Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Entra verão, sai verão e algumas questões sobre cuidados com a beleza durante a estação continuam sem resposta para muita gente. Na falta de informações, muitos acabam recorrendo a palpites de familiares ou amigos, na maior parte das vezes sem nenhuma garantia de que aquilo seja seguro.
Mas nem tudo que é tradicional é certo ou confiável. Muitas vezes, atitudes tomadas com a maior boa intenção acabam dando errado e tendo consequências negativas até para a saúde.
Por isso, as dermatologistas Bel Takemoto (membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica - SBCD - e da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD), Denise Chambarelli (especialista pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e Daniela Schmidt Pimentel(especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia) esclarecem, a seguir, dez dúvidas bem comuns de beleza no verão.
1. Maquiar o rosto e ir tomar sol pode causar manchas na pele?
Sim, e também pode causar alergias. "Maquiagens coloridas podem provocar fotoalergia, por conterem substâncias que, quando expostas à radiação ultravioleta, causam coceiras, vermelhidão e ardência", afirma Denise.
Se para você for muito difícil sair de casa "de cara lavada", ela sugere o uso de filtro solar com cor de base: "Apesar de não fixar tanto no corpo quanto a maquiagem, ele oferece proteção". Bel complementa: "Em geral, os pigmentos e ativos ou conservantes de maquiagens não propícias para a exposição ao sol não são testados para essa situação".
2. O protetor solar deve ser passado por baixo ou por cima da maquiagem?
Sempre por baixo. "O ideal é optar pelo uso do protetor solar diretamente na pele, para garantir que tenha boa aderência e maior eficácia. Maquiagem e quaisquer outros produtos devem ser usados sempre por cima do protetor solar", esclarece Denise.
O Consenso Brasileiro de Fotoproteção da SBD recomenda o uso de protetores solares com Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo de 30 e proteção contra os raios UVA, detectável nos rótulos por sinais de "+" ou pelas frases "Proteção UVA" ou "Proteção de amplo espectro". Vale para quem estiver sob o sol de qualquer parte do Brasil.
3. O uso de desodorantes para ir à praia ou à piscina deixa as axilas manchadas?
Sim. As axilas podem ficar manchadas caso estejam com desodorante e sejam expostas ao sol, e o perigo é maior com desodorantes que contenham álcool na fórmula. "Eles irritam a pele, estimulam a produção de sebo e podem causar manchas. O problema pode se agravar se o uso do desodorante for após a depilação", diz Denise.
É bom se consultar com um dermatologista para saber quais produtos podem ser usados com segurança para deixar as axilas livres de odores indesejados nessas ocasiões.
4. O cloro da piscina deixa os cabelos verdes?
Não. Contrariando a crença de muitas gerações, é o sulfato de cobre usado no tratamento da água das piscinas que deixa os cabelos esverdeados - e não o cloro. "Cabelos ressecados, com porosidade, estão mais suscetíveis a esse problema, pois as cutículas dos fios ficam mais abertas", explica Denise.
5. Passar camomila nos cabelos e tomar sol clareia os fios?
Nem sempre. De acordo com Bel, "cabelos castanhos e louros tendem a clarear apenas com a exposição ao sol, e o uso externo do chá de camomila pode potencializar discretamente esse clareamento". De toda maneira, nenhuma das dermatologistas aprova o uso de produtos caseiros sob o sol. "Sempre há o risco de o armazenamento trazer perigo à saúde das pessoas. Já atendi casos em que a mistura caseira foi colocada em um vasilhame que antes conteve limão, e o resultado foi queimadura na pele, causada pela fruta", conta Daniela.
6. Qual é a melhor maneira de cuidar dos cabelos no verão?
Denise recomenda o uso de cremes capilares com proteção solar e a realização frequente de hidratação dos fios. "E cabelos recém tingidos não devem ser expostos à química das piscinas por pelo menos 15 dias", lembra.
Para Bel, "o ideal é lavar bem os cabelos com xampu com fotoproteção e evitar o ressecamento com um cronograma capilar [hidratação, nutrição e reconstrução capilar] adequado e indicado por um dermatologista".
7. É possível se bronzear e se proteger contra o câncer de pele ao mesmo tempo?
Sim. "Mesmo com protetor solar aplicado, a pele produz melanina e se bronzeia", afirma Bel. O bronzeamento é ativado pelo organismo com a mera exposição ao sol, e os protetores apenas impedem que os raios ultravioletas UVA e UVB danifiquem as células da pele e levem a doenças como câncer de pele e queratose actínica ou a prejuízos estéticos como envelhecimento precoce e rugas.
Alguns protetores solares, inclusive, contêm em suas fórmulas substâncias que estimulam a produção de melanina, como betacaroteno.
8. Fórmulas caseiras para turbinar o bronzeado, como chá de folha de figo, são seguras?
Não. E estão vetadas pelas dermatologistas: "O risco de fitofotodermatose é enorme", alerta Daniela.
A fitofotodermatose é uma lesão causada pelo contato de determinados agentes químicos com a pele diante da exposição solar. "Não se chega ao bronzeamento, mas a queimaduras causadas pela combinação entre substâncias de frutas como o figo e o limão e a exposição solar. Isso gera ardência, coceira, bolhas e manchas que levam meses para desaparecer", observa.
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9. É permitido usar loções autobronzeadoras e depois tomar sol?
Sim. "Mas só depois de o corpo ter sido lavado, com água e sabão no banho, pelo menos uma vez. E sempre com o uso de protetor solar", ensina Daniela.
10. Que acessórios podem ajudar na proteção contra os raios ultravioletas na exposição direta ao sol?
Siga a check list de Bel:
- Boné ou chapéu de aba larga
- Óculos de sol com lentes de proteção UV
- Roupas que contenham proteção UV
- Sombrinhas com proteção UV.
Todos podem e devem ser usados na praia, na piscina e mesmo no dia a dia, sem esquecer de combiná-los ao uso diário do protetor solar. "A conscientização é parte da fotoproteção", finaliza a dermatologista.