Médico pneumologista membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Ele ainda é coordenador do servi...
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Coordenador do serviço de Pneumologia na Rede Mater Dei de Saúde e mestre em Ciências da Saúde (Infectologia e Medicina...
iO que é Enfisema pulmonar?
O enfisema pulmonar é um quadro degenerativo que se desenvolve no corpo depois da exposição a toxinas, principalmente as do tabaco e da poluição atmosférica. Ele se caracteriza pela destruição dos alvéolos pulmonares, responsáveis pelas trocas gasosas no nosso organismo.
Apesar de suas características, o pneumologista Renan Persio, do Hospital Policlínica Cascavel, esclarece que o enfisema não é uma doença. “Ele se trata apenas de uma alteração na estrutura do pulmão que pode ter razões patológicas”, afirma.
Enfisema pulmonar e DPOC são a mesma coisa?
Embora muitas vezes sejam usados como sinônimos, esses termos não têm o mesmo significado, já que, primeiramente, a DPOC é uma doença, e o enfisema pulmonar não.
O que acontece é que muitos pacientes têm os dois problemas respiratórios ao mesmo tempo, sendo que um pode dar origem ao outro, mas isso não é uma regra. Afinal, a base da DPOC pode ser também a inflamação dos brônquios, conhecida como bronquite crônica, de acordo com o pneumologista Bruno Horta, da Rede Mater Dei de Saúde.
Causas
O desenvolvimento de um enfisema pulmonar está sempre ligado ao contato com substâncias irritantes que, aos poucos, danificam os pulmões. Na maioria das vezes, isso acontece por conta do tabagismo.
Tanto é que, segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, que equivaleria ao Ministério da Saúde no Brasil, 75% das pessoas com esse problema respiratório têm ou já tiveram o hábito de fumar.
Entretanto, é possível haver outras causas, como a inalação por longos períodos de poluição atmosférica e poeiras tóxicas.
Sinais
No início, o quadro pode ser assintomático ou com sintomas muito leves. Mas, conforme ele vai avançando, a tendência é que haja uma piora das condições pulmonares, com a manifestação de:
- Tosse frequente;
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Chiado no peito (sibilos);
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Expectoração;
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Falta de ar (dispneia), principalmente durante atividades físicas;
-
Aperto no peito.
Diagnóstico
A detecção precoce é fundamental para reduzir o avanço do enfisema e, consequentemente, evitar um maior comprometimento das funções pulmonares. Então, sempre que houver sintomas respiratórios persistentes o ideal é procurar um profissional para avaliar melhor o caso.
O mesmo vale para as pessoas que fumam há mais de 10 anos. “Assim vai ser possível verificar quais danos foram provocados no pulmão e elaborar uma estratégia para ajudar na cessação do tabagismo, minimizando maiores problemas”, esclarece o médico Renan Persio.
Fatores de risco
Entre os principais fatores de risco do enfisema pulmonar estão:
- Tabagismo (passivo ou ativo);
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Longo tempo de exposição a substâncias tóxicas, como as do ar, de vapores e poeiras químicas;
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Idade acima dos 40 anos;
- Deficiência da proteína alfa-1 antitripsina devido a uma alteração genética rara.
Vale destacar que sempre há uma interação entre a genética e o ambiente. “A exposição à fumaça por si só não garante que a pessoa vai ter um quadro de enfisema. O que pode acontecer é que, por conta da genética, alguns vão ser mais suscetíveis que outros a terem esse problema”, explica o pneumologista Renan Persio.
Exames
Como parte do diagnóstico, é possível que você tenha que fazer exames de imagem, como uma tomografia computadorizada, que será capaz de mostrar a extensão do enfisema pulmonar.
O mais comum, no entanto, é que o pneumologista peça uma espirometria para testar a capacidade respiratória do paciente e, então, determinar em que estágio o quadro se encontra (do leve ao muito grave).
Na consulta médica
Por ser especialista em doenças pulmonares, o médico pneumologista é o mais adequado para diagnosticar o enfisema pulmonar. Na consulta, ele deve fazer uma série de perguntas, como:
- Você tem falta de ar, tosse ou expectoração?
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Você vem perdendo peso?
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Você tem sudorese noturna?
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Você tem tido febre?
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Quando os sintomas começaram?
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Qual é a intensidade dos sintomas?
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Você fuma?
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Você trabalha com algo que te deixa exposto a poeiras, gases ou vapores tóxicos?
Dependendo das respostas e do que for constatado no exame clínico, o médico pode solicitar a realização de exames para complementar o diagnóstico.
Tratamento
A boa notícia é que o enfisema pulmonar pode ser tratado em todos os estágios, sempre começando pelo fim do contato com o fator que causou a doença. Por isso, ao receber o diagnóstico, é muito importante parar de fumar e evitar frequentar lugares muito poluídos.
Outra recomendação é manter uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos controlados para aumentar a força dos músculos. Isso deve ajudar na realização de tarefas do dia a dia e na respiração.
O tratamento farmacológico também pode ser muito benéfico. Segundo o pneumologista Renan Persio, ele geralmente conta com broncodilatadores, que relaxam os músculos ao redor das vias aéreas e facilitam a passagem de ar.
Em casos mais graves, pode ser indicada ainda a realização de terapia com oxigênio, reabilitação pulmonar ou até cirurgias para remover as partes danificadas do pulmão ou, então, substituí-las.
O tratamento varia muito de acordo com a extensão do enfisema. Por essa razão, antes de adotar qualquer medida, o melhor é procurar a orientação de um especialista.
Tem cura?
Por enquanto, o enfisema pulmonar não tem cura. Contudo, os seus sintomas podem ser controlados e ter o avanço reduzido a partir do tratamento - o que melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Prevenção
Existem diversas medidas que podem ser tomadas para prevenir o enfisema pulmonar. Uma delas é evitar ou parar de fumar - o que pode ser uma tarefa um tanto quanto difícil para quem tem esse hábito há anos. Por essa razão, nesse processo, a ajuda de um profissional pode ser muito bem-vinda.
Para evitar o enfisema pulmonar, o pneumologista Renan Persio ainda pede que as pessoas não se esqueçam de reduzir o contato com outros agentes químicos que possam irritar os pulmões. Se isso for parte do seu trabalho, tente solicitar equipamentos de proteção respiratória com o seu supervisor.
Complicações possíveis
O que muitos não sabem é que, de maneira indireta, o enfisema pulmonar prejudica a imunidade, a realização de atividades físicas e até mesmo a interação social, favorecendo o surgimento de problemas não só no pulmão, mas também no coração, nos ossos e no cérebro, de acordo com o pneumologista Bruno Horta.
Portanto, quem tem esse quadro apresenta maior risco de:
- Infecções respiratórias, incluindo resfriados, gripes e pneumonias;
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Câncer de pulmão;
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Colapso pulmonar;
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Infarto;
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AVC (derrame cerebral);
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Depressão;
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Osteoporose;
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Doença do refluxo esofágico;
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Apneia do sono.
Referências
Renan Persio, médico pneumologista do Hospital Policlínica Cascavel, que integra a Hospital Care, CRM 31196/PR
Bruno Horta Andrade, médico pneumologista coordenador do serviço de pneumologia na Rede Mater Dei de Saúde e mestre em Ciências da Saúde (Infectologia e Medicina Tropical) pela UFMG, CRM 35020/MG
Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (Medline Plus)
Secretaria de Estado de Saúde do Governo de Goiás
Mayo Clinic