Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Fez Residência Médica em Ortopedia e...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iO que é Pubalgia?
A pubalgia é uma condição dolorosa que afeta a região da sínfise púbica, envolvendo a parte baixa do abdômen, do púbis e da virilha. É muito comum em atletas e em praticantes de esportes recreativos, principalmente dos que envolvem chutes e mudanças bruscas de direção, como tênis e futebol. Os sintomas da pubalgia incluem dor no local e limitação do movimento.
O problema atinge a região que envolve os músculos adutores, na parte interna da coxa, constituída pelos músculos grácil e adutores longo, curto e magno. Em geral, há uma piora gradativa e o aumento dos sintomas ocorre quando são realizados movimentos específicos de chute, rotação ou adução (ou seja, fechamento) da coxa.
Causas
As causas da pubalgia envolvem sobrecarga na região do púbis e do baixo ventre e uma disfunção no sistema músculo esquelético. Também pode ser causada pelo desequilíbrio entre a musculatura abdominal e das coxas (adutores) associado à sobrecarga de exercícios, à redução da mobilidade do quadril e da articulação sacroilíaca, a microlesões dos músculos adutores e ao enfraquecimento da musculatura abdominal.
Entre as possíveis causas da pubalgia estão
- Desequilíbrio muscular na região
-
Compensação muscular
-
Artrose ou osteoartrite do quadril
-
Inflamação na sínfise púbica
-
Neuropatia periférica
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Hérnia inguinal
- Lesão na articulação do púbis
- Traumas na região
-
Osteoporose no quadril
Tipos
Tipos de pubalgia
Existem dois tipos de pubalgia principais. A pubalgia aguda/traumática e a pubalgia crônica. Entenda mais sobre cada uma delas a seguir:
Pubalgia Aguda/Traumática
A pubalgia aguda ou traumática pode ocorrer por estresse mecânico na região, como um acidente com trauma direto. É mais frequente em atividades esportivas em que haja aceleração rápida do corpo, com paradas bruscas e rotação da bacia, como a prática de esportes como tênis e futebol. Os movimentos exigidos nesses esportes exigem um aumento da força nos músculos retos do abdômen, que têm influência direta na região infrapúbica bilateral e na distensão dos adutores.
Pubalgia Crônica
É em geral causada por esforço de repetição, com sobrecarga mecânica crônica, por uso excessivo da região. Pode acontecer com corredores de grandes distâncias, por causa do desequilíbrio mecânico na cintura pélvica (junção dos dois ossos ilíacos, do sacro e do cóccix).
Classificações da pubalgia
- Grau 1: apresenta sintoma do mesmo lado do corpo onde foi gerado o esforço. Por exemplo, se um chute na bola for dado por um destro, a dor será à direita. Dor que melhora com aquecimento e retorna após parar os exercícios físicos, quando o corpo esfria
- Grau 2: a dor acomete os dois lados dos membros inferiores, localizada nos adutores. Há piora da dor após os exercícios físicos
- Grau 3: sintomas bilaterais nos adutores e nos retos abdominais, causando limitação significativa no esporte. Também pode ser dolorido para mudar de posição e ao sentar-se
- Grau 4: além dos sintomas anteriores, há associação com a dor na coluna lombar, apresentando, inclusive, dificuldade importante em movimentos de marcha, para defecar, espirrar, entre outros
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Sinais
Sintomas da pubalgia
Os principais sintomas de pubalgia são:
- Desconforto na região do púbis
- Limitação das atividades diárias e laborais
- Dores agudas que dificultam muito andar, tossir ou espirrar
- Dor que irradia para região inguinal (transição entre o abdômen e as pernas)
- Dor que irradia para região dos testículos
Diagnóstico
Diagnóstico de pubalgia
Para realizar o diagnóstico de pubalgia, é necessário realizar uma consulta médica, em que será feito um exame físico e avaliação do histórico clínico e das atividades rotineiras. Os sintomas sentidos pelo paciente também serão essenciais para o diagnóstico.
Alguns exames podem ser necessários no processo de diagnóstico da pubalgia, como
Fatores de risco
Alguns fatores de risco podem contribuir para o surgimento da pubalgia, como:
- A pubalgia é mais comum em homens: a teoria mais aceita defende que isso ocorre por causa da inserção do músculo reto abdominal masculino, que tem uma área menor, gerando uma maior tensão na região, se comparado ao da mulher, onde a inserção ocorre em uma área maior
- Gravidez: o mecanismo que coloca as gestantes em um perfil de risco é pela hiperpressão na região do púbis, causada pelo aumento global do abdômen em volume e peso. Ainda existem as alterações hormonais, que também podem influenciar
- Prática de exercício exagerada: esportes como tênis, futebol e rugby podem aumentar o risco de pubalgia, principalmente se não houver acompanhamento especializado
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar pubalgia são:
- Ortopedista
- Clínico geral
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Tratamento
Tratamento para pubalgia
O primeiro passo no tratamento de pubalgia envolve tirar os fatores mecânicos que desencadeiam o problema, evitando esforços e traumas na região.
Medicamentos, como anti-inflamatórios, analgésicos e corticoides, podem ser usados. Fisioterapia também pode ser associada ao tratamento. Outro recurso que pode ser usado é o tratamento por ondas de choque. Já a cirurgia para pubalgia é usada em casos mais graves.
Medicamentos
Remédios para pubalgia
Alguns dos medicamentos para pubalgia mais usados para o alívio das dores e da inflamação são:
- Cataflampro
- Cetoprofeno
- Cloridrato de tramadol
- Diclofenaco Dietilamônio
- Flanax
- Nimesulida
- Profenid
- Tramal
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Pubalgia tem cura?
A pubalgia tem cura, mas precisa ser tratada da maneira correta e exige cuidados importantes. Na vigência de uma pubalgia ou de outras patologias regionais correlatas, como osteíte (destruição óssea) ou tendinite, é necessário manter a região isenta de esforços. Portanto, é preciso tirar os fatores que levaram ao problema, que geralmente são as atividades físicas, evitando novos traumas na região.
Além disso, é necessário seguir à risca as orientações médicas quanto ao uso dos medicamentos prescritos, além dos outros tratamentos que podem ser indicados, como a fisioterapia.
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Cirurgias
Cirurgia para pubalgia
A cirurgia para pubalgia raramente é necessária, mas pode ocorrer em casos de insucesso do tratamento conservador. Em pacientes com dores mais ligadas aos tendões regionais pode ser feita a liberação desses tendões. Nos que têm dores articulares, faz-se uma fusão da sínfise púbica, que é uma fusão dos ossos.
Nos pacientes que submetem-se à liberação dos tendões, logo que recuperam-se das dores pós-operatórias, devem iniciar um programa fisioterápico de reequilíbrio muscular e alongamentos. Nos pacientes que sofreram artrodese (fusão dos ossos), deve-se aguardar a consolidação para iniciar o programa de reabilitação.
Prevenção
Dá para prevenir pubalgia?
A pubalgia pode ser prevenida mantendo a musculatura abdominal e adutora com forças equilibradas por meio de uma preparação física bem orientada. Também é fundamental que a prática esportiva seja feita com treinos programados e controlados. É importante evitar exageros nos treinos e dar a atenção devida ao descanso.
Realizar aquecimento e alongamentos dos músculos, tendões e ligamentos é muito importante. Praticantes de atividades esportivas também devem fortalecer os grupos musculares específicos para sua prática.
Complicações possíveis
Se tratada da maneira correta, a pubalgia não oferece grandes riscos. Entretanto, se não forem seguidas as orientações médicas, é frequente o problema evoluir para um caso crônico, podendo trazer incapacidade para a prática de algumas atividades esportivas.
Referências
Gabriel Pecchia, ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, especialista em joelho e no trauma do esporte
Paulino Salin Vasconcelos, médico ortopedista e responsável pelo Serviço de Ortopedia e Trauma do Hospital Santa Cruz, especializado na região do quadril
Wilson Dratcu, ortopedista do Grupo de Cirurgia Minimamente Invasiva da Coluna do Hospital BP Mirante
Leandro Ejnisman, ortopedista do Hospital Albert Einstein
A Importância dos Exames de Imagem no Diagnóstico da Pubalgia no Atleta - www.scielo.br/pdf/rbr/v48n4/v48n4a07.pdf