Possui Graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP (1992), Especialização em Oftalmologia (19...
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O que é Retinopatia diabética?
A retinopatia diabética é uma condição caracterizada por lesões na retina, a fina camada de tecido localizada na parte posterior do olho, causada pelo diabetes não controlado. Isso porque a elevação persistente dos níveis de açúcar (glicose) no sangue resultam no enfraquecimento das paredes dos vasos sanguíneos, deixando-as propensas a lesões. A complicação pode causar pequenos sangramentos e saída de fluido na própria retina e, como consequência, levar à perda da acuidade visual.
Causas
A retinopatia diabética é causada pela elevação persistente dos níveis de glicose no sangue ao longo do tempo, que danifica as paredes dos vasos sanguíneos e prejudica a circulação de sangue adequada, fazendo com que haja perda de líquido e pequenos sangramentos.
“Quando os níveis de glicose no sangue estão persistentemente elevados, há um impacto negativo em todo o sistema vascular, especialmente nos delicados vasos sanguíneos da retina. Com o tempo, esses vasos podem enfraquecer e até romper, vazando líquido e sangue na retina. Em resposta a essa agressão, o organismo pode tentar criar novos vasos sanguíneos, mas estes são geralmente frágeis e propensos a vazamentos, exacerbando o problema”, explica André Maia, oftalmologista especialista em retina da Retina Clinic.
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Tipos
O diabetes pode causar dois tipos de alterações nos olhos:
- Retinopatia diabética não proliferativa: é a forma inicial da doença, em que os vasos sanguíneos pequenos da retina extravasam fluido ou sangue, e pode ocorrer inchaço na área afetada pelo derrame, provocando danos a áreas do campo de visão. Os pacientes apresentam embasamento da visão central e dificuldade de leitura
- Retinopatia diabética proliferativa: representa o estágio mais avançado da doença. Nesta fase, o olho tenta compensar a falta de oxigênio na retina, criando novos vasos sanguíneos. No entanto, esses vasos são frágeis e podem romper-se facilmente, levando a hemorragias no interior do olho e a potenciais descolamentos da retina
Sintomas
Inicialmente, a retinopatia diabética não provoca sinais ou sintomas. Contudo, com o passar do tempo, o paciente pode apresentar:
- Visão embaçada
- Dificuldade de ler
- Manchas escuras na visão
- Flashes de luz no campo de visão
- Perda de visão repentina, grave e indolor
É importante destacar que muitos desses sinais não são percebidos antes da cegueira. Por isso, pessoas com diabetes devem realizar consultas regulares com o oftalmologista — além de seguirem com o tratamento adequado para manterem os níveis de açúcar controlados.
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Diagnóstico
O diagnóstico da retinopatia diabética é feito por um oftalmologista a partir de um exame de vista, em que o especialista avalia a retina com um oftalmoscópio. Em alguns casos, pode ser necessária uma angiografia com florescência, exame que avalia os vasos sanguíneos do olho. Ele ajuda a determinar o local do derrame, as áreas de pouco fluxo sanguíneo e as áreas de nova formação de vasos anômalos.
Tratamento
O tratamento de retinopatia diabética depende do estágio e do tipo da doença. Segundo André, algumas das abordagens incluem:
- Injeções intraoculares: as injeções introduzem medicamentos diretamente no olho, que podem diminuir o inchaço da retina, reduzir o crescimento de vasos sanguíneos anormais e melhorar a visão. Existem duas classes de medicamentos que são usadas, os corticoides e os antiangiogênicos. Normalmente, os medicamentos são aplicados periodicamente, conforme a avaliação médica
- Laser fotocoagulação: a técnica utiliza energia do laser para selar os vasos sanguíneos que estão vazando ou para reduzir o inchaço. Ele também pode ser utilizado para impedir o crescimento de novos vasos sanguíneos
- Vitrectomia: se a hemorragia provocada pelos vasos sanguíneos lesionados for significativa ou nos casos em que a retina está descolada, pode ser necessário uma vitrectomia, um procedimento em que o sangue é extraído da cavidade onde está o humor vítreo (uma substância gelatinosa e viscosa que se encontra entre o cristalino e a retina)
De acordo com o especialista, os exames como mapeamento de retina e topografia de coerência óptica são essenciais para avaliar o prognóstico e a conduta em cada paciente.
Tem cura?
A retinopatia diabética não tem cura, mas os tratamentos disponíveis podem ser eficazes na preservação da visão, prevenindo danos futuros. “O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são essenciais para otimizar os resultados”, complementa André.
Prevenção
A melhor forma de prevenir a retinopatia diabética é controlar os níveis de açúcar no sangue e manter a pressão arterial nos níveis normais. Pessoas com diabetes devem manter consultas rotineiras com o oftalmologista, além de adotarem hábitos saudáveis de vida — como uma alimentação saudável e a prática regular de atividades físicas.
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“A retinopatia diabética, apesar de ser uma das complicações mais temidas do diabetes, não é uma sentença de perda de visão. Com a conscientização, diagnóstico precoce, tratamento adequado e medidas preventivas, é possível viver uma vida plena e com qualidade de visão”, aponta André.
Complicações possíveis
As principais complicações da retinopatia diabética são:
- Visão embaçada ou flutuante, dificultando a realização de tarefas diárias
- Desenvolvimento de glaucoma, uma condição causada pelo aumento da pressão dentro do olho
- Descolamento de retina, caracterizado pelo desprendimento da estrutura da retina da parte posterior do olho, provocando visão turva e pontos flutuantes (moscas volantes) na visão
- Cegueira, em casos extremos
Referências
Manual MSD