Possui Graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP (1992), Especialização em Oftalmologia (19...
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O que é Vitrectomia?
A vitrectomia é um procedimento cirúrgico oftalmológico que consiste na remoção do vítreo, líquido gelatinoso e viscoso que preenche o espaço entre a lente e a retina do olho. Ele é responsável por manter a retina no lugar e pela forma esférica do olho. O procedimento é indicado para tratar uma variedade de condições oculares, como retinopatia diabética, descolamento de retina e buraco macular.
Tipos
Os tipos de vitrectomia variam de acordo com o objetivo da cirurgia e a extensão da intervenção. São eles:
- Posterior: é realizada para a remoção do vítreo que está atrás da lente intraocular ou atrás do cristalino. Uma variação desse tipo de vitrectomia é feita a laser, recomendada para casos em que há alterações vasculares na retina
- Anterior: é utilizada para remover o humor vítreo da parte anterior do olho. Geralmente, ela é feita em casos de complicações de cirurgias de catarata
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Como a vitrectomia é feita?
A cirurgia de vitrectomia é realizada através de pequenas incisões na esclera, a parte branca do olho. Através delas, são inseridos instrumentos microscópicos que permitem a remoção do vítreo e o tratamento de problemas na retina, conforme explica André Maia, oftalmologista da Retina Clinic do Grupo Fleury. O procedimento é feito em ambiente cirúrgico, sob anestesia local ou geral.
Após a retirada do vítreo, o cirurgião pode realizar tratamentos adicionais, como reparar uma retina descolada, tratar hemorragias ou remover tecido cicatricial, por exemplo. Em seguida, o vítreo pode ser substituído por uma solução salina, gás ou óleo de silicone, para manter a forma do olho e sustentar a retina. Cada uma dessas substâncias tem indicações próprias e vantagens.
Indicações da vitrectomia
A vitrectomia é indicada para tratar problemas que afetam a retina e o vítreo do olho, como:
- Descolamento de retina
- Retinopatia diabética
- Buraco macular
- Hemorragia vítrea
- Traumatismos oculares
- Membrana epirretiniana
Com frequência, a vitrectomia posterior pode ser associada a outros procedimentos cirúrgicos, visando tratar de forma abrangente as condições oculares, como:
- Retinopexia (correção de descolamento de retina)
- Remoção de membranas
- Cirurgia de catarata
- Aplicação de laser
Preparação para a vitrectomia
Antes da cirurgia, é importante que o oftalmologista avalie a saúde ocular do paciente, que também deve ter uma avaliação clínica completa. Isso inclui exames pré-operatórios para verificar a condição geral do paciente. Além disso, ele deve informar ao médico sobre todos os medicamentos e suplementos que está tomando, especialmente anticoagulantes, pois podem aumentar o risco de sangramento durante e após a cirurgia.
De acordo com André, o paciente também deve interromper o uso de medicamentos que possuem afinidade com o peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), como a semaglutide, cerca de 2 a 3 semanas antes da cirurgia.
Contraindicações
Assim como qualquer procedimento cirúrgico, a vitrectomia possui contraindicações que devem ser avaliadas pelo oftalmologista. Segundo André, são elas:
- Condições de saúde debilitadas: pacientes com condições de saúde graves ou instáveis, como doenças cardíacas não controladas, podem não ser candidatos ideais para a cirurgia devido ao risco de complicações
- Infecções oculares graves: a presença de uma infecção ocular ativa, como endoftalmite, pode contraindicar a cirurgia até que a infecção seja tratada e resolvida
- Expectativa de resultados: em alguns casos, a extensão do dano à retina ou outras estruturas oculares pode ser tal que a cirurgia não oferecerá benefício significativo. Nestes casos, o oftalmologista pode desaconselhar o procedimento
- Condições inflamatórias: doenças inflamatórias oculares ativas, como uveítes, podem necessitar de tratamento e controle antes de considerar a vitrectomia
“É fundamental que o paciente discuta abertamente com o oftalmologista sobre seu histórico médico, medicamentos em uso e quaisquer preocupações que possa ter. Uma avaliação completa e uma comunicação clara são essenciais para determinar a elegibilidade e o risco associado à vitrectomia para cada paciente”, aponta André.
Como é o pós-operatório da vitrectomia?
O pós-operatório da vitrectomia consiste em alguns cuidados que devem ser tomados pelo paciente, para evitar complicações e garantir a recuperação. Segundo André, são eles:
- Medicamentos: o oftalmologista prescreverá colírios antibióticos e anti-inflamatórios, que ajudam a prevenir infecções e a controlar a inflamação
- Conforto e descanso: é normal sentir algum desconforto, sensação de corpo estranho ou leve ardência no olho operado. O ideal é descansar e evitar esforços nos primeiros dias
- Proteção ocular: é recomendado utilizar o uso de um protetor ocular, especialmente durante o sono, para evitar acidentalmente tocar ou esfregar o olho
- Restrições de atividades: atividades físicas intensas, como levantar pesos, ou se inclinar devem ser evitados nas primeiras semanas
- Posicionamento: se gás ou óleo de silicone foi utilizado durante a cirurgia, o médico pode orientar o paciente a manter uma posição específica da cabeça por determinados períodos
- Viagens e pressão atmosférica: em casos em que gás foi utilizado, deve-se evitar viagens de avião ou locais com grandes variações de altitude. A mudança de pressão pode fazer o gás se expandir, aumentando a pressão no olho e causando complicações
- Consultas de retorno: são marcadas para monitorar a recuperação. É essencial não faltar a essas consultas, pois permitem ao médico identificar e tratar precocemente qualquer complicação
- Sinais de alerta: qualquer alteração como aumento da dor, diminuição da visão, secreção ou vermelhidão intensa deve ser comunicada imediatamente ao oftalmologista
“A recuperação bem-sucedida da vitrectomia depende tanto da habilidade do cirurgião quanto da adesão do paciente às recomendações pós-operatórias. É fundamental seguir todas as orientações médicas e manter uma comunicação aberta com o oftalmologista durante o período de recuperação”, finaliza André.
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Referências
Manual MSD