Médico infectologista diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).
No Brasil, a incidência do HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é uma preocupação constante. De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, estima-se que milhões de pessoas convivam com o HIV no país. Esse panorama reforça a importância de campanhas como o Dezembro Vermelho.
A campanha começou em 2017 como um movimento para alertar e conscientizar a população sobre HIV, Aids e as ISTs, e tem como objetivo principal reduzir a estigmatização, promover o diagnóstico precoce e incentivar o tratamento adequado dessas doenças.
O Dezembro Vermelho reforça que a melhor melhor forma de se prevenir contra o HIV e ISTs é estar bem informado, o que faz ter consciência de que uso correto e consistente de preservativos em todas as relações sexuais é fundamental e que fazer exames periodicamente e conversar abertamente com os parceiros(as) sobre histórico médico e testes de ISTs são atitudes que minimizam o risco.
O aumento de casos de HIV entre jovens é uma preocupação atual e, segundo o infectologista Álvaro Costa, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), a falha está na comunicação. “Precisamos colocar a discussão sobre HIV nas escolas, falar com os pais, promover projetos sociais, capacitar agentes comunitários para falar sobre o assunto e quebrar paradigmas fundamentalistas”, explica.
“Enquanto não reconhecermos nossas zonas de ineficiência de comunicação, continuaremos tendo casos de HIV em jovens. Atualmente, nossa mensagem não chega a eles, já que os jovens tendem a se sentir completamente invulneráveis e acreditam absolutamente que não vão pegar nenhuma doença”, alerta o especialista.
Fique atento aos sintomas
Conhecer os sintomas de Aids e das principais ISTs é essencial para identificar precocemente possíveis infecções. No caso da doença provocada pelo vírus HIV, os sintomas podem incluir febre persistente, perda de peso inexplicada, diarreia prolongada e infecções recorrentes. Já sífilis, gonorreia, HPV e herpes genital apresentam sinais específicos, como feridas genitais, corrimento anormal, verrugas e coceira na região genital.
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Atualmente, porém, existem tratamentos eficazes para essas doenças. No caso do HIV/Aids, os medicamentos antirretrovirais são essenciais para impedir a progressão da doença, permitindo uma vida saudável.
Além disso, há medicamentos que previnem que a pessoa contraia o vírus (profilaxia pré-exposição - PrEP) e que evitam que o vírus se instale no organismo caso a pessoa que tenha tido contato com o vírus procure ajuda em até 72h (profilaxia pós-exposição - PEP).
“O tratamento imediato é um das mantras para o controle do HIV. Assim que diagnosticado, o tratamento medicamentoso deve começar imediatamente, já que, com isso, a pessoa não tem o sistema imunológico sobrecarregado e ainda o preserva”, explica o diretor da Sociedade Paulista de Infectologia.
Hoje, o tratamento contra o HIV não se parece nem um pouco com o de antigamente. “Há muitos mitos a respeito do tratamento por conta daquele aplicado nos anos 90. Realmente, naquela época era mais complicado, mas hoje não: o tratamento é tranquilo, tolerável e quem se trata adequadamente tem expectativa de vida totalmente igual a quem não tem HIV”, detalha o médico.
Para as ISTs provocadas por bactérias, como sífilis e gonorreia, antibióticos podem ser prescritos para eliminar a infecção. No entanto, o tratamento varia de acordo com a condição e deve ser orientado por um especialista. Consultar um médico regularmente é importante para entender os riscos, tratar e também proteger outras pessoas.
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