Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi da Cruzes em 1986. Médico do Exército Brasileiro durante os a...
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O que é Proteína C-reativa?
A proteína C-reativa, também conhecida como PCR, é uma proteína produzida pelo fígado, cuja concentração sanguínea se eleva radicalmente quando há indicativo de processos inflamatórios ou infecciosos.
O nível da proteína é medido através de um exame de sangue comum, com o objetivo de avaliar a possibilidade de uma infecção, inflamação, risco de doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças reumáticas, traumatismos e outras condições sérias.
Tipos
Proteína C-reativa alta
Embora o exame não indique onde há uma inflamação ou infecção, um valor de proteína C-reativa alta pode ser preocupante e precisa ser investigado. Além disso, quando o corpo está lidando contra um processo inflamatório, o exame de sangue também pode indicar um aumento de leucócitos, que são as células de defesa do corpo.
Proteína C-reativa ultrassensível
Quando o paciente já tiver histórico familiar ou precisar avaliar o risco de ter doenças cardiovasculares, como angina, infarto e AVC, o médico poderá indicar um exame de proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us).
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"O método mensura a proteína em quantidades muito pequenas no sangue, proporcionando um diagnóstico mais precoce de processos infecciosos ou inflamatórios", diz Claudio Gonsalez, infectologista do Hospital Santa Paula.
Este teste é muito usado para avaliar o risco da pessoa desenvolver doença arterial coronariana, uma condição na qual as artérias do coração são estreitadas. A doença arterial coronariana pode levar a um ataque cardíaco.
A American Heart Association não recomenda o teste de PCR-us para todos. Em vez disso, o teste é mais útil para pessoas que têm 5 a 10% de chance de ter um ataque cardíaco nos próximos 10 anos. Esse nível de risco intermediário é determinado pela avaliação de risco global, que é baseada em escolhas de estilo de vida, histórico familiar e estado de saúde atual.
O teste também ajuda a determinar o risco de um segundo ataque cardíaco, já que as pessoas com alto nível de PCR-us que tiveram um ataque cardíaco são mais propensas a ter outro evento do que aquelas com um nível normal.
Exame proteína C-reativa: para que serve?
Como abordado anteriormente, o PCR é indicado para investigação de doenças infecciosas e inflamatórias, tanto para diagnóstico como para acompanhamento evolutivo das enfermidades.
O PCR pode ajudar no diagnóstico das seguintes condições:
- Lúpus;
- Artrite reumatoide;
- Infecções bacterianas;
- Pancreatite aguda;
- Apendicite;
- Queimaduras;
- Doença inflamatória no intestino;
- Linfoma;
- Infarto do miocárdio;
- Acidente Vascular Cerebral (AVC);
- Doença inflamatória pélvica;
- Sepse (infecção generalizada);
- Pós-operatório de alguma cirurgia (três primeiros dias);
- Tuberculose.
É importante alertar que somente o exame de PCR não é capaz de diagnosticar onde a inflamação está ocorrendo; por isso é preciso que testes complementares sejam feitos e que o médico e paciente estejam atentos a outros fatores de risco que contribuem para essas doenças.
Contraindicações
Segundo o cardiologista Ibraim Masciarelli, não existem contraindicações ao exame de proteína C-reativa, uma vez que para realização do exame é necessária uma coleta simples de sangue.
Apesar de não ser frequente, o cardiologista revela que as mulheres grávidas podem fazer o PCR.
Preparo para o exame PCR
Não há preparações para o teste PCR. No entanto, se o sangue também estiver sendo coletado para outros testes, talvez seja necessário jejuar ou seguir outras instruções. Por isso, pergunte ao médico as orientações para os exames a serem realizados.
Alguns medicamentos podem afetar o nível de PCR, então antes do teste é preciso alertar o médico sobre os medicamentos ingeridos.
Além disso, Masciarelli afirma que é possível ter alterações no resultado se a pessoa fez atividades físicas muito intensas e de choque, como boxe ou karatê. Desta forma, é indicado evitar esses esportes antes da realização do exame de PCR.
Como é feito o exame de proteína C-reativa?
O PCR é realizado por meio de uma amostra simples de sangue. Antes da inserção da agulha, o profissional coloca um elástico ao redor do braço para que as veias se encham de sangue. O local da punção é limpo com antisséptico.
Depois que a agulha é inserida, uma pequena quantidade de sangue é coletada em um frasco ou seringa. O elástico é então removido para restaurar a circulação e o sangue continua a fluir para o frasco. Uma vez que sangue suficiente é coletado, a agulha é removida e o local da punção é coberto com um band-aid.
Este procedimento é relativamente indolor e geralmente leva apenas alguns minutos.
Recomendações pós-exame
Após o exame, você estará apto a dirigir para casa e realizar suas atividades normalmente. Os resultados podem levar alguns dias e você deve retornar ao médico para entender o que eles significam.
Periodicidade do exame
A periodicidade do exame irá depender de cada caso. Quando ele é utilizado como marcador evolutivo da doença em questão, poderá ser solicitado a cada três meses.
Riscos
O exame de PCR pode causar poucos riscos e todos eles de gravidade baixa. Como acontece em qualquer coleta de sangue, o paciente pode ter dor ou hematomas ao redor, além de sentir um pouco de fraqueza e, em alguns casos, tontura.
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Proteína C-reativa: valores normais
De acordo com Ibraim Masciarelli, cardiologista do Fleury Medicina e Saúde, os valores normais da proteína C-reativa e os que indicam doenças ou riscos são:
Indicador de risco cardiovascular
- Abaixo de 0,1 mg/dL: risco baixo;
- De 0,1 e 0,3 mg/dL: risco intermediário;
- Acima de 0,3 mg/dL: risco aumentado.
Indicador de processos infecciosos e/ou inflamatórios
- De 1,0 e 5,0 mg/dL: encontrado em infecções virais e processos inflamatórios leves;
- De 5,1 e 20,0 mg/dL: encontrado em infecções bacterianas e processos inflamatórios sistêmicos;
- Acima de 20,0 mg/dL: encontrado em infecções graves, grandes queimaduras e em politraumatismo.
O exame serve apenas como indicativo de inflamações e infecções, que devem ser tratadas com um médico especializado na região acometida. Se houver problemas no pulmão, por exemplo, um pneumologista deve ser consultado - da mesma forma que um cardiologista deve ser buscado para tratar condições no coração e um gastroenterologista para males que afetam o estômago.
Como dito anteriormente, não é possível confirmar que o paciente irá desenvolver uma doença cardíaca apenas com base nos resultados do PCR. Por isso, o médico poderá solicitar outros exames como eletrocardiograma, ecocardiograma, tomografia computadorizada e cateterismo.
O que pode afetar o resultado do teste
Segundo Claudio Gonsalez, existem condições que podem não estar propriamente relacionadas com processos inflamatórios ou infecciosos, mas que podem alterar os níveis de PCR no sangue e influenciar o resultado do exame, tais como:
- Uso de medicamentos, como anti-inflamatórios não-esteroides (AINE), aspirina, corticoides, estatinas, betabloqueadores, pílula anticoncepcional
- Terapia de reposição hormonal
- Uso de dispositivo intrauterino (DIU)
- Exercício físico intenso
- Gravidez.
Referências
(1) Ibraim Masciarelli, médico cardiologista do Fleury Medicina e Saúde, CRM 47375 SP
(2) Claudio Gonsalez, médico infectologista do Hospital Santa Paula CRM 57166 SP.
(3) Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/c-reactive-protein-test/about/pac-20385228
(4) US National Library of Medicine National Institutes of Health. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5471098/