Mestre e Doutor em Oncologia e Médico Titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Membro da Sociedade Brasileir...
iQuando avaliamos exclusivamente o risco de desenvolver câncer de mama relacionando ao tamanho do seio, não existem resultados conclusivos na literatura médica - alguns estudos sugerem um aumento das chances, outros não.
Fato é que, em geral, mulheres com seios de grande volume tem obesidade, e essa doença é bastante relacionada ao aumento do risco de desenvolver câncer de mama. Isso que dizer que mulheres acima do peso tem um risco maior de desenvolver câncer de mama que mulheres dentro do peso ideal. Assim como pacientes que já tiveram câncer de mama e sofrem com obesidade tem maior risco de retorno da doença e maior risco de morte por câncer de mama.
Outro fator relacionado com as mamas de grande volume é o fato delas dificultarem o exame mamário, ou seja, é mais difícil para as pacientes e também para os médicos perceberem nódulos em meio a mamas volumosas.
O risco do câncer de mama invadir outros órgãos como pulmão, pleura, fígado e ossos, que é o que chamamos de metástase, não tem relação com o tamanho da mama e sim com o tamanho do tumor e suas características biológicas.
No entanto, as chances de o tumor invadir estruturas adjacentes, como músculo peitoral (o músculo que esta a abaixo da mama) bem como a pele, é maior nas mamas pequenas - e isso é bem mais evidentes no câncer de mama masculino, no qual o volume de glândula mamária do homem é muito pequeno.
Leia mais: Pigmentação nos seios recuperou autoestima de administradora após mastectomia
Retirada do tumor é diferente
Aqui temos dois aspectos: a retirada do tumor com margens de segurança amplas é mais factível em mamas grandes, ou seja, quanto maior o tamanho da mama mais fácil será retirar o tumor com margens de segurança e ainda ficar com um resultado estético satisfatório.
Na face oposta, mesmo tumores pequenos em mamas pequenas podem ser muito trabalhoso para o cirurgião, pois retiradas de pequeno volume em mamas pequenas podem resultar em um defeito muito evidente, deixando o resultado estético pouco satisfatório.
Devo me preocupar?
Em resumo, baseado no que foi explicado a cima, a questão mais importante é a relação mama/tumor, ou seja, a proporcionalidade do tamanho do tumor em relação ao tamanho da mama. Em mamas grandes até mesmo a presença de tumores de grandes proporções podem permitir a remoção parcial da mama (cirurgia conservadora) com bons resultados, já, em mamas pequenas até mesmo tumores pequenos podem pedir uma mastectomia. Essa indicação em relação ao tipo de cirurgia é extremamente personalizada e depende da avalição do médico e discussão com a pacientes.
A outra questão é que nas mulheres com mamas grandes podem ser necessárias cirurgias de redução mamária em conjunto com a cirurgia oncológica, permitindo o tratamento oncológico e funcional da mama. Nestes casos a cirurgia vai envolver a mama acometida por câncer e a mama saudável, a fim de deixar as duas mais equilibradas em relação a forma e tamanho. Esse tipo de procedimento, conhecido como cirurgia oncoplástica da mama, é cada vez mais executado pelos cirurgiões oncológicos e mastologistas em todo o mundo.
Saiba mais: Desvende 10 mitos sobre o câncer de mama
No geral, se a paciente se submete a cirurgia clássica a recuperação será semelhante independente do tamanho da mama. No entanto, se a cirurgia contemplou a redução das duas mamas, o período para completa recuperação é maior e há maiores riscos de complicações como necrose de pele e abertura dos pontos.
A redução da mama facilita inclusive o tratamento com radioterapia, minimizando as complicações da radioterapia que chamamos de radiodermite. As mamas grandes têm maior probabilidade de sofrerem de radiodermite que as pequenas, principalmente nas regiões de dobra da mama (sulco inframamário).