao ser transportada no nosso organismo, essa proteína pode se acumular no cérebro e, assim, danificar as células nervosas responsáveis pelos movimentos e pela fala em poucas semanas. A descoberta pode trazer novos tratamentos à doença.
Além disso, um equipamento criado por cientistas brasileiros tem apresentado resultados muito positivos na redução de sintomas do parkinson. A tecnologia, que usa laser e sucção nos músculos, foi capaz de diminuir dores musculares, rigidez e tremores em pacientes.
Complicações possíveis
A doença de parkinson é muitas vezes acompanhada por alguns problemas adicionais, que podem ser tratáveis:
- Irritabilidade
- Instabilidade emocional
- Depressão
- Perda de memória
- Dificuldade de raciocínio
- Distúrbios do sono
- Incontinência urinária
- Prisão de ventre
- Hipertensão
- Perda de olfato
- Disfunção sexual
Referências
Egberto Reis Barbosa (CRM-SP 19.843), médico neurologista, chefe do ambulatório de Parkinsondo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São paulo (HC-FMUSP)
Henrique Ballalai (CRM-SP 44.250), neurologista, médico professor afiliado Livre-Docente do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo
Sociedade Brasileira de Neurologia