Médico cardiologista, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Clínica Médica; Sociedade B...
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Possui graduação em Medicina pelo Centro Universitário São Camilo(2018). Atualmente é Médico do Pronto Socorro Municipal...
iO que é Isquemia cardíaca?
A isquemia cardíaca, também conhecida como isquemia do miocárdio, ocorre quando o fluxo sanguíneo para o coração é reduzido devido ao estreitamento das veias. Isso acaba impedindo que o órgão receba oxigênio suficiente, o que pode provocar sintomas como batimento cardíaco acelerado, dor no peito e falta de ar em resposta ao esforço físico.
O fluxo sanguíneo reduzido é geralmente resultado de um bloqueio parcial ou total das artérias coronárias. A condição pode danificar o músculo cardíaco, reduzindo sua capacidade de bombear eficientemente. Um bloqueio súbito e grave de uma artéria coronária pode levar a um ataque cardíaco. Além disso, a isquemia cardíaca também pode causar graves ritmos cardíacos anormais.
Causas
A isquemia cardíaca é causada quando o fluxo sanguíneo de uma ou mais artérias coronárias é reduzido. O baixo fluxo sanguíneo diminui a quantidade de oxigênio que o músculo cardíaco recebe. A isquemia pode se desenvolver lentamente à medida que as artérias ficam bloqueadas ou pode ocorrer rapidamente quando uma artéria é bloqueada repentinamente.
Diversas condições podem provocar essa quadro, como:
- Doença arterial coronariana (aterosclerose): ocorre quando placas compostas, principalmente de gordura, se acumulam nas paredes das artérias e restringem o fluxo sangüíneo. A aterosclerose é a causa mais comum de isquemia miocárdica
- Coágulo sanguíneo: as placas que se desenvolvem na aterosclerose podem se romper, causando um coágulo sanguíneo. O coágulo pode bloquear uma artéria e levar à isquemia miocárdica súbita e severa, resultando em um ataque cardíaco. Raramente, um coágulo sanguíneo pode se transportar para a artéria coronária de outras partes do corpo
- Espasmo da artéria coronária: essa contração temporária dos músculos na parede da artéria pode diminuir ou até mesmo impedir o fluxo sanguíneo para parte do músculo cardíaco. O espasmo da artéria coronária é uma causa incomum de isquemia miocárdica
A dor torácica associada à isquemia cardíaca pode ser desencadeada por esforço físico, estresse emocional, temperaturas frias e uso de drogas.
Tipos
A isquemia cardíaca é dividida pelo modo como ocorre a obstrução do fluxo de sangue. Os tipos incluem:
Angina estável
A angina estável é a mais comum e uma das mais fáceis de ser percebida. Normalmente ela age de forma regular, isto é, segue um padrão. A dor intensa ataca quando o coração está trabalhando de maneira mais forte do que o usual e pode ser desencadeada pelo esforço físico ou pelo estresse. Esse tipo de angina dura cerca de 3 a 15 minutos.
Angina instável
A angina instável se diferencia dos demais tipos de angina por ser uma dor que acontece repentinamente e se torna pior com o tempo. Ela ocorre sem uma causa específica. Por exemplo, a pessoa pode estar dormindo e de repente sentir os sintomas. O agravante é que a angina instável pode levar a um ataque do coração. Por esta razão, um ataque de angina deve ser tratado como uma emergência médica e, ao sentir os sintomas, o paciente deve procurar um pronto-socorro.
O que é isquemia miocárdica silenciosa?
A isquemia silenciosa é uma das condições mais perigosas, devido ao fato do paciente não apresentar dor ou outros sintomas, podendo inclusive causar um ataque cardíaco sem aviso prévio. Além disso, pessoas que tiveram ataques cardíacos anteriores ou que têm diabetes estão especialmente em risco de desenvolver isquemia silenciosa.
Sintomas
Os principais sintomas de isquemia cardíaca são:
- Dores no peito
- Batimento cardíaco acelerado
- Falta de ar ao fazer exercícios
- Náusea e vômitos
- Dor ao andar
- Dificuldade para urinar
- Isquemia cerebral
- Fadiga
- AVC.
Em alguns casos, o paciente pode não apresentar nenhum sintoma.
Saiba mais: 6 sinais que o corpo dá semanas antes de um infarto
Diagnóstico
A isquemia cardíaca é diagnosticada por meio de uma entrevista detalhada sobre o histórico do paciente, mais exames específicos, como eletrocardiograma, teste ergométrico (teste da esteira), ou mais sofisticados, como mapeamento do coração e até cateterismo. Pode-se ainda solicitar tomografia, angiografia dos vasos do cérebro ou ultrassom doppler.
O diagnóstico de isquemia cardíaca é feito a partir da história clínica do paciente e de um exame físico. Também podem ser solicitados exames mais específicos, como:
- Eletrocardiograma (ECG): a atividade elétrica do coração é registrada através de eletrodos conectados à pele. Certas anormalidades na atividade elétrica do coração podem indicar isquemia miocárdica
- Ecocardiograma: ondas sonoras direcionadas para o coração a partir de um dispositivo preso ao peito produzem imagens de vídeo do coração. Um ecocardiograma pode ajudar a identificar se uma área do coração foi danificada e não está bombeando normalmente
- Exame nuclear: pequenas quantidades de material radioativo são injetadas na corrente sanguínea. Enquanto a pessoa se exercita, o traçador é monitorado conforme flui através do coração e dos pulmões, permitindo que problemas de fluxo de sangue sejam identificados
- Angiografia coronária: um corante é injetado nos vasos sanguíneos do coração. Uma máquina de raios X, em seguida, leva uma série de imagens (angiogramas), oferecendo uma visão detalhada do interior dos vasos sanguíneos
- Tomografia computadorizada: este teste pode determinar uma calcificação da artéria coronária, sinal de aterosclerose coronariana. As artérias do coração também podem ser vistas usando tomografia computadorizada (angiografia coronariana)
- Teste de estresse: o ritmo cardíaco, a pressão arterial e a respiração são monitorados enquanto a pessoa anda em uma esteira ou de bicicleta estacionária. O exercício faz o coração bombear mais rápido do que o normal, então um teste de estresse pode detectar problemas cardíacos que podem não ser notados de outra forma.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco da isquemia cardíaca são:
- Colesterol alto
- Tabagismo
- Pressão arterial alta
- Diabetes
- Excesso de peso
- Falta de exercícios
- Má alimentação
Além disso, se o paciente tem pai ou mãe que morreu com menos de 55 ou 65 anos, respectivamente, por infarto, essa informação chama atenção para predisposição genética.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a isquemia são:
- Clínico geral
- Cardiologista
- Neurologista.
Buscando ajuda médica
Se o paciente sente dor no peito, falta de ar, sudorese, fala alterada, cansaço para andar, perna fria ou tem suspeita de acidente vascular cerebral (AVC), deve procurar um serviço médico imediatamente.
Tratamento
O tratamento de isquemia cardíaca é feito a partir da administração de medicamentos, como betabloqueadores e nitratos, que aumentam a oferta de irrigação sanguínea ao coração e/ou ajudam a relaxar o músculo cardíaco. Problemas preexistentes, como diabetes e pressão alta, também devem ser controlados, uma vez que aumentam o risco de isquemia cardíaca.
Também é essencial adotar hábitos saudáveis, como uma dieta variada com baixo teor de gordura e pobre em carboidratos simples, prática de exercícios físicos e, em alguns casos, perda de peso. Dependendo do caso, alguns procedimentos podem ser necessários para melhorar o fluxo sanguíneo, como:
- Angioplastia e implante de stent: um tubo longo e fino (cateter) é inserido na parte estreita da artéria. Um fio com um pequeno balão é inserido na área estreita e inflado para alargar a artéria. Uma pequena bobina de malha de arame (stent) é normalmente inserida para manter a artéria aberta
- Cirurgia de revascularização miocárdica: um cirurgião usa um vaso de outra parte do corpo para criar um enxerto que permite que o sangue flua em torno da artéria coronária bloqueada ou estreitada. Este tipo de cirurgia de coração aberto é geralmente usado apenas para pessoas que têm várias artérias coronárias estreitadas
Medicamentos
Os medicamentos para tratar a isquemia cardíaca incluem:
- Aspirina: uma aspirina diária ou outro anticoagulante pode reduzir o risco de coágulos sanguíneos, o que pode ajudar a prevenir a obstrução das artérias coronárias. Pergunte ao médico antes de começar a tomar aspirina, porque pode não ser apropriado se você apresenta algum distúrbio de sangramento
- Nitratos: abrem temporariamente as artérias, melhorando o fluxo sanguíneo de e para o coração. Melhor fluxo sanguíneo significa que o coração não precisa trabalhar tão duro
- Bloqueadores beta: ajudam a relaxar o músculo cardíaco, diminuem o ritmo cardíaco e diminuem a pressão sanguínea para que o sangue possa fluir para o coração com mais facilidade
- Bloqueadores dos canais de cálcio: relaxam e ampliam os vasos sanguíneos, aumentando o fluxo sanguíneo no coração. Os bloqueadores dos canais de cálcio também diminuem a pulsação e reduzem a carga de trabalho em no coração
- Medicamentos redutores de colesterol: diminuem o material primário que deposita nas artérias coronárias
- Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA): ajudam a relaxar os vasos sanguíneos e a baixar a pressão arterial. O médico pode recomendar um inibidor da ECA se a pessoa tiver pressão alta ou diabetes além da isquemia miocárdica
- Ranolazina: ajuda a relaxar as artérias coronárias para aliviar a angina. A ranolazina pode ser prescrita com outros medicamentos para angina, como bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores ou nitratos
Prevenção
A prevenção da isquemia cardíaca consiste na adoção de alguns hábitos, como:
- Manter a glicemia até 99gr/dl, o colesterol LDL menor que 100mgr/dl e a pressão abaixo de 130x80 – ou menos se tiver outro fator de risco
- Não fumar e não ficar em ambientes com pessoas que fumam
- Manter peso próximo do ideal de acordo com o IMC
- Caminhar ou correr de forma moderada todo dia por 40 minutos
- Visitar seu médico pelo menos uma vez por ano.
Complicações possíveis
A isquemia cardíaca pode levar a complicações sérias, incluindo:
- Ataque cardíaco: se uma artéria coronária ficar completamente bloqueada, a falta de sangue e oxigênio pode levar a um ataque cardíaco que destrói parte do músculo cardíaco. O dano pode ser sério e às vezes fatal
- Ritmo cardíaco irregular (arritmia): um ritmo cardíaco anormal pode enfraquecer o seu coração e pode ser fatal
- Insuficiência cardíaca: a isquemia miocárdica pode danificar o músculo cardíaco, reduzindo a capacidade de bombear o sangue para o resto do corpo. Com o tempo, esse dano pode levar à insuficiência cardíaca
Saiba mais: Conheça as 4 doenças do coração que mais matam e como preveni-las
As doenças que mais matam no mundo ocidental são as isquêmicas — infarto e AVC. No Brasil, por ano, 1 milhão de pessoas morrem por essas causas. Dessas, um terço são por doenças cardiovasculares e, destas, as principais são o infarto e o AVC. Portanto, é essencial que as pessoas se cuidem.
Referências
(1) Antonio Baruzzi, cardiologista e intensivista do Hospital TotalCor
(2) Nelson Hossne Jr., cirurgião cardíaco.
(3) Pedro Gregorio Mekhitarian, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de SãoPaulo
(4) Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/myocardial-ischemia/symptoms-causes/syc-20375417
(5) American Heart Association. Disponível em: http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/HeartAttack/TreatmentofaHeartAttack/Silent-Ischemia-and-Ischemic-Heart-Disease_UCM_434092_Article.jsp#.WvsbsYgvzIU