Graduada em Medicina (2006) pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro. Especialização em Clínica Médica pelo Hospital do...
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O que é Gravidez anembrionária?
A gravidez anembrionária, também chamada de gravidez anembrionada, ocorre quando o óvulo fertilizado é implantado no útero, mas não se desenvolve como embrião ou então há sua absorção. É uma das principais causas de abortamento na gravidez e, em alguns casos, ocorre tão precocemente que a pessoa não descobre que está grávida.
“Quando uma mulher engravida, o óvulo fertilizado se liga à parede uterina. Ao redor de cinco ou seis semanas de gravidez, um embrião deve estar presente. Nesse momento, o saco gestacional, onde o feto se desenvolve, tem cerca de 18 milímetros de largura. Em uma gravidez anembrionada, o saco gestacional se forma e cresce, mas o embrião não se desenvolve”, explicou a ginecologista Karina Tafner em artigo publicado no MinhaVida.
Causas
A gravidez anembrionária é, na maioria dos casos, causada por alterações cromossômicas do ovo fertilizado — que podem ocorrer devido ao esperma ou ao óvulo de baixa qualidade ou por uma divisão celular anormal. Quando o organismo reconhece a anormalidade, a gravidez é interrompida.
Sinais
Sintomas da gravidez anembrionária
Os sintomas da gravidez anembrionária são os mesmos de uma gravidez normal, uma vez que ocorre a produção de hCG (gonadotrofina coriônica), hormônio produzido pelo organismo durante a gestação. Por isso, além de um teste de gravidez positivo, a pessoa pode apresentar parada da menstruação, sonolência, náuseas e vômitos.
Contudo, quando a produção de hCG é interrompida, a gestante pode apresentar sintomas de aborto espontâneo, como:
- Sangramento vaginal, com ou sem cólicas
- Dor lombar ou cólicas abdominais moderadas a intensas
- Diminuição dos sintomas de gravidez (náuseas e vômitos, tontura e sonolência)
É importante ressaltar que, no primeiro trimestre da gravidez, a gestante pode apresentar sangramento vaginal e ter uma gravidez bem sucedida — não sendo um sinal exclusivo do aborto espontâneo. Por isso, ao sinal de qualquer sintoma que possa indicar um abortamento, procure atendimento médico imediatamente.
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Diagnóstico
O diagnóstico de gravidez anembrionária pode ser feito nas primeiras semanas através de um ultrassom, em que o especialista consegue identificar o saco gestacional vazio e a ausência de batimentos cardíacos. É indicada a repetição do exame após 7 dias da suspeita da gravidez anembrionada para confirmar o quadro.
Tratamento
O tratamento de gravidez anembrionária pode envolver diferentes abordagens, dependendo da indicação médica. Se você não tem sinais de infecção, o processo de aborto pode ser feito de modo natural, em que o corpo elimina espontaneamente os tecidos do feto e da placenta.
Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de medicamentos via oral (como o misoprostol), para acelerar o processo, ou então de medicamentos por via vaginal, para aumentar a sua eficácia e minimizar os efeitos colaterais, como náuseas e diarreia. Para a maioria das pessoas, o tratamento funciona em 24 horas.
Caso você não queira esperar a eliminação espontânea ou em situações de emergência (quando ocorre sangramento moderado ou intenso ou há a presença de infecções), existem outras abordagens que podem ser feitas, como:
- Dilatação e curetagem: é um pequeno procedimento cirúrgico em que é feita a dilatação do colo de útero e a remoção do tecido de dentro do útero. As complicações são raras, mas podem incluir danos para o tecido conjuntivo do colo do útero ou da parede uterina
- Aspiração manual intrauterina (AMIU): nesse procedimento, é introduzida uma cânula que alcança a cavidade uterina e o material é aspirado por meio de sucção. Não é necessário dilatar o colo do útero
Acompanhamento médico na gravidez anembrionária
Em casos raros, a gravidez anembrionária pode provocar sequelas à gestante. Por isso, é recomendado acompanhamento médico durante e após o tratamento — tanto para cuidados da saúde física como para a saúde emocional.
“É importante entender que a gestante não fez nada para causar esse aborto e quase certamente não poderia ter evitado. Para a maioria das mulheres, uma gravidez assim ocorre apenas uma vez, com baixíssimo risco de acontecer novamente”, explicou Karina previamente.
O aborto espontâneo é uma perda que afeta profundamente a gestante e os outras pessoas ao redor. É comum ter sentimentos como raiva, culpa ou desespero, sendo importante dar tempo para lamentar a perda e procurar ajuda de entes queridos. Caso você esteja sentindo profunda tristeza ou depressão, procure ajuda psicológica ou psiquiátrica.
Quando engravidar novamente?
Não existem recomendações específicas, mas é recomendado que a pessoa espere no mínimo seis meses para tentar uma nova gestação — dependendo do tempo do procedimento escolhido para o tratamento de gravidez anembrionária.
“Nem todas as mulheres que têm uma gravidez anembrionada apresentam complicações. Muitas vezes, o corpo expele o tecido gestacional sem causar danos à saúde”, aponta Carla Iaconelli, ginecologista e especialista em reprodução humana.
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Prevenção
A gestação anembrionada é causada, frequentemente, por uma anormalidade genética — de modo que não há nada que possa ser feito para preveni-la. Se esse tipo de gravidez persistir, é recomendado realizar uma pesquisa genética para identificar as possíveis causas.
Referências
Manual MSD