Docente da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), especialista em inf...
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O que é Dengue hemorrágica?
A dengue hemorrágica é uma complicação do vírus da dengue, caracterizada por alterações na coagulação sanguínea. A doença provoca sintomas como manchas vermelhas na pele e dor abdominal intensa.
Causas
A transmissão da dengue ocorre, exclusivamente, através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Logo, a dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. Uma vez que o indivíduo é picado, a doença pode se manifestar de três a 15 dias.
Existem quatro tipos de vírus causador da dengue com quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá proteção para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os demais.
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Qualquer um dos quatro sorotipos da dengue pode causar dengue hemorrágica. Dificilmente a complicação acontece quando a pessoa é infectada pela primeira vez, mas as chances aumentam na segunda, terceira ou quarta infecção.
Sintomas
Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos sintomas de dengue clássica - a diferença é que a febre diminui ou cessa após o terceiro ou quarto dia da doença, além de surgirem hemorragias em função do sangramento de pequenos vasos na pele e nos órgãos internos. Veja os sinais de alerta:
- Dor abdominal forte e contínua
- Vômitos persistentes
- Pele pálida, fria e úmida
- Sangramento pelo nariz, boca e gengivas
- Manchas vermelhas na pele
- Comportamento variando de sonolência à agitação
- Confusão mental
- Sede excessiva e boca seca
- Dificuldade respiratória
- Queda da pressão arterial.
Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória. A baixa circulação sanguínea pode levar a pessoa a um estado de choque, provocando os seguintes sintomas:
- Dor abdominal persistente e muito forte
- Mudança de temperatura do corpo e suor excessivo
- Comportamento variando de sonolência à agitação
- Pulso rápido e fraco
- Palidez
- Perda de consciência.
A síndrome de choque da dengue, quando não tratada, pode levar a pessoa à morte em até 24 horas.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito com exame de sangue para dengue ou sorologia para dengue. Caso haja a suspeita de dengue hemorrágica, outros métodos podem ser utilizados para detectar a complicação.
Os exames podem incluir:
- Testes de coagulação
- Eletrólitos
- Hematócrito
- Enzimas do fígado
- Contagem de plaquetas
- Testes sorológicos (mostram os anticorpos ao vírus da dengue)
- Raio X do tórax tórax, que pode demonstrar alterações na pleura (membrana que reveste os pulmões)
- Ultrassonografia abdominal
Tratamento
Não há um tratamento específico para a dengue hemorrágica. É importante apenas tomar muito líquido para evitar a desidratação. Caso o paciente apresente dor e febre, pode ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paracetamol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação endovenosa e, nos quadros graves, tratamento em unidade de terapia intensiva.
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No caso da dengue hemorrágica, outros cuidados podem ser tomados, como:
- Uma transfusão de sangue ou plaquetas pode corrigir os problemas de sangramento
- Soro ou eletrólitos intravenosos para corrigir o desequilíbrio de eletrólitos
- Oxigenoterapia para tratar um nível excessivamente baixo de oxigênio no sangue
- Reidratação com soro intravenoso para tratar a desidratação
- Cuidados assistenciais em uma unidade/ambiente de tratamento intensivo.
Tem cura?
Com cuidados precoces e intensos, a maioria dos pacientes se recupera da dengue hemorrágica. No entanto, o quadro clínico pode se agravar rapidamente sem os tratamentos adequados, provocando sinais de insuficiência circulatória e choque, o que pode levar a pessoa à óbito em até 24 horas. Dessa forma, é essencial que seja feito o diagnóstico preciso e que cuidados médicos sejam tomados.
Prevenção
Evite o acúmulo de água
O Aedes aegytpi coloca seus ovos em água limpa, mas não necessariamente potável. Por isso, jogue fora pneus velhos, vire garrafas com a boca para baixo e, caso seu quintal seja propenso à formação de poças, realize a drenagem do terreno. Não se esqueça também de lavar a vasilha de água do seu bicho de estimação regularmente e manter fechadas tampas de caixas d'água e cisternas.
Repelentes
O uso de repelentes, principalmente em viagens ou em locais com muitos mosquitos, é um método eficaz para se proteger contra a dengue. Recomenda-se, porém, o uso de produtos industrializados. Repelentes caseiros, como andiroba, cravo-da-índia, citronela e óleo de soja não possuem grau de repelência o suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo.
Coloque areia nos vasos de plantas
O uso de pratos nos vasos de plantas pode gerar acúmulo de água. Há três alternativas: eliminar esse prato, lavá-lo regularmente ou colocar areia. A areia conserva a umidade e ao mesmo tempo evita que o prato se torne um criadouro de mosquitos.
Limpe as calhas
Grandes reservatórios, como caixas d'água, são os criadouros mais produtivos de dengue, mas as larvas do mosquito podem ser encontradas em pequenas quantidades de água também. Para evitar isso, as pequenas poças, calhas e canos devem ser checados todos os meses, pois um leve entupimento pode criar reservatórios ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti.
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Complicações possíveis
Uma pessoa que sofreu choque por conta da dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorrespiratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não tratada pode levar a óbito.
Outras possíveis complicações da dengue incluem:
- Convulsões febris em crianças pequenas
- Desidratação grave
- Sangramentos
Referências
Helena Brígido, infectologia e docente da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), especialista em Infectologia, Epidemiologia e Saúde Pública, Mestre em Medicina Tropical - CRM 4374/PA