Cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Universitário Cajuru, do Grupo Marista, formado em Odontologia pela UFPR, com pós...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Micrognatia?
A micrognatia caracteriza-se por uma condição em que um dos maxilares (geralmente a mandíbula) é subdesenvolvido, menor do que o normal. Também chamada de micrognatismo, pode estar associada a outras síndromes, já que acontece principalmente em crianças que nascem com certas condições genéticas, como Trissomia 13 (síndrome de Patau) e progeria.
Causas
A grande maioria dos casos de micrognatia são congênitos, o que significa que as pessoas nascem com essa condição devido a características ou síndromes genéticas.
Também pode se desenvolver após o nascimento, devido a traumas na mandíbula ou doenças reumatológicas, como a artrite idiopática juvenil, gerando rigidez da articulação temporomandibular e, consequente, a micrognatia. Mas esse não é um caso muito comum.
Algumas condições que provocam uma mandíbula inferior encurtada são:
- Síndrome de Pierre Robin
- Trissomia 13 (síndrome de Patau)
- Trissomia 18 (síndrome de Edwards)
- Acondrogênese
- Progeria
- Síndrome de Turner
- Síndrome do miado do gato
- Síndrome de Treacher Collins
- Síndrome de Hallerman-Streiff
- Síndrome de Marfan
- Síndrome de Russell-Silver
- Síndrome de Seckel
- Síndrome de Smith-Lemli-Opitz.
Sinais
Fisicamente, o paciente com a condição geralmente tem a mandíbula pequena, como se o queixo estivesse retraído. Porém, a micrognatia pode ocasionar alguns sintomas. São eles:
- Respiração ruidosa;
- Apneia no sono;
- Insuficiência respiratória;
- Problemas com alimentação;
- Falta de coordenação na deglutição, ou seja, tem dificuldade para engolir;
- Má oclusão dentária (alinhamento anormal dos dentes);
- Pouco ganho de peso para os bebês;
- Incapacidade de dormir bem;
- Problemas na fala.
Diagnóstico
Especialistas que podem diagnosticar a micrognatia são:
- Otorrinolaringologista;
- Cirurgião Craniomaxilofacial;
- Cirurgião Plástico;
- Especialista em Medicina do Sono;
- Cirurgião Bucomaxilofacial;
- Dentista Ortodontista.
A micrognatia pode ser confundida com outras doenças e síndromes?
Ela não pode ser confundida, mas tem relação com diversas outras síndromes. Algumas delas são:
Micrognatia e a síndrome de Pierre-Robin
A Síndrome de Pierre-Robin é uma manifestação caracterizada por algumas anomalias, sendo a micrognatia, a fenda em forma de U nos tecidos moles do palato e a obstrução das vias respiratórias superiores provocada por glossoptose (língua que cai sobre a parte de trás da garganta).
Ou seja, quem tem micrognatia em conjunto com as outras condições, terá o diagnóstico da Síndrome de Pierre-Robin.
Micrognatia e síndrome de Down
Pacientes portadores da síndrome de Down apresentam micrognatia da maxila na grande maioria dos casos, devido a uma deficiência da área pré-maxilar. Ocasionalmente podem afetar também a mandíbula.
Retrognatia e micrognatia
Micrognatia é uma mandíbula anormalmente pequena, já a retrognatia é uma mandíbula deslocada posteriormente (embora não necessariamente pequena) em relação ao maxilar.
Saiba mais: O que é a Síndrome de Marfan?
Buscando ajuda médica
Marque uma consulta médica se o seu queixo ou de seu filho ou filha parece muito pequeno ou se há problemas na hora de se alimentar. Algumas das doenças genéticas que causam micrognatia são graves e devem ser diagnosticadas o mais cedo possível. Procure um(a) dentista se a criança tem problemas de mastigação ou para falar.
Tratamento
O tratamento em si da micrognatia seria corrigir o queixo para trás característico da condição. Mas, em alguns casos que não possuem associação com outras questões ou síndromes, a mandíbula pode se desenvolver normalmente com o crescimento do paciente.
Entretanto, caso seja necessário, dentre os tratamentos não cirúrgicos, utilizam-se:
- Aparelhos ortodônticos que estimulam o desenvolvimento mandibular;
- Aparelhos que geram fluxo de ar contínuo para as vias respiratórias.
Já em casos mais graves, são utilizados:
- Técnicas de distração osteogênica da mandíbula (ganho de tecido ósseo e partes moles);
- Aparelhos de avanço mandibular;
- Cirurgias para fixação da língua em posição mais anterior, a fim de evitar a obstrução da laringe;
- Cirurgias de prótese de articulação temporomandibular (responsável pelos movimentos da boca), caso este seja o fator que causou a condição;
- Traqueostomia, um procedimento cirúrgico feito nas traqueias (região do pescoço) para ajudar na respiração e circulação de ar. O procedimento, porém, só é feito quando todas as tentativas anteriores não trouxeram resultados.
Tem cura?
Se o queixo da criança está crescendo por conta própria, os problemas de alimentação geralmente param.
A cirurgia corretiva é geralmente bem sucedida, mas pode demorar de nove a 12 meses para o queixo se curar completamente.
Em última análise, as perspectivas dependem da condição que causou micrognatia. O médico ou médica pode trazer mais informações sobre a doença que está causando essa condição e quais as perspectivas de tratamento.
Cuidados
Deve-se manter um acompanhamento médico adequado para monitorar o progresso da condição e avaliar a necessidade de tratamentos adicionais.
Os principais cuidados relacionam-se às questões respiratórias, alimentares e oclusais (com os movimentos relacionados à boca e mandíbula).
Cuidados com a respiração
Deve-se atentar aos casos em que o paciente apresenta respiração ruidosa, dificuldade respiratória e ronco.
A mudança na posição na hora de dormir, até mesmo com o uso de tubos nasofaríngeos, que adentram nariz e boca, pode ajudar, pois ajudam a evitar maiores problemas como apneia do sono e insuficiência respiratória.
Cuidados com a mastigação
Sobre os cuidados alimentares e oclusais, o maior foco é a mastigação.
O ato alimentar pode ser difícil devido ao retroposicionamento da língua que obstrui a laringe, sendo assim, ficar sentado durante a alimentação pode ser benéfico, mas casos com problemas maiores na mastigação podem requerer alimentação via sonda nasogástrica.
Saiba mais: O que é a Síndrome de Turner
Prevenção
Casos sindrômicos, como é o caso desta condição, não possuem prevenção, apenas tratamento. Já os casos congênitos por características hereditárias são passíveis de correção com aparelhos ortodônticos, se tratados precocemente.
Outras condições adquiridas após o nascimento requerem prevenção ao trauma de face e tratamento precoce em casos de doenças reumatológicas.
Referências
American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons
Boston Children's Hospital