Graduada em Odontologia pela Universidade de São Paulo (USP) desde 2004, Fabíola tem vasta experiência na área, atendend...
iA Ortopedia Funcional dos Maxilares (OFM) é uma especialidade da Odontologia que visa prevenir e tratar de problemas de má oclusão dentária, corrigindo desequilíbrios ósseos, musculares e de funcionamento dos maxilares, ao mesmo tempo que pode atuar no alinhamento dos dentes e em problemas da articulação temporomandibular (ATM).
Como o próprio nome diz, a OFM age através de estímulos funcionais, remodelando os ossos dos maxilares. A técnica visa o adequado crescimento e desenvolvimento das estruturas faciais envolvidas na mastigação. Para que a boca funcione adequadamente, os dentes devem possuir um encaixe ideal na oclusão e nos movimentos mandibulares, com as articulações trabalhando equilibradamente.
Uma das principais vantagens da Ortopedia Funcional dos Maxilares é a possibilidade do atendimento precoce, ou seja, assim que o problema for detectado. Desta forma, é possível atuar durante a fase de crescimento da criança, antes que o problema se instale ou se agrave. O tratamento em crianças antes dos 6 anos de idade possibilita uma melhor resposta do organismo devido a plasticidade dos tecidos moles e duros e garante uma melhor estabilidade dos resultados.
A partir dos 3 anos de idade, dependendo da alteração oclusal, é possível o início do tratamento ortopédico, seja através de ajustes oclusais, pistas diretas planas ou algum tipo de aparelho.
Os ajustes oclusais consistem na remoção de interferências dentárias nos contatos dos dentes ou nos movimentos mandibulares. As pistas diretas planas são alterações nos formatos dos dentes de leite com o acréscimo de resinas compostas, obtendo os contatos desejáveis entre dentes superiores e inferiores, usadas muito em casos de mordidas cruzadas e mordidas profundas.
Antes dessa idade, os pais deverão receber orientações quanto aos estímulos mais adequados para um bom funcionamento do sistema estomatognático, ou seja, dos músculos e estruturas envolvidos nos processos de mastigação.
É importante, também, observar se a criança está desenvolvendo um padrão de respiração nasal adequado, introduzir alimentos mais duros e fibrosos e estimular a remoção de hábitos bucais nocivos como chupeta, mamadeira, sucção digital e etc. Esses hábitos podem interferir no desenvolvimento correto, podendo levar a má oclusões como alterações no posicionamento dos dentes, desvio do crescimento dos ossos da maxila e mandíbula e deglutição, fonação e respiração inadequadas.
Segundo estudos, o desenvolvimento facial ocorre 40% por fatores genéticos e 60% por fatores do meio ambiente. E a influência do meio ambiente pode ser positiva (amamentação, respiração nasal e adequada mastigação) ou negativa (respiração bucal, chupeta, mamadeira, sucção digital etc). Há estudos que apontam que crianças com 6 anos de idade já possuem 80% da face pronta.
Com esses cuidados teremos o desenvolvimento e formato ideal das arcadas com espaço adequado para que todos os dentes se encaixem. Ao mesmo tempo proporcionando espaço correto para a língua, executando assim suas funções de fonação e deglutição com tônus e postura correta.
Tipos de má oclusão
Classe I - Esse tipo de problema é caracterizado por uma relação anteroposterior normal entre os molares superiores e inferiores. Esta situação pode, ou não, estar acompanhada por alterações esqueléticas nos planos verticais ou transversos ou por alterações dentárias, como dentes girados ou mal posicionados no arco.
Classe II - Casos em que a arcada inferior (mandíbula) está posicionada posteriormente à arcada superior (maxila), causando um espaço entre incisivos superiores e inferiores. Normalmente está associada à retrognatia mandibular, ou seja, falta de desenvolvimento antero-posterior da mandíbula.
Classe III - A arcada inferior se posiciona anteriormente à inferior, normalmente devido à falta de desenvolvimento da maxila, e pode estar associada ao prognatismo mandibular (excesso de desenvolvimento da mandíbula).
Mordida Aberta - Quando ocorre um espaço entre dentes superiores e inferiores no sentido vertical, e os dentes não conseguem cortar os alimentos. Crianças que chupam dedo ou chupeta muitas vezes apresentam mordida aberta.
Mordida Cruzada - Ocorre quando um ou mais dentes da arcada superior se encaixam por dentro dos dentes da arcada inferior, unilateral ou bilateralmente. Pode ocorrer por alterações nas proporções ou no posicionamento dos ossos, sendo assim de origem esquelética ou por alterações na forma e/ou posicionamento dentário.
Mordida Profunda - Nos casos em que os dentes superiores recobrem os dentes inferiores de maneira excessiva, ocorrendo situações em que não se enxerga os dentes inferiores ou que estes chegam a tocar o céu da boca. A mordida profunda dificulta os movimentos mastigatórios e está muito associada a problemas articulares.
Apinhamento - Este é um dos problemas ortodônticos mais comuns, ocorrendo pelo mal posicionamento de um ou mais dentes por falta de espaço nas arcadas, o que popularmente chamamos de "dente torto".
Como os problemas são corrigidos?
Uma das ferramentas mais utilizadas na OFM é o aparelho ortopédico funcional, que são aparelhos removíveis confeccionados em laboratórios específicos com resinas acrílicas, fios de aço e expansores. Não causam dor alguma e trabalham de maneira funcional e bimaxilar (sempre superior e inferior). Estes aparelhos estimulam neurônios sensoriais da região bucal, que levam a mensagem até o sistema nervoso central, e este responde remodelando estruturas ósseas, musculares e articulares.
Para um diagnóstico correto, o profissional deve sempre realizar uma avaliação estática e uma avaliação dinâmica, pois a oclusão estática pode estar correta e os dentes alinhados esteticamente. Mas ao realizar os movimentos mandibulares a boca pode não estar bem funcionalmente. É muito importante que o paciente seja tratado de forma multidisciplinar, devendo muitas vezes ser encaminhados para outros profissionais como médico otorrino, fonoaudilógos ou fisioterapeutas.
É importante destacar que, quanto mais rápido for o diagnóstico e a intervenção, melhor será a resposta do tratamento e a correção, diminuindo as necessidades de extrações dentárias e até mesmo o número de casos com indicação cirúrgica.