Médico urologista e doutor em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), também é membro da...
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O que é Doença de Peyronie?
A doença de peyronie é caracterizada pela presença de uma fibrose na estrutura peniana. Essa alteração fica evidente apenas quando o pênis está ereto, por causar uma curvatura no membro. Quando flácido, os nódulos endurecidos podem ser notados através da apalpação.
Na ereção comum, o pênis se expande simetricamente. Em pessoas com a doença de peyronie, devido à fibrose, um lado se expande mais que o outro por falta de espaço, causando uma curvatura.
Causas
A doença de peyronie ainda é misteriosa inclusive para os médicos. Ninguém conhece com absoluta precisão as causas da fibrose. O que já é aceito pela maioria dos médicos é o fato de que todos os casos se apresentam com um processo inflamatório com características de cicatrização exagerada. Por conta das características dessa fibrose (tecido de cicatrização) especula-se que a origem do processo seja relacionada a microtraumas.
Como a maior parte dos pacientes com doença de peyronie não relata traumas antecedendo à curvatura, especula-se que o próprio coito sexual seria suficiente para deflagrar o processo inicial de fibrose, que então se perpetuaria pelo exagero na cicatrização.
Sintomas
A doença possui duas fases, a aguda e a crônica. Na fase aguda, os principais sintomas são:
- Dor durante a ereção
- Curvatura no membro irregular (modifica-se com o tempo)
- Caroços
Já a fase crônica é caracterizada por:
- Ausência de dor
- Curvatura no membro estabilizada
- Encurtamento do órgão
A fase aguda costuma durar em média 6 meses, partindo então para a fase crônica. Nem todos os casos apresentam essas fases de forma marcante e, na maioria das vezes, os quadros evoluem para uma piora progressiva da curvatura. Menos de 10% apresentam uma regressão.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, ou seja, feito no consultório pelo médico através da conversa e exame físico. Usualmente é recomendado que o paciente faça fotos do membro ereto para registrar a situação e permitir o acompanhamento. Não há necessidade de nenhum exame complementar específico.
Fatores de risco
Os fatores de risco hoje reconhecidos são: presença de história familiar, presença de contratura nas mãos ou pés, diabetes, tabagismo e outras doenças vasculares.
Tratamento
Existem três tipos de tratamento para a doença de peyronie: medicamentos orais, injeção de substâncias na placa e cirurgias. Os medicamentos orais são indicados na fase inicial, a fim de aliviar os sintomas, mas raramente é possível diminuir a evolução da doença.
Recentemente foi aprovado nos EUA uma substância injetável já utilizada na contratura de dupuytren: a colagenase, produzida pelo clostridium, que consegue digerir a fibrose e reduzir a curvatura. Os estudos iniciais mostraram que há necessidade de várias aplicações, e de modelagem do pênis no consultório, tendo melhoras bastante modestas.
A cirurgia, quando bem indicada e corretamente realizada, traz as melhores taxas de satisfação. O momento adequado para fazer a cirurgia precisa ser identificado em conjunto com o paciente e não existe uma regra. Cada caso merece uma conduta.
Geralmente se opera quando a vida sexual do paciente está bastante prejudicada, o que ocorre nos casos de curvaturas de maior intensidade e quando há dificuldade de ereção associada.
Tem cura?
Não há cura para a doença de peyronie. Entretanto, os tratamentos, quando realizados de forma correta e com acompanhamento médico, são eficazes para controlar a doença e suas manifestações.
A cirurgia é a forma mais eficaz de erradicar a condição, mas não é indicada em todos os casos. Quando diagnosticada precocemente, os tratamentos ajudam a prevenir uma piora do quadro.
Convivendo (Prognóstico)
A doença de Peyronie pode ter um impacto significativo na vida sexual do homem e por isso a orientação médica apropriada é fundamental.
Evitar traumatismo no pênis seria o conselho inicial, mas sabemos ser complexo quando o próprio coito sexual pode iniciar a fibrose. Evitar posições em que o controle da penetração seja delegado à parceria sexual é importante para não agravar uma pequena curvatura ou fibrose inicial.
Tratar corretamente as comorbidades é fundamental. Além do diabetes, hipertensão, dislipidemia e obesidade precisam ser tratadas, pois pioram o prognóstico da doença, inclusive afetando a qualidade da ereção.
Apoio psicológico faz parte do tratamento e pode melhorar a convivência com a doença sem prejuízo da vida sexual.