Médica Infectologista graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com residência médica pela Universidade...
iA Profilaxia Pós-exposição (PEP), estratégia para prevenção da infecção pelo HIV, foi inicialmente disponibilizada para profissionais de saúde que acidentalmente se expunham ao HIV (com agulhas e outros instrumentais contaminados) ou para vítimas de violência sexual. Desde 2010, no entanto, existe a versão PEP sexual. Esta é uma estratégia complementar ao sexo seguro, indicada para pessoas que se expuseram a situações sexuais de risco para infecção pelo HIV: falha no uso ou ainda rompimento de preservativos. A ideia da PEP é que tão logo a pessoa tenha sido exposta, ela seja avaliada e testada para o HIV. Essa medida irá verificar se ela já havia sido infectada anteriormente - fator que impossibilitaria o uso da PEP -, uma vez que logo após a exposição não é possível saber se a pessoa contraiu o vírus ou não. Caso o parceiro esteja presente na consulta, ele também passa pela testagem e, se indicado, é dado início ao uso de medicamentos antirretrovirais.
Os medicamentos são os mesmos que compõem o arsenal terapêutico para tratamento do HIV e a PEP é mais eficaz quanto iniciada logo após a exposição ao risco. O limite é de 72 horas após a exposição, mas o ideal é procurar atendimento imediato. O tratamento preventivo deve ser mantido por 28 dias. Quando indicado, ele será ainda continuado por seis meses, com testagem para outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), como sífilis, hepatite B e hepatite C.
Como todo e qualquer medicamento, a PEP pode (ou não) causar efeitos adversos a quem a toma. Quaisquer dificuldades devem ser discutidas com a equipe de saúde que atende a pessoa exposta - e para eficácia da prevenção é importante fazer uso regular dos remédios por todos os 28 dias.
Todas as pessoas que entenderem ter se exposto a situação de risco devem procurar atendimento e serão avaliadas. No estado de São Paulo, é possível encontrar as unidades de atendimento no site da Secretária Estadual de Saúde ou ainda, para todo o Brasil no portal do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
A PEP foi pensada como medida de exceção e de forma nenhuma substitui o uso do preservativo. Os medicamentos protegem contra a infecção caso tenha havido exposição ao HIV e têm este efeito somente se utilizados religiosamente durante o período recomendado. Além disso, seu efeito só existe enquanto a pessoa estiver fazendo uso dos medicamentos. O fato de ter usado a PEP recentemente não impede, de forma nenhuma, que aquela pessoa venha a se infectar pelo HIV em outra exposição de risco. Além disso, a PEP não evita o contágio por outras DST.
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Entendo hoje que o combate à epidemia de HIV/Aids precisa utilizar estratégias combinadas e a PEP é uma delas. E como toda estratégia de emergência, é importante que todos a conheçam e saibam onde procurar ajuda. Essa ideia deve estar ao alcance da mão, assim como a camisinha. Se a camisinha falhar, as pessoas precisam saber para onde correr. Esteja esperto.