Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
iMuitas pessoas costumam se perguntar: cirrose hepática é um tipo de câncer? Na verdade os dois quadros são bem diferentes entre si.
Para entender melhor, a cirrose hepática é a consequência de uma lesão crônica do fígado com fibrose e formação de nódulos de regeneração, deformando a estrutura do órgão. O resultado é a perda de função do fígado e alteração de fluxo sanguíneo, o que leva aos sintomas e complicações desta doença.
Já o câncer no fígado pode ser resultado de metástases de um câncer de outro órgão ou pode se originar no próprio órgão (uma neoplasia primária do fígado). O carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma é o mais prevalente dos tumores malignos do fígado e geralmente está ligado à cirrose hepática.
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Tanto a cirrose hepática quanto o carcinoma hepatocelular tem sintomas iguais, como:
- Fadiga
- Emagrecimento
- Náuseas
- Dor abdominal
- Icterícia (amarelamento dos olhos e da pele)
- Inchaço nas pernas
- Ascite (acúmulo de líquido no abdômen)
No entanto, o carcinoma pode apresentar também redução do apetite e febre, enquanto os sintomas de cirrose podem trazer também:
- Coceira
- Urina escura
- Alterações vasculares na pele
- Palma das mãos vermelhas
- Confusão mental.
Por isso que eles são facilmente confundidos.
Cirrose pode evoluir para um câncer de fígado
No entanto, a cirrose costuma ser a principal causa do câncer de fígado, além de outros fatores como:
- Vírus de hepatite B e C
- Álcool
- Doença hepática gordurosa não alcoólica
- Doenças hepáticas metabólicas e auto-imunes.
Além disso, todo paciente que apresenta cirrose hepática e sofre uma descompensação da doença deve necessariamente ser avaliado para descartar a ocorrência deste tumor. Esta avaliação é feita com exames de sangue e, principalmente, de imagem, como:
- Ultrassonografia
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética.
Prevenir é melhor do que remediar
A prevenção do câncer de fígado é feita evitando-se a ocorrência da cirrose hepática e com o rastreio dos pacientes de alto risco. A prevenção da cirrose é feita pelo diagnóstico precoce e tratamento das hepatites crônicas com destaque para as hepatites virais, aconselhamento a fim de evitar o consumo abusivo de álcool e controle dos fatores de risco para doença hepática gordurosa não alcoólica.
Nos pacientes que já apresentem cirrose hepática e em alguns pacientes com hepatite B crônica está indicada a realização semestral de ultrassonografia de abdômen para rastreio do câncer de fígado tendo em vista um diagnóstico mais precoce e, portanto, um melhor prognóstico com o tratamento adequado.