Endocrinologista ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP
Redator focado na produção de conteúdos sobre saúde e bem-estar.
O que é GH?
O GH é um hormônio de crescimento sendo produzido naturalmente pelo corpo. Entre outras funções, é responsável, principalmente, pelo desenvolvimento físico de crianças e adolescentes. Também conhecido como somatropina, HGH ou GH (do inglês Human Growth Hormone), o hormônio do crescimento é uma proteína altamente anabólica (fundamental para o ganho de massa muscular) sintetizada pela hipófise.
O GH também é essencial para uma série de processos metabólicos e para o crescimento de diversos tecidos, como o ganho de massa óssea, muscular, adiposa e controle glicêmico em pessoas de qualquer idade.
Quando atingimos a fase adulta, os níveis de GH começam a diminuir consideravelmente. Porém, existem versões sintéticas em formas de medicamentos que podem ser receitadas por médicos para tratar problemas de crescimento e de desenvolvimento, além de opções naturais e saudáveis de aumentar a secreção deste importante hormônio.
Contraindicações
O GH não deve ser utilizado em:
- Portadores de neoplasias (tumores) malignos em atividade;
- Pacientes com crescimento não controlado de tumores intracranianos benignos;
- Portadores de diabetes descompensado e naqueles com retinopatia diabética;
- Pacientes criticamente enfermos por complicações após cirurgia cardíaca, cirurgia abdominal, trauma acidental múltiplo ou insuficiência respiratória aguda.
Considerações
Para que serve o hormônio GH?
Dentre as principais funções do hormônio GH, destacam-se:
- Crescimento
- Aumento da queima de gordura
-
Manutenção da densidade óssea
-
Manutenção da massa muscular
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Produção natural de GH
Existem alguns fatores naturais que estimulam a produção natural do hormônio GH:
- Redução nos níveis de insulina: Os carboidratos simples, como o açúcar, podem trazer malefícios para sua secreção de GH. Um dos pontos principais é o fato de o excesso de insulina, causada por altos picos de açúcares no sangue, bloquear a secreção e a ação do GH.
- Sono profundo: Este é o principal ponto para o aumento da secreção de GH. Estima-se que seja durante o sono que nós atinjamos os picos de secreção máxima. Por isso que o tratamento médico à base de GH conta com aplicações poucos minutos antes do sono. Isso acontece justamente porque nesta fase, temos uma maior absorção e secreção deste hormônio. Neste sentido, se você quer aumentar sua secreção de GH, durma corretamente e respeite seus horários.
- Exercício físico (especialmente de alta intensidade): Assim como no caso da testosterona, outro hormônio anabólico de grande poder, o GH também tem sua secreção aumentada durante o treino de alta intensidade. Não apenas durante o treino, como também depois do mesmo.
"A melhor maneira de aumentar a produção de GH é através de hábitos de vida saudáveis, buscando a manutenção do peso corporal ideal para a faixa etária e sexo, além da prática regular de atividade física", explica Evandro.
GH injetável (sintético)
O uso do GH injetável, ou seja, sintético, faz parte do tratamento para problemas de desenvolvimento e crescimento. No entanto, ele só é indicado para casos de deficiência na produção desse hormônio. Ele também pode ser recomendado em caso de doenças em que a reposição de GH está relacionado com melhorias no crescimento.
Nesse aspecto, englobam-se a Síndrome de Turner (que é a baixa estatura de meninas com problemas de desenvolvimento na puberdade), insuficiência renal crônica em crianças ou adolescentes ou ainda algumas doenças genéticas. O uso de GH injetável também pode ser indicado para crianças nascidas pequenas para a idade gestacional e para pacientes de Síndrome de Prader-Willi.
"O aumento do GH via aplicação estimula, principalmente, mecanismos que promovem o crescimento da estatura das crianças e adolescentes", explica Evandro.
"Em crianças e adolescentes, a reposição deve acontecer sempre quando comprovada a deficiência de GH ou no caso de alguma síndrome genética. Ou, também, quando o bebê nasceu pequeno para sua idade gestacional e não tenha recuperado sua estatura nos dois primeiros anos de vida", elenca o endocrinologista.
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Já em adultos, conforme explica o especialista, a indicação é feita quando o paciente apresenta alguma condição que predisponha a deficiência de GH, como cirurgia hipofisária, traumatismo craniano e hemorragia subaracnóidea.
"Em adultos com deficiência de GH, a aplicação deste peptídeo aumenta a qualidade de vida por melhorar a composição corporal, a massa óssea e o metabolismo glicídico", complementa.
Idealmente, o uso terapêutico de GH injetável deve ser indicado por médico endocrinologista ou endocrinologista pediátrico, que são capacitados para isto. Entretanto, qualquer médico pode prescrevê-lo e ele deve ser vendido sob prescrição e supervisão médica.
Como é feito o tratamento com GH?
O tratamento com GH é feito através de injeções diárias, aplicadas ao deitar, por via subcutânea (isto é, na gordura) nas coxas, braços, nádegas ou abdome. Não existem preparações em formas de comprimidos, sprays, supositórios ou adesivos.
De acordo com Evandro, em crianças e adolescentes, as doses são calculadas de acordo com o peso corporal. Já em adultos, as doses preconizadas são em torno de 10% a 20% da dose usada por um adolescente com o peso de 50 kg.
A aplicação deve ser feita com alguns cuidados, como higienização da região onde a medicação será aplicada, assim como das mãos de quem aplica.
Vale ressaltar que o uso de GH injetável feito de forma irresponsável pode trazer muitos efeitos colaterais.
Efeitos colaterais do GH injetável
O tratamento com GH injetável pode causar alguns efeitos colaterais em adultos. Os mais relatados são:
- Dor e vermelhidão no local da aplicação, no caso das ampolas injetáveis (tenha cuidado com o material e origem dele)
- Retenção de líquido, podendo levar a inchaços e sensação de ganho de peso;
- Dores nas articulações e musculares
- Formigamento nas extremidades, principalmente se você tiver tendência a ter síndromes, como a do túnel do carpo
- O uso constante do GH pode causar hipertensão intracraniana, trazendo dor de cabeça, vômitos, alterações visuais, agitação, entre outros fatores
Recomendações para o uso de GH
O tratamento com GH injetável pode ser indicado para todo indivíduo, independente da faixa etária, que apresente deficiência da produção de GH pela hipófise. A deficiência de GH pode ter início na infância (nanismo hipofisário) ou na vida adulta, consequente, por exemplo, a um tumor da hipófise.
O GH é uma medicação e como tal é uma opção apenas em situações em que comprovadamente ocorrerá um benefício com o tratamento. Da mesma forma, alternativas de tratamento dependem da causa do crescimento inadequado: anemia, hipotireoidismo, entre outros.
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Quando não existe doença, levar uma vida saudável, com alimentação adequada, atividade física e horas de sono suficientes, favorece um crescimento saudável. Vale ressaltar que o GH injetável não foi feito para o uso de fins estéticos.
Uso de GH injetável aliado às práticas esportivas
Diante da produção de GH, também percebeu-se que o hormônio possuía efeitos que poderiam ser benéficos a esportistas e/ou mesmo pessoas que buscavam melhorias estéticas. Isso porque o GH estimula a lipólise, o aumento da massa muscular e da força, entre outros efeitos.
Sendo assim, obviamente sua criação exógena fez com que rapidamente ele entrasse no mundo dos esportes. Porém, o seu uso para esta finalidade não é aprovado por agência reguladora de medicamentos em nenhum país do mundo e é uma prática considerada doping pelas federações esportivas nacionais ou internacionais.
"O uso de GH em adultos saudáveis, embora possa ter algum efeito desejado a curto prazo, até hoje não se mostrou comprovadamente benéfico e isento de efeitos colaterais a longo prazo", ressalta Evandro. "Portanto, seu uso nestas circunstâncias deve ser evitado", completa.
Preço do GH injetável
Os medicamentos injetáveis à base de GH têm preços que variam de R$ 635 a R$ 1700, a depender da dose utilizada.
Referências
Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem
Sociedade de Pediatria de São Paulo