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Ter acesso a uma vida mais saudável e ativa não é tão fácil para algumas pessoas, mesmo que elas estejam dispostas a correr atrás desse objetivo. É o caso da fisioterapeuta paulista Evelin Scarelli, que descobriu o câncer de mama aos 23 anos de idade.
Ela passou por mastectomia, quimioterapia, perda de cabelos, radioterapia e diversas cirurgias. E, mais recentemente, também precisou lidar com a rejeição das academias que visitou quando decidir dar início à prática de exercícios físicos.
Hoje, aos 28 anos, Evelin ainda está em tratamento, realizando hormonioterapia. "Essa fase é como se tivesse passado um tornado e você precisasse arrumar tudo o que foi destruído", conta ela. E, para recuperar o corpo durante o tratamento, os exercícios físicos são muito importantes.
"Os médicos me falavam sobre atividade física já durante a quimioterapia, para lubrificar a articulação. Além disso, um dos efeitos colaterais da quimio é a constipação, que pode melhorar com caminhadas. Mas, como nunca gostei de atividade física, acabei deixando para lá", ela relembra.
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Porém, com a evolução do tratamento, movimentar-se foi se tornando cada vez mais importante. Os médicos começaram a cobrar e Evelin, então, decidiu caminhar junto com o pai, seu grande parceiro em todos os desafios da doença: "Nós éramos totalmente sedentários, mas, com o tempo, fui me animando. Hoje, ele corre até 10 km".
"Tive câncer e quero treinar"
Foi então que, motivada, ela teve a ideia de começar a malhar. Decidiu se inscrever em uma unidade de uma grande rede nacional de academias. "Não passei da recepção", conta. Após dizer que queria treinar, mas que tinha passado por uma mastectomia por causa do câncer, recebeu a recomendação para encontrar um profissional especializado para fazer atividades em casa. "Disseram que não tinham capacidade para o que eu preciso", lembra.
Apesar do balde de água fria que recebeu, Evelin quis tentar novamente, dessa vez em uma academia menor no seu bairro. Conheceu as dependências e adorou a estrutura do local. Estava tudo certo, até que o câncer entrou em pauta e um educador físico foi chamado na conversa. Ele pediu que ela levasse os exames médicos e finalizou recomendando que fizesse fisioterapia ou pilates.
"Eu disse que queria ganhar massa muscular, condicionamento físico. Mas larguei mão e fui embora. Não quero ficar passando pelo estresse de alguém me lembrar o tempo todo que minha vida não é normal e que sou uma paciente oncológica", conta.
Desde então, Evelin tem se exercitado dentro de casa com a ajuda do cunhado, que é educador físico.
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Convívio social
Sim, ela consegue se exercitar em casa, mas o que Evelin mais sente falta é do convívio social e de poder viver normalmente.
"Queria conviver mais com as pessoas e isso me limita e desmotiva. Ando sempre com uma carta da minha médica dizendo que sou uma pessoa normal, ela diz 'minha paciente pode fazer qualquer atividade, inclusive musculação', mas não adianta", conta.
Entre os principais pontos que precisam ser melhorados nas academias, de acordo com Evelin, é o despreparo dos profissionais. Desde a pessoa que recepciona o aluno e começa a olhá-lo diferente depois que descobre sobre a doença até os professores que não aceitam treiná-lo, mesmo com a liberação médica.
"Ainda me consulto com um oncologista, passo por cirurgias, tenho suspeitas de novos tumores. Passo por muitas barreiras emocionais internas e, quando tentei ter uma vida mais social fazendo atividade física, acabei encontrando mais barreiras ainda. É o preconceito do que o outro acha que é o câncer", destaca ela.
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