Médica formada pela Universidade Federal da Bahia, Formação em Oncologia pela Universidade de São Paulo e Memorial Sloan...
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O que é Quimioterapia oral?
A quimioterapia oral é um tratamento para diversos tipos de câncer que consiste na administração de medicamento antineoplásico (ou seja, que destrói células malignas, inibindo a disseminação de um tumor) pela boca. Ele pode ser encontrado na forma de comprimidos, cápsulas ou líquido.
Para que serve a quimioterapia oral?
Os medicamentos quimioterápicos orais atuam para interromper a produção anormal de células que causam câncer. Por isso, eles podem ser usados como uma alternativa à quimioterapia intravenosa no tratamento contra diferentes tipos de câncer.
Para quem é indicada?
A quimioterapia via oral é indicada para o tratamento de diversos tipos de câncer, a depender da necessidade de cada paciente e do tipo de mutação que causou o tumor. “Para os tumores gastrointestinais, por exemplo, há medicamentos de via oral que podem ser utilizados em um momento específico do tratamento”, exemplifica Maria Ignez.
“Já para o câncer de pulmão, existem várias medicações de via oral que podem ser usadas, mas cada uma para uma alteração genética específica”, completa. “Então, quando se fala de um diagnóstico de câncer no pulmão, por exemplo, é preciso fazer um painel de pesquisa de alterações moleculares e, a depender da condição daquela neoplasia, o tratamento é feito via oral”, explica.
Crianças e idosos podem fazer tratamento quimioterápico via oral?
Maria Ignez explica que crianças podem, sim, fazer tratamento quimioterápico via oral. “Desde que o tratamento seja indicado para a doença específica que acomete a criança”, acrescenta. “A idade não é necessariamente uma restrição, mas nem todos os remédios que estão aprovados para uso em adultos também estarão aprovados para uso em crianças”, explica.
A oncologista adiciona também que, no caso das crianças, o tratamento deve ser feito com acompanhamento próximo, ajustando as doses diárias do medicamento de acordo com as necessidades da criança.
Já em relação aos idosos, a especialista afirma que a premissa é a mesma. “Não há restrição de idade, mas há alguns cuidados que precisam ser avaliados. Às vezes, um idoso com uma memória mais debilitada, ou que não possui um auxílio em casa, pode esquecer de tomar o medicamento na posologia certa”, considera.
Diferenças entre quimioterapia oral e intravenosa
A principal diferença entre a quimioterapia oral e a intravenosa está na forma de administração. Enquanto a primeira é feita por comprimidos, cápsulas ou medicamentos líquidos ingeridos via oral, a segunda é realizada por meio de catéter.
Em alguns casos, o medicamento quimioterápico oral é administrado como um tratamento complementar à quimioterapia intravenosa. Em outros, ela pode substituir completamente o tratamento feito por catéter. Apenas um médico especializado poderá avaliar individualmente a necessidade de cada paciente.
Medicamentos para quimioterapia oral
Entre os principais medicamentos para quimioterapia oral, estão:
- Ribociclibe, Palbociclibe, Anastrozol, Letrozol, Tamoxifeno: para câncer de mama;
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Cabepecitabina: para câncer colorretal;
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Erlolitinib, Gefitinibe, Osimertinibe, Crizotinibe, Alectinibe: para câncer de pulmão de células não pequenas;
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Imatinibe: para Leucemia Mieloide Crônica (LMC);
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Abiraterona, Enzalutamida, Apalutamida: para câncer de próstata;
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Procarbazina: para tumores cerebrais, melanoma maligno, carcinoma broncogênico, mieloma múltiplo, doença de Hodgkin e linfoma não Hodgkin;
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Temozolamida: para glioblastoma multiforme, glioma maligno e melanoma maligno;
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Sunitinibe: para tumor estromal gastrointestinal;
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Pazopanibe: para Carcinoma de Células Renais (RCC) e sarcoma de partes moles;
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Axitinibe: para carcinoma de células renais (RCC).
Tipos
De acordo com a oncologista Maria Ignez Braghiroli, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), existem dois tipos de quimioterapia oral:
“Há medicamentos que possuem uma ação no ciclo das células, onde elas se dividem, e há medicamentos com alvo bem definido, que atuam diretamente nos receptores que sofreram uma mutação específica e são chamadas de drogas-alvo”, explica a especialista.
No primeiro caso, a quimioterapia em comprimido atinge todas as células que se multiplicam rapidamente. Já na terapia-alvo, o antineoplásico oral atua na célula específica que sofreu mutação genética. Para isso, é preciso identificar qual mutação causou o câncer a ser tratado.
Contraindicações
De acordo com Maria Ignez, não há contraindicações para a quimioterapia oral. “Desde que o medicamento seja indicado para o câncer que será tratado, a única contraindicação é se a pessoa possui alguma dificuldade para engolir o remédio”, explica.
Considerações
Por outro lado, esse tipo de tratamento traz algumas desvantagens também. Um deles é o preço da quimioterapia via oral. “Nem todas as medicações entram no rol da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] para serem cobertas pelos planos de saúde”, comenta Maria Ignez.
Além disso, a especialista explica que, assim como a terapia intravenosa, a quimioterapia oral traz efeitos colaterais ao paciente. Veja esses e outros fatores a considerar sobre os medicamentos quimioterápicos:
Efeitos colaterais
Segundo Maria Ignez, os efeitos colaterais da quimioterapia oral variam muito de um medicamento para o outro. De maneira geral, alguns sintomas que podem surgir com o tratamento são:
- Náuseas e vômitos;
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Diarreia;
- Alterações na tireoide;
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Alterações no paladar;
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Alterações na pele;
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Queda de cabelo;
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Fadiga;
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Febre.
Os efeitos colaterais também variam de paciente para paciente. Por isso, é importante consultar um médico ao notar uma reação após o início da quimioterapia oral para que ele avalie medidas a serem tomadas, como uso de outros medicamentos para reduzir os efeitos da dose.
Cuidados importantes
O paciente que está tratando um câncer através da quimioterapia oral deve tomar alguns cuidados importantes ao administrar, manipular e armazenar os medicamentos. São eles:
- Tomar a dosagem diária correta;
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Seguir as orientações médicas acerca da alimentação durante o tratamento;
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Armazenar o medicamento em lugar fresco, arejado e sem luz solar;
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Não mastigar o comprimido;
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Realizar o descarte correto da caixa do medicamento após o uso (geralmente, na própria clínica de tratamento).
Esqueci de tomar uma dose, o que fazer?
Caso o paciente esqueça de tomar uma dose da quimioterapia oral, a orientação é seguir o tratamento com a próxima dose, sem nenhuma alteração. “Um esquecimento excepcional não traz nenhuma consequência para o tratamento. De maneira geral, recomendamos pular aquela dose e seguir no dia seguinte com a dose certa”, orienta Maria Ignez.
É preciso estar em jejum para tomar o medicamento?
Não necessariamente. O profissional responsável por prescrever o tratamento indicará a melhor forma para aliar alimentação e o quimioterápico, de acordo com cada caso. Isso porque alguns medicamentos possuem sua absorção favorecida pela alimentação e, outros, prejudicada.
Benefícios
O principal benefício da quimioterapia oral é que esse é um tratamento que pode ser feito em casa, dispensando o deslocamento até o centro de tratamento para a terapia. “A principal vantagem é, de fato, a conveniência”, considera Maria Ignez. “Não é necessário punção da veia, é possível fazer ajustes adequados para cada caso e para reduzir efeitos colaterais”.
Além disso, os medicamentos de terapia-alvo, ou seja, que atuam na mutação genética específica que gerou o câncer, são de rápida eficiência, podendo trazer efeitos positivos de forma mais acelerada do que o tratamento intravenoso.
Referências
Dra. Maria Ignez Braghiroli, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia