Diego Rocha Moreira é Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Albert Sabin (HAS), formado em medicina e odontologia e...
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O que é Lipoma?
O lipoma é um tumor cutâneo benigno composto por células de tecido adiposo e revestido por uma capa fibrosa. Ele se apresenta como uma massa não dolorosa, redonda e móvel, com uma sensação macia e pastosa característica — e pode surgir em qualquer parte do corpo, sendo mais frequente na cabeça, no pescoço, nos ombros e nas costas.
Estima-se que 1 em cada mil pessoas terá ao menos um lipoma ao longo da vida. Por isso, é considerado um dos tumores mais comuns entre humanos, embora sua causa ainda seja desconhecida.
Segundo Diego Rocha Moreira, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Albert Sabin (HAS), os lipomas podem se manifestar em qualquer idade, mas são detectados mais frequentemente em pessoas entre 40 e 60 anos e mais raros em crianças.
Causas
As causas exatas ainda não estão totalmente esclarecidas, mas acredita-se que fatores genéticos podem influenciar no surgimento de lipomas na pele. Outra teoria apresenta a ideia de que existe uma correlação entre o crescimento do tumor adiposo com um impacto direto nessa área de tecido mole, conforme explica Alexia Matoszko, residente de cirurgia geral da Santa Casa de SJC.
“Esse trauma pode ter acontecido na infância e, conforme o indivíduo se desenvolve, o lipoma cresce naquele local de seu corpo”, diz. O especialista ainda aponta que, segundo estudos, os lipomas são mais comuns em pessoas com obesidade — embora o metabolismo dos lipomas seja independente da gordura corpórea normal.
Tipos
Existem diferentes tipos de lipomas, classificados de acordo com a sua localização. Entre eles, é possível destacar:
- Lipoma abdominal: quando atinge a região do abdômen;
- Lipoma pancreática: quando atinge o pâncreas;
- Lipoma mediastinal: quando afeta a região do coração e as vias respiratórias;
- Lipoma epidural: quando afeta a coluna vertebral;
- Lipoma renal: quando atinge os rins;
- Lipoma difuso: quando afeta todo o corpo e provoca uma aparência semelhante à obesidade comum.
Sinais
Na maioria dos casos, os lipomas pequenos dificilmente manifestam algum sintoma além da sensação do nódulo abaixo da pele. No caso de lipomas grandes, maiores de cinco centímetros, o paciente pode notar alguns sintomas dependendo da localização do caroço — especialmente se ele afeta as articulações, nervos ou vasos sanguíneos.
“De uma forma geral, os lipomas de localização subcutâneos podem causar coceiras, fisgadas, limitação de movimento se próximos a áreas de articulação ou pescoço, incômodo postural ou até mesmo dor se houver compressão de estrutura nobres, como os nervos” explica Diego.
Diagnóstico
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o diagnóstico, na maioria das vezes, é clínico para os que apresentam lipoma subcutâneo típico. Nos casos de lipoma grande, que possuem mais de cinco centímetros, de forma irregular e com sintomas de envolvimento miofascial, a imagem é justificada por ultrassom, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM).
Tratamento
No caso de lipomas pequenos e que não causam incômodo, limitação ou queixa estética, Diego explica que é possível realizar um tratamento conservador, isto é, um acompanhamento com um médico especialista para checar periodicamente o crescimento do nódulo.
“Para os outros casos, a única forma de tratar o lipoma é a retirada através de uma cirurgia, que pode ser feita com anestesia local, se for pequeno e/ou poucas unidades. Ou mesmo sob anestesia geral no caso de um lipoma de grandes proporções, múltiplos, associados a estruturas nobres, compartimentos profundos do corpo ou órgãos”, acrescenta o cirurgião.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, as indicações para a remoção de um lipoma também incluem:
- Preocupações cosméticas;
- Alterações nervosas, dor e consequentes limitações funcionais;
- Aumento de tamanho;
- Características irregulares (induração);
- Tamanho maior que cinco centímetros;
- Amostras de biópsia de agulha do núcleo consistente com características atípicas.
É realmente necessário retirar o lipoma?
Em sua maioria, os lipomas são inofensivos e tratados ou excisados somente se causarem dor devido à sua localização e/ou afetarem a função de um órgão. “No entanto, alguns pacientes optam por remover essas massas por razões estéticas, pois muitas vezes podem ser vistas através da pele enquanto se encontram no subcutâneo”, explica Alexia.
Além disso, de acordo com Diego, a cirurgia para retirada de um lipoma pequeno é simples e tende a ser mais barata para os pacientes. “Quando se opera um lipoma pequeno, o pós-operatório é muito mais fácil de se lidar e a cicatriz é menor”, acrescenta o especialista.
Perguntas frequentes
O lipoma pode crescer em outro lugar?
Uma vez que esses tumores são retirados, sendo uma condição benigna, não existe a possibilidade deles crescerem em outro lugar. No entanto, Alexia esclarece que é essencial que a cápsula fibrosa que envolve o lipoma seja totalmente removida para evitar que isso aconteça.
Caso não, ele pode retornar no mesmo lugar, “já que, algumas vezes, suas células de gordura se confundem com as células de gordura normais adjacentes, fazendo com que haja células de lipoma remanescentes”, acrescenta Diego.
O especialista ainda explica que a única chance de um lipoma crescer em outro lugar, de modo que possua relação com o nódulo anterior, é que o novo lipoma seja na verdade um lipossarcoma — um tipo de câncer raro que aparece no tecido adiposo e é bastante semelhante a um nódulo não canceroso de células gordurosas.
Como diferenciar o lipoma de um tumor maligno?
De acordo com Alexia, é possível diferenciar o lipoma de um tumor maligno a partir dos seguintes fatores:
- Massa com mais de cinco centímetros;
- Localização profunda da lesão;
- Massas endurecidas e aderidas à estrutura adjacente.
“Assim como requer a avaliação de qualquer massa, um exame físico detalhado, com atenção especial direcionado ao tórax, abdômen e pelve, além da extremidade afetada. Uma vez que há suspeita de malignidade, a biópsia precisa ser realizada para definir o diagnóstico”, finaliza a especialista.
Referências
Diego Rocha Moreira, Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Albert Sabin (HAS) — CRM-SP: 195489
Alexia Matoszko, residente de Cirurgia Geral da Santa Casa de SJC.