Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
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O que é Diabetes?
O diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento do açúcar no sangue devido à falta ou má absorção de insulina. A condição também é conhecida como diabetes mellitus.
A insulina é produzida no pâncreas e é responsável por transformar as moléculas de glicose em energia. Quando esse hormônio está em falta, ou quando não está agindo corretamente, ocorre o aumento de açúcar no sangue e, consequentemente, o diabetes.
A falta ou mau funcionamento da insulina pode ter origem genética, mas também ser causada por hábitos pouco saudáveis, como alimentação inadequada, principalmente com consumo excessivo de carboidratos e açúcar, além de sedentarismo.
O Brasil é o sexto país com maior incidência de diabetes no mundo e o primeiro na América Latina, segundo o Atlas do Diabetes 2021, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF). Atualmente, são 15,7 milhões de pessoas adultas com essa condição. A estimativa é que, até 2045, a doença afete 23,2 milhões de adultos brasileiros. Entenda mais sobre o diabetes a seguir.
Tipos
Principais tipos de diabetes
O diabetes mellitus é um conjunto de doenças com uma característica em comum: o aumento da concentração de glicose no sangue, relacionado com a menor produção de insulina no organismo. Por isso, existem diversos tipos de diabetes, que diferem de acordo com a causa. São eles:
Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1 acontece quando a produção de insulina pelo pâncreas é insuficiente devido a um defeito do sistema imunológico em que os anticorpos atacam as células que produzem esse hormônio. É o tipo menos comum e surge desde o nascimento, atingindo cerca de 5 a 10% de pessoas com a doença.
Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 afeta a forma como o corpo metaboliza a glicose, de modo que o paciente pode apresentar resistência aos efeitos da insulina ou não produzir insulina suficiente para manter um nível de glicose normal. É o tipo mais comum, afetando cerca de 90% das pessoas com diabetes, e está, na maioria das vezes, relacionado a maus hábitos alimentares.
Leia mais: Diabetes tipo 1 e 2: você sabe qual é a diferença?
Pré-diabetes
O pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos que o normal, mas ainda não são caracterizados como diabetes tipo 2. Nesse caso, o paciente tem potencial para desenvolver a doença, portanto, é um sinal de alerta, principalmente para pessoas com fatores de risco, como sobrepeso, obesidade e hipertensão.
Diabetes gestacional
O diabetes gestacional é o aumento da resistência à ação da insulina na gestação, levando ao aumento nos níveis de glicose no sangue diagnosticado pela primeira vez na gestação, podendo ou não persistir após o parto. A causa exata ainda não é conhecida, mas envolve mecanismos relacionados à resistência à insulina pela produção de hormônios.
Saiba mais sobre as características dos principais tipos de diabetes!
Outros tipos de diabetes
Há, ainda, tipos de diabetes que são decorrentes de defeitos genéticos associados a outras doenças ou ao uso de medicamentos. Podem ser:
- Diabetes por defeitos genéticos da função da célula beta;
- Diabetes por defeitos genéticos na ação da insulina;
- Diabetes por doenças do pâncreas exócrino, como pancreatite, neoplasia, hemocromatose, fibrose cística e outros;
- Diabetes por defeitos induzidos por drogas ou produtos químicos, como diuréticos, corticoides, betabloqueadores, contraceptivos e outros.
Também existe o diabetes insípidus, que, apesar do nome parecido, não tem relação com o diabetes mellitus. Trata-se de um distúrbio de controle de água no organismo, no qual os rins não conseguem reter adequadamente a água que é filtrada, levando ao aumento no volume de urina diária.
Sintomas
Sintomas de diabetes
Os sintomas de diabetes costumam aparecer em diferentes momentos da vida, dependendo do tipo. Por exemplo, o diabetes tipo 1 pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum ser diagnosticado em crianças, adolescentes ou adultos jovens.
Já o diabetes tipo 2 é mais comum em adultos acima de 45 anos, com sobrepeso ou obesidade, mas também pode ocorrer com qualquer pessoa em qualquer idade. O diabetes gestacional, como o próprio nome sugere, se manifesta durante a gravidez.
Veja, a seguir, os principais sintomas de diabetes:
- Vontade frequente de urinar;
- Fome excessiva;
- Excesso de sede;
- Mudanças de humor;
- Náuseas e vômitos;
- Alteração visual (visão embaçada);
- Formigamento nos pés.
Quer saber mais? Confira quais são os principais sintomas de diabetes para cada tipo da doença.
Diagnóstico
O diagnóstico de diabetes normalmente é feito por meio de três exames, sendo eles:
- Glicemia de jejum: é um exame que mede o nível de açúcar no sangue no momento em que é feito, servindo para monitorização do tratamento de diabetes. Os valores de referência ficam entre 70 a 99 miligramas de glicose por decilitro de sangue (mg/dL);
- Hemoglobina glicada: é o exame que avalia a fração da hemoglobina, proteína dentro do glóbulo vermelho, que se liga à glicose. Os valores da hemoglobina glicada irão indicar se você está ou não com hiperglicemia, iniciando uma investigação para o diabetes. Os valores normais para pessoas sadias variam entre 4,5% e 5,7%;
- Curva glicêmica: é o exame que mede a velocidade com que seu corpo absorve a glicose após a ingestão. O paciente ingere 75g de glicose e é feita a medida das quantidades da substância em seu sangue após duas horas da ingestão. Os valores de referência são menos de 100 mg/ dl em jejum, e 140 mg/dl após duas horas. Um resultado maior que 200 mg/dl é considerado suspeito para diabetes.
Tratamento
Tratamento para diabetes
O tratamento para diabetes tem como objetivo controlar a glicose presente no sangue do paciente, evitando que a concentração de açúcar apresente picos ou quedas ao longo do dia. Dessa forma, é possível aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e evitar complicações mais graves.
Veja a seguir o tratamento indicado para cada tipo de diabetes:
Tratamento para diabetes tipo 1
O principal tratamento para diabetes tipo 1 é a aplicação da insulina, por via injetável. Esse uso deve ser diário, com o objetivo de aumentar a concentração desse hormônio no organismo, já que o pâncreas não está o produzindo normalmente.
A insulina deve ser aplicada diretamente no tecido subcutâneo (camada de células de gordura na pele). Os melhores locais para a aplicação de insulina são o abdômen (barriga), coxa (frente e lateral externa), braço, região da cintura e glúteo (superior ou lateral). Veja, a seguir, como aplicar a insulina corretamente:
Além da aplicação da insulina, é recomendado manter uma alimentação saudável e bem planejada para evitar picos de glicose no sangue. A prática de atividades físicas também é essencial. Em alguns casos, é possível que o médico receite medicamentos via oral para o tratamento.
Tratamento para diabetes tipo 2
O tratamento para diabetes tipo 2 inclui mudanças de hábitos, como a prática de exercícios físicos, que ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue controlados, planejamento da dieta, redução do consumo de alimentos açucarados e carboidratos simples, além da verificação de glicemia.
Em alguns casos, é preciso fazer o uso de medicamentos para diabetes tipo 2. É o caso de:
- Inibidores da alfaglicosidase: são medicamentos que impedem a digestão e absorção de carboidratos no intestino;
- Sulfonilureias: Estimulam a produção pancreática de insulina pelas células beta do pâncreas, tem alto potencial de redução de A1C (até 2% em média), mas podem causar hipoglicemia;
- Glinidas: nateglinida e repaglinida, via oral. Agem também estimulando a produção de insulina pelo pâncreas.
Quando os medicamentos não são suficientes para controlar a glicose, ou quando não são uma opção no tratamento, é possível aplicar insulina como parte do tratamento.
Tratamento para pré-diabetes
Na maior parte dos casos, o tratamento para pré-diabetes se inicia com as orientações para modificação de hábitos de vida: dieta com redução de calorias, gorduras saturadas e carboidratos, principalmente os simples, além do estímulo à atividade física.
Em alguns casos, o médico responsável poderá optar, junto com o paciente, por iniciar tratamento com medicação para prevenir a evolução para o diabetes.
Tratamento para diabetes gestacional
O tratamento para diabetes gestacional visa diminuir os níveis de açúcar na corrente sanguínea, a fim de evitar prejuízos no desenvolvimento do bebê. O primeiro passo é a verificação constante do açúcar no sangue durante a gestação, de quatro a cinco vezes por dia (de manhã em jejum e após as refeições). O açúcar no sangue também deve ser acompanhado durante o parto.
Além disso, a dieta específica para mulheres com diabetes gestacional é importante para controlar o açúcar no sangue e evitar o ganho de peso. Em conjunto à alimentação saudável, a atividade física regular tem um papel fundamental no bem-estar e no controle da glicose no sangue.
Caso uma dieta acompanhada de exercícios não seja suficiente, a gestante pode precisar de injeções de insulina para baixar o açúcar no sangue. Alguns médicos prescrevem também medicamentos via oral para controlar o açúcar no sangue. Por fim, é importante monitorar o crescimento e desenvolvimento do bebê por meio de ultrassons e outros testes.
Dieta para diabetes
Seguir uma dieta para diabetes é uma das principais formas de controlar a doença. A alimentação deve ser baseada na redução do consumo de açúcar e de carboidratos simples, como pães e massas. O consumo de frutas e sucos também deve ser controlado, já que o excesso pode aumentar o nível de açúcar no sangue.
Entre os alimentos considerados proibidos, estão também bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, e bebidas alcóolicas.
Saiba mais: Dieta para diabetes: dicas de alimentação, mitos e cardápio
Medicamentos
Remédios para diabetes
Existem diferentes tipos de remédio para diabetes. Na consulta, o médico dirá qual o medicamento mais indicado para cada caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Confira, a seguir, os remédios diabetes mais populares:
- Azukon MR;
- Cloridrato de metformina (como Glifage XR);
-
Glifage;
- Galvus;
- Glibenclamida;
- Januvia;
- Victoza.
Saiba mais sobre os principais remédios para diabetes!
Tem cura?
O diabetes não tem cura. Entretanto, a doença pode ser totalmente controlada através do tratamento adequado e de outros cuidados que o paciente deve seguir.
Se a pessoa desenvolve a doença de forma secundária, devido ao uso contínuo de corticoides, obesidade mórbida e alcoolismo, por exemplo, é possível que os níveis de açúcar no sangue se normalizem com o controle dessas condições. Isto, muitas vezes, é visto como uma cura.
Porém, caso a pessoa volte a ganhar peso ou retome os hábitos alcoolistas, o diabetes pode voltar a aparecer. Por isso, é importante fazer o devido acompanhamento com especialistas e seguir o tratamento adequadamente para alcançar uma melhor qualidade de vida.
Prevenção
Para quem quer saber como prevenir diabetes, uma série de hábitos devem fazer parte da rotina, principalmente entre os pacientes que têm histórico familiar da doença ou que estão com pré-diabetes. É o caso de:
- Manter o peso adequado;
- Não fumar;
- Controlar a pressão arterial;
- Evitar medicamentos que potencialmente possam agredir o pâncreas;
- Praticar atividade física regular.
Convivendo (Prognóstico)
Pacientes com diabetes devem ser orientados a:
- Realizar exame diário dos pés para evitar o aparecimento de lesões (vale a pena usar um espelho para visualizar as plantas dos pés todos os dias);
- Manter uma alimentação saudável;
- Utilizar os medicamentos prescritos, seguindo à risca as dosagens indicadas pelo médico;
- Praticar atividades físicas;
- Manter um bom controle da glicemia, seguindo corretamente as orientações médicas.
Leia mais: Diabetes: Oito maneiras de controlar a vontade de comer doces
Além disso, algumas medidas são essenciais para controlar o diabetes. Cortar o cigarro é uma delas, já que o tabagismo, quando associado à doença, multiplica em até cinco vezes o risco de infarto. Isso acontece porque as substâncias presentes no cigarro ajudam a criar acúmulos de gordura nas artérias, bloqueando a circulação.
Consequentemente, o fluxo sanguíneo fica mais e mais lento, até o momento em que a artéria entope. Além disso, fumar também contribui para a hipertensão no paciente com diabetes. Veja, a seguir, como o cigarro e o álcool podem afetar a doença:
Complicações possíveis
Quando não tratado de maneira correta, o diabetes pode causar danos à saúde. Isso acontece porque os níveis de açúcar no sangue ficam elevados por muito tempo, prejudicando o funcionamento de vários órgãos. Entre as principais complicações do diabetes, estão:
Arteriosclerose
A arteriosclerose é caracterizada pelo endurecimento e espessamento da parede das artérias. Isso faz com que o fluxo sanguíneo seja prejudicado.
Pé diabético
O pé diabético consiste em uma série de alterações que podem ocorrer nos pés do paciente com diabetes não controlado. Essa condição pode evoluir para um quadro uma úlcera (ferida) e gangrena (morte do tecido corporal).
Nefropatia diabética
A nefropatia diabética é uma doença que consiste nas alterações nos vasos sanguíneos dos rins, acarretando em uma perda de proteína pela urina. O órgão pode reduzir a sua função lentamente, mas de forma progressiva até a sua paralisação total.
Retinopatia diabética
A retinopatia diabética é uma condição caracterizada por lesões que aparecem na retina do olho, podendo causar pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual.
Neuropatia diabética
A neuropatia diabética é um distúrbio nervoso causado pelo diabetes. Com o passar do tempo, pessoas com a doença podem sofrer danos nos nervos, podendo apresentar sintomas como formigamento ou dormência, dores, desequilíbrio, enfraquecimento muscular, traumatismo, pressão baixa e distúrbios digestivos.
Outras complicações do diabetes
Além das complicações listadas acima, o diabetes pode favorecer outras condições, como infarto do miocárdio, AVC e hipertensão. Isso acontece porque a alta concentração de glicose no sangue prejudica a circulação, aumentando a pressão arterial.
O excesso de glicose também pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. A causa por trás dessa condição é que a hiperglicemia prejudica o funcionamento dos glóbulos brancos, que são responsáveis pelo combate a vírus, bactérias e outros microorganismos.
Saiba mais: Veja de forma mais detalhada todas as complicações do diabetes
Referências
Ministério da Saúde
Danilo Höfling, médico endocrinologista e doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, CRM 55221
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Milena Teles, médica endocrinologista do Fleury Medicina e Saúde, CRM CE 14016
Cleide Sabino, médica endocrinologista do Laboratório Pasteur