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A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, que provoca principalmente falta de ar e chiado no peito, pois o pulmão das pessoas com asma é diferente de quem é saudável, como se os brônquios fossem mais sensíveis e inflamados - reagindo ao menor sinal de irritação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil convivem com esse problema. E dados do DATASUS, o banco de dados do Sistema Único de Saúde, ligado ao Ministério da Saúde, apontam que ocorrem no Brasil, em média, 350.000 internações anualmente, colocando a asma como a terceira ou quarta causa de hospitalizações pelo SUS (2,3% do total).
Mesmo sendo uma doença crônica com alta incidência entre adultos e crianças muitas vezes os sintomas da asma são negligenciados e não são tratados adequadamente. O problema é que quando a asma não é tratada de forma correta ela pode causar sérios impactos na vida cotidiana do paciente desde insônia, cansaço durante o dia, diminuição do nível de atividades, falta na escola e no trabalho e até mesmo internações com necessidade de altas doses de medicamentos.
A asma pode variar de pessoa para pessoa e um mesmo paciente pode apresentar diferentes manifestações da doença dependendo da gravidade dos sintomas, pois há épocas que eles se manifestam de forma mais branda, bem como períodos de fortes crises, necessitando, muitas vezes, de atendimentos de emergência e até mesmo internação.
Aproximadamente 80% das pessoas com asma sofrem crises quando expostas a alguma substância transportada pelo ar, como ácaros, poeira, poluição, pólen, mofo, pelos de animais, fumaça de cigarro e partículas de insetos. Substâncias químicas como tinta, desinfetantes e produtos de limpeza também podem desencadear uma crise. Quando aspirados, esses agentes podem irritar os brônquios e levar à piora da doença. Infecções virais, como o resfriado comum ou a gripe, também constituem causa importante para o desencadeamento de uma crise de asma.
Asma grave
A asma pode ser classificada em níveis de gravidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, asma leve é aquela que, para ser bem controlada, necessita de baixa intensidade de tratamento; asma moderada é aquela que necessita de intensidade intermediária; e asma grave, de alta intensidade de tratamento.
Os principais incômodos da asma grave não controlada podem ser respiração ofegante principalmente à noite, tosse com ou sem produção de escarro e sensação de repuxar a pele das costelas durante a respiração. Em casos de emergência o paciente pode apresentar lábios de cor azulada, pulsação rápida, sudorese e ansiedade grave devido à deficiência respiratória, dor no peito e aperto no tórax.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os pacientes com asma grave chegam a procurar cinco vezes mais hospitais do que os outros pacientes e são hospitalizados 20 vezes mais.
Sintomas não controlados
Uma das razões pelas quais os pacientes com asma grave apresentam crises e são hospitalizados com frequência é o pouco conhecimento que esses pacientes possuem sobre a doença. Os dados fazem parte do estudo Panorama da Saúde do Brasileiro, encomendado pela empresa Boehringer Ingelheim do Brasil, que atua no segmento de medicamentos, ao IBOPE para entender o quanto a população conhece as doenças respiratórias, suas percepções sobre sintomas, tratamentos e impacto nas atividades de rotina, com pessoas de diferentes classes, gêneros e localidades.
A pesquisa constatou que os pacientes com asma comumente se acomodam com os sintomas e as limitações da doença, sem procurar seu médico para confirmar se o quadro está ou não controlado. Para a realização do estudo foram entrevistadas 2010 pessoas entre maio e junho de 2015. Destas, 91% acreditam ter a asma "controlada"; no entanto 72% reconhecem as consequências da asma nas atividades de rotina simples, como trabalhar. Quando questionados sobre o que gostariam de saber a respeito de sua doença, 58% dos entrevistados responderam que buscam "dicas sobre como prevenir e controlar a asma".
Segundo o diretor da comissão de infecções respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Dr. Mauro Gomes, "é muito curioso notar que se por um lado a maioria dos pacientes percebe a doença como controlada; por outro reconhece o prejuízo nas atividades cotidianas e busca por dicas de como controlar a asma".
De acordo com a Global Initiative for Asthma (GINA), principal órgão internacional que reúne os estudos sobre a doença e elabora diretrizes de tratamento, os pacientes que apresentam um dos itens listados abaixo pelo menos uma vez nas últimas quatro semanas são considerados "não-controlados":
- Sintomas diurnos mais de duas vezes por semana
- Qualquer despertar noturno causado pela doença
- Uso de medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana
- Se a asma estiver limitando as suas atividades cotidianas.
Por isso, é fundamental conscientizar cada vez mais os pacientes sobre a importância do tratamento de manutenção da asma para se obter o controle da doença e reduzir o impacto disso em sua rotina. "Pessoas com asma costumam aceitar seus sintomas como sendo normais quando, na verdade, deveriam considerar procurar seu médico e reavaliar o seu tratamento", alerta o Dr. Mauro Gomes.Se você se identifica com esses sintomas de não controle da asma, não deixe de procurar um especialista para receber o tratamento adequado e viver com mais qualidade de vida.