Formado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em Hematologia e Hem...
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O que é Linfoma de Hodgkin?
O linfoma de Hodgkin, também chamado de doença de Hodgkin, é um câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático. Este é um conjunto formado por órgãos e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e por vasos que conduzem estas células pelo corpo. Provoca sintomas como inchaço indolor dos gânglios linfáticos do pescoço, das axilas ou da virilha, fadiga persistente e febre.
O linfoma de Hodgkin, juntamente com o linfoma não Hodgkin, são os dois tipos mais comuns de câncer que podem acometer o sistema linfático. No entanto, o linfoma de Hodgkin é menos recorrente do que seu par.
Causas
Não está claro o que causa o linfoma de Hodgkin. Sabe-se que a maior parte dos casos de linfoma de Hodgkin ocorre quando uma célula de defesa, chamada de linfócito B, desenvolve uma mutação em seu DNA. Essa mutação faz com que as células se dividam muito rapidamente e continuem a viver — ao contrário de uma célula normal, que naturalmente morreria.
Neste processo, o sistema linfático logo passa a ter um amontoado de células mutantes e anormalmente grandes, que ocupam o espaço que poderia ser de células saudáveis, causando, assim, os sinais e sintomas característicos do linfoma de Hodgkin.
Tipos
Existem vários tipos de linfoma de Hodgkin. Essa classificação se dá de acordo com as células envolvidas e o comportamento que elas desenvolvem. Veja detalhes sobre cada tipo:
Linfoma de Hodgkin clássico
O linfoma de Hodgkin clássico é o tipo mais comum da doença e pode, ainda, ser dividido em subtipos. As pessoas diagnosticadas com este tipo de linfoma de Hodgkin apresentam células maiores e anormais nos nódulos linfáticos, chamadas de células de Reed-Sternberg.
Os subtipos de linfoma de Hodgkin clássico incluem:
- Linfoma de Hodgkin de esclerose nodular
- Linfoma de Hodgkin celularidade misturada
- Linfoma de Hodgkin com depleção linfocitária
- Linfoma de linfócitos rico Hodgkin clássico
Linfoma de linfócitos-predominantes de Hodgkin
O linfoma de linfócitos-predominantes de Hodgkin é um tipo mais raro da doença e seus portadores apresentam grandes células anormais, que às vezes são chamadas de células “pipoca” devido à sua aparência. O tratamento para este tipo de linfoma pode ser diferente do tipo clássico. Se diagnosticadas no início, as pessoas com linfoma de linfócitos-predominantes de Hodgkin podem ter mais chances de cura.
Sintomas
Sintomas de linfoma de Hodgkin
Os principais sintomas do linfoma de Hodgkin são:
- Inchaço indolor dos gânglios linfáticos do pescoço, axilas ou da virilha
- Fadiga persistente
- Febre e calafrios
- Suores noturnos
- Perda de peso repentina e inexplicável (aproximadamente 10% do peso corporal)
- Tosse
- Dificuldade para respirar
- Dor no peito
- Perda de apetite
- Prurido intenso
- Aumento da sensibilidade aos efeitos do álcool no organismo ou dor nos nódulos linfáticos após a ingestão de bebidas alcoólicas
Diagnóstico
O diagnóstico de linfoma de Hodgkin é feito a partir de um exame físico, a fim de procurar vestígios de inchaço no pescoço, nas axilas, na virilha, no baço e no fígado. Em seguida, um exame de sangue é feito e a amostra é enviada para laboratório, onde será analisada para verificar se há possibilidade de câncer.
Além do exame de sangue, também é fundamental a realização de uma biópsia. Durante o procedimento, remove-se uma pequena amostra de tecido para análise laboratorial. A biópsia pode ser feita de diferentes maneiras:
- Biópsia excisional ou incisional: o médico faz uma incisão na pele e remove um gânglio inteiro (excisional) ou uma pequena parte dele (incisional)
- Biópsia de medula óssea: o médico retira um pequeno fragmento da medula óssea por meio de uma agulha. Este tipo de biópsia, no entanto, não é capaz de diagnosticar o linfoma de Hodgkin, mas é fundamental para determinar a extensão da disseminação da doença
Também são necessários exames de imagem para determinar a localização das tumorações no corpo, já que os linfócitos mutantes podem espalhar-se para além do sistema linfático do paciente. Os exames mais comuns são:
- Radiografias
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética
- Cintigrafia com Gálio
- PET (tomografia com emissão de pósitrons)
Além destes, podem ser utilizados outros tipos de exames que ajudam a determinar características específicas das células tumorais nos tecidos em que houve biópsia. Estes testes incluem:
- Estudos de citogenética para determinar alterações cromossômicas nas células
- Imunohistoquímica, na qual anticorpos são usados para distinguir os diferentes tipos de células cancerosas
- Estudos de genética molecular, que são testes de DNA e RNA altamente sensíveis para determinar traços genéticos específicos das células cancerosas
Estágios do linfoma de Hodgkin
Com o diagnóstico concluído de linfoma de Hodgkin, o especialista atribuirá o linfoma de Hodgkin a uma fase específica. Saber disso é fundamental para determinar o prognóstico e as opções de tratamento.
- Estágio 1: o câncer é limitado a um linfonodo ou órgão específico.
- Estágio 2: o câncer está em dois nódulos linfáticos distintos ou, então, em uma porção de tecidos, órgãos ou nódulos. Nesta fase, o câncer ainda está limitado a uma parte do corpo (geralmente acima ou abaixo do diafragma).
- Estágio 3: o câncer se expande para os nódulos linfáticos acima e abaixo do diafragma. Atinge, também, uma porção de tecidos, órgãos ou linfonodos.
- Estágio 4: a fase mais avançada do linfoma de Hodgkin, em que as células cancerosas já estão presentes em vários órgãos e tecidos do corpo. No estágio 4, o câncer não afeta apenas gânglios linfáticos, mas também outros órgãos, como fígado, pulmões e ossos.
Classificação do linfoma de Hodgkin
O médico também utiliza as letras A e B para indicar se o paciente tem sintomas do linfoma de Hodgkin ou não.
- A significa que o paciente não apresenta quaisquer sintomas significativos e que estejam relacionados ao câncer.
- B indica que o paciente pode ter sinais e sintomas significativos em decorrência do linfoma, como febre persistente, perda de peso não intencional e suores noturnos.
Fatores de risco
Entre os principais fatores que aumentam o risco de linfoma de Hodgkin estão:
- Idade: o linfoma de Hodgkin é mais frequentemente diagnosticado em pessoas entre os 15 e os 35 anos e em pessoas com idade superior a 55 anos
- Histórico familiar: uma pessoa que tiver algum parente de sangue próximo diagnosticado com linfoma de Hodgkin ou linfoma não Hodgkin, como um irmão ou uma irmã, tem maior risco de desenvolver a doença
- Sexo: pessoas do sexo masculino têm mais probabilidade de desenvolver linfoma de Hodgkin do que pessoas do sexo feminino
- Infecção pelo vírus Epstein-Barr: pessoas que já tiveram doenças causadas pelo vírus Epstein-Barr, como mononucleose infecciosa, também são mais propensas a desenvolver o linfoma de Hodgkin
- Sistema imunológico enfraquecido: ter o sistema imunológico comprometido, assim como acontece com pessoas soropositivas, ou com pessoas que passaram por um transplante de órgão, também eleva as chances de desenvolver linfoma de Hodgkin
Na consulta médica
Entre os especialistas que podem diagnosticar um linfoma de Hodgkin estão:
- Clínico geral
- Oncologista
- Imunologista
Tratamento
O tratamento para linfoma de Hodgkin pode variar de acordo com o tipo e com o estágio do câncer, além de fatores como a condição de saúde do paciente. O principal objetivo é destruir o maior número possível de células cancerosas, fazendo com que a doença entre em remissão.
O tratamento clássico da doença é feito a base de poliquimioterapia (quimioterapia com múltiplas drogas), com ou sem radioterapia. Para os pacientes que sofrem recaídas — isto é, para aqueles que sofrem com a recorrência da doença, as alternativas vão depender da forma inicial de tratamento. Os métodos mais utilizados de tratamento incluem:
- Quimioterapia: é um tratamento medicamentoso que usa produtos químicos para matar as células causadoras do linfoma. É benéfico especialmente na fase inicial da doença. No linfoma de Hodgkin avançado, a quimioterapia pode ser usada tanto isoladamente como em combinação com a terapia de radiação
- Radioterapia: utiliza raios de alta energia, semelhantes ao raio X, para matar as células cancerosas. Para o linfoma de Hodgkin clássico, a terapia de radiação pode ser utilizada isoladamente, mas é muitas vezes utilizada após a quimioterapia. Pessoas com linfoma em estágio inicial de linfócitos-predominantes de Hodgkin podem realizar somente sessões de radioterapia
- Transplante de medula óssea: é uma opção para os pacientes já em estado avançado do linfoma de Hodgkin. O objetivo é substituir a medula óssea doente por células-tronco saudáveis que deem origem a uma nova medula. Esta também costuma ser uma opção de tratamento para casos de linfoma reincidente
- Imunoterapia: é um tratamento biológico que tem como intuito fortalecer o sistema imunológico do paciente, fazendo com que seu próprio organismo seja capaz de reconhecer e destruir as células cancerosas. Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para combater qualquer tipo de agente invasor, como vírus, bactérias e até mesmo o câncer. Atualmente, as imunoterapias disponíveis para o tratamento são pembrolizumabe, nivolumabe, brentuximabe vedotina e rituximabe
Tem cura?
O linfoma de Hodgkin tem cura se for diagnosticado e tratado ainda nos primeiros estágios da doença. Com o tratamento adequado, mais de 90% das pessoas com linfoma de Hodgkin em estágios I ou II sobrevivem. Se a doença tiver se propagado, o tratamento é mais intenso, mas o índice de cura costuma ser superior a 70%.
Quando há reincidência o prognóstico é um pouco pior, mas as chances de remissão continuam sendo grandes. Um paciente em remissão precisará fazer exames e visitas regulares ao médico durante anos mesmo após o fim do tratamento. Isso ajudará o médico a verificar sinais de retorno do câncer e detectar efeitos dos tratamentos que surgem no longo prazo.
Convivendo (Prognóstico)
Durante e após o tratamento de linfoma de Hodgkin, é importante adotar alguns hábitos para melhorar a qualidade de vida do paciente. Algumas estratégias podem ser assumidas, como:
- Informe-se: saiba e leia mais sobre o linfoma de Hodgkin. Aprender sobre o câncer pode ajudá-lo a se sentir confortável em tomar decisões sobre o tratamento e cuidados. Além de conversar com o médico sobre a doença, procure informações em bibliotecas e na internet. Sites de órgãos oficiais e de institutos especializados em câncer podem ser interessantes
- Encontre apoio: ter o apoio de outras pessoas pode ajudar a lidar melhor com os problemas, dores e ansiedade que eventualmente surgirão durante o tratamento. Alguns amigos e familiares podem ser seus melhores aliados, no entanto, também pode ser difícil para as pessoas mais próximas lidarem com a doença. Neste caso, procure grupos de apoio especiais para o linfoma de Hodgkin. Além de encontrar apoio, você também entra em contato com pessoas que passam pelos mesmos problemas e dificuldades que você
- Estabeleça metas razoáveis: ter objetivos pode ajudá-lo a se sentir no controle e pode incentivá-lo a ir em frente. Evite definir metas que você não pode alcançar
- Descanse: comer bem, relaxar e descansar bastante pode ajudar a combater o estresse e a fadiga causados pelo câncer
- Mantenha-se ativo: receber um diagnóstico de câncer não significa que você tem que parar de fazer as coisas que você gosta. Muito pelo contrário. Se você se sentir bem o suficiente para fazer alguma coisa, vá em frente. É importante manter-se ativo e envolvido em outras atividades tanto quanto você puder
Complicações possíveis
A principal complicação do linfoma de Hodgkin é o avanço do câncer que culmina na morte do paciente. No entanto, o tratamento para a doença também pode trazer alguns problemas, principalmente no longo prazo, tais como:
- Doenças da medula óssea (como a leucemia)
- Cardiopatia
- Infertilidade
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- Problemas pulmonares
- Outros tipos de câncer
- Distúrbios da tireoide
A quimioterapia pode provocar baixos níveis de células sanguíneas, o que pode levar a um maior risco de hemorragia, infecção e anemia. As infecções devem ser sempre levadas a sério durante o tratamento contra o câncer. Entre em contato com um médico imediatamente se desenvolver febre ou outros sinais de infecção. Planejar as atividades diárias com períodos de descanso programados pode ajudar a prevenir a fadiga associada à anemia.
Referências
Ministério da Saúde
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Sociedade Americana de Câncer