Ginecologista e obstetra pela UNIFESP e sexóloga pela USP. Fundadora da Escola de Pais.
Redatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Não há menstruação durante a gravidez, uma vez que o ciclo menstrual é interrompido. A menstruação é um processo natural que ocorre devido à descamação do endométrio, tecido que reveste o interior do útero, havendo queda da produção de estrogênio e progesterona produzidos pelos ovários após o período fértil.
Quando ocorre a fecundação, isto é, a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, essa descamação não acontece e a produção hormonal se mantém até a placenta estar formada ao final do primeiro trimestre da gravidez.
Contudo, é possível que ocorram sangramentos durante o período, causados por diversos motivos, dependendo do período da gestação. No geral, a perda de sangue não é um sintoma comum na gravidez e deve ser investigada por um médico, especialmente se causada a partir dos quatro meses.
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“A gestante sempre deve notificar seu pré-natalista sobre qualquer sangramento, pois a exclusão de situações graves é um ato médico e pode exigir exames físicos, de imagem e laboratoriais”, explica a ginecologista e sexóloga Aline Ambrósio.
O que causa o sangramento na gravidez?
O sangramento na gravidez pode ser causada por inúmeros motivos e a gravidade da situação depende do período em que ocorre o sangramento. Na segunda metade da gestação, o sangramento pode sinalizar um problema mais grave com a mãe ou com bebê. Confira as causas mais comuns do sangramento na gravidez:
1. Sangramento de nidação
Segundo Aline, pode ocorrer um sangramento normal dentro dos primeiros seis a 12 dias de gravidez, conhecido como sangramento de nidação. Ele ocorre quando o óvulo fertilizado se prende ao revestimento do útero. Essa implantação pode danificar alguns dos vasos sanguíneos da gestante no útero, resultando em uma pequena perda de sangue.
A especialista ainda acrescenta que ele dura cerca de três dias e não confere risco para a evolução da gravidez. É comum que muitas mulheres não desconfiem que estão grávidas por confundirem esse sangramento com a menstruação.
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2. Gravidez ectópica
A gravidez ectópica, também conhecida como gravidez tubária, é uma condição em que o óvulo fertilizado se implanta em algum lugar fora do útero. Ela tipicamente ocorre em uma das tubas uterinas, responsáveis por conduzir os óvulos dos ovários para o útero. O sangramento é um dos principais sinais desse problema, além de dor pélvica ou dor abdominal.
3. Descolamento da placenta
O descolamento prematuro da placenta é uma urgência obstétrica em que ocorre o desprendimento parcial ou completo da superfície do órgão com o útero materno. O sangramento vaginal é o primeiro sintoma do problema, que normalmente ocorre no terceiro trimestre da gestação.
“A placenta deverá permanecer aderida ao útero até o momento do parto e só deverá descolar do mesmo após o nascimento do bebê. Quando a placenta se descola antes do nascimento, é uma situação de urgência e que deve ser tratada imediatamente, pois pode levar ao óbito fetal intraútero”, explicou Silvana Chedid, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, em entrevista prévia ao MinhaVida.
4. Gravidez molar
Também chamada de doença trofoblástica gestacional, a gravidez molar é uma condição rara que ocorre devido a uma falha na fertilização do óvulo, que leva ao desenvolvimento placentário anormal — causando a falência do desenvolvimento do feto. Além do sangramento, outros sintomas podem incluir náuseas e vômitos e crescimento do útero em desproporção com o período gestacional.
5. Placenta prévia
A placenta prévia é quando a placenta está presa sobre a abertura do colo do útero, na parte inferior do útero, em vez de na parte superior. O problema causa um sangramento geralmente indolor, mas é uma emergência que requer atenção médica imediata.
6. Trabalho de parto prematuro
O sangramento vaginal no final da gravidez pode ser apenas um sinal de que o corpo está se preparando para o parto. Isso ocorre pois, alguns dias ou semanas antes do início do trabalho, o muco que cobre a abertura do útero vai passar para fora da vagina, e geralmente terá pequenas quantidades de sangue.
Contudo, se o sangramento e os sintomas do trabalho de parto começarem antes da 37ª semana de gravidez, pode ser um sinal de trabalho de parto prematuro, que também inclui sintomas como contrações, pressão abdominal e dor na parte inferior das costas.
7. Aborto espontâneo
Os sangramentos na primeira metade da gestação podem indicar que a pessoa está em abortamento evitável ou ameaça de aborto espontâneo, que pode evoluir para uma gestação normal ou para um abortamento inevitável. No caso de inevitável, o sangramento é intenso e as cólicas são mais fortes e não cedem com analgésicos comuns.
8. Sangramento após relação sexual
Se em pequena quantidade, é comum que haja sangramento durante a relação sexual, que ocorre devido ao rompimento dos vasos do colo do útero (na parte externa, que não tem contato com o bebê). Caso persista por muito tempo, é importante buscar avaliação médica.
9. Sangramento devido à hemorroida na gravidez
As hemorroidas são um problema comum durante a gravidez e o sangramento decorrente delas costuma ser associado ao momento da evacuação. Normalmente, o sintoma vem acompanhado de dor em região anal.
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O que fazer em caso de sangramento na gravidez?
Em caso de sangramento na gravidez, é fundamental que a gestante procure ajuda médica para realizar exames, se necessário, e obter diagnóstico adequado. “O leigo não deve tentar diferenciar sozinho o sangramento, pois a demora na assistência pode mudar o sucesso da intervenção médica para manter a gestação, quando possível”, aponta Aline.
Na presença de sangramento frequente, perda de sangue vermelho vivo e outros sintomas associados, como dor abdominal e febre, mantenha repouso e evite o esforço físico. Busque ajuda médica imediatamente.
