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Você se lembra das aulas de biologia da escola do oitavo ano ou do ensino médio, quando aprendemos sobre sistema nervoso? Dificilmente, não é mesmo! Mas você provavelmente se recorda que alguns estímulos do nosso corpo são controlados diretamente pelo nosso cérebro, sem que tenhamos que ficar pensando neles, como as batidas do coração, a respiração e as contrações dos músculos. Para refrescar mais ainda sua memória, isso ocorre devido ao sistema nervoso autônomo.
Mas não é porque o cérebro está cuidando dessas funções no piloto automático que isso significa que você não possa controlá-las! É para isso que serve o biofeedback. "A técnica seria mais especificamente a interação do nosso corpo com os aparelhos que medem várias de nossas reações nervosas e a leitura que os aparelhos fazem das reações de alguns aspectos do nosso sistema nervoso central. É uma conversa, que tem como propósito conhecer melhor nossas reações diante de determinadas situações e controlá-las", define a psicóloga Frinéa Souza Brandão, coordenadora da Neurofocus Psicoterapias e que desenvolve pesquisas com biofeedback junto a instituições nacionais e internacionais. Hoje a técnica de biofeedback é empregada para o tratamento de enxaqueca, incontinência urinária, bruxismo, ansiedade, transtorno bipolar, dor crônica e até a recuperação muscular no caso do treinamento esportivo.
Por exemplo, alguém que sente muitas dores de cabeça causadas por tensão muscular, a chamada cefaleia tensional, pode tratar isso com o biofeedback. Durante uma crise, o terapeuta colocará eletrodos nos músculos tensionados que estão ligados ao aparelho (que é sempre o mesmo). Eles vão emitir certa sinalização, que a máquina traduz em padrões. "A forma mais comum de retorno é um traçado de fácil compreensão, enquanto você mantém a contração ele se mantém igual, e quando você relaxa a musculatura, o risco desce", ensina o fisioterapeuta Jerri Godoy, do Centro de Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein. Depois de treinar um tempo com a verificação da máquina, é possível obter o mesmo resultado sem estar ligado ao aparelho e ter essa medida.
E a maior vantagem da técnica é que não utiliza remédios: "o biofeedback é uma poderosa ferramenta para desenvolver a capacidade de autorregulação, ou seja, do indivíduo atuar de forma consciente e reequilibrar sua fisiologia sem fármacos", explica o fisioterapeuta Marco Fabio Coghi, diretor da NPT - Neuropsicotronics, pesquisador e desenvolvedor da tecnologia de biofeedback cardiovascular.
Quer saber mais? Confira nossa galeria com as técnicas mais comuns e quais são suas aplicações para a saúde.
Games e interfaces
Normalmente esses dados são todos passados ao usuário através de linhas. "É mostrado um traçado, e o objetivo do paciente é justamente fazer que a linha alcance a posição que indicamos, o que significa que o estimulo está na frequência certa", resume o fisioterapeuta Jerri Godoy. Mas muitas vezes essa leitura pode ser complexa demais, ou mesmo muito abstrata. A solução então foi o uso da interface de um jogo. "Existem aparelhos de biofeedback que usam games para dar o feedback à pessoa, em tempo real. Os personagens reagem segundo os estímulos do sistema nervoso. Isso faz com que a pessoa envolva-se melhor à técnica, de forma mais natural, espontânea e interativa", explica Marcos Coghi.