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Descobrir um câncer nunca é fácil. Informação, determinação e coragem, porém, são fundamentais para o diagnóstico precoce da doença, o que garante boas chances de recuperação aos pacientes. Com o câncer de mama, tipo que mais mata mulheres no mundo todo, não é diferente.
Temos um mês, outubro, que é dedicado exclusivamente a campanhas de divulgação e conscientização da doença. Apesar do medo que o diagnóstico carrega, a doença tem cura, principalmente quando detectada em seu estágio inicial.
Para conscientizar sobre a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de mama, a Unimed-Rio disponibilizou um de seus profissionais para esclarecer dúvidas e trazer informações fundamentais sobre esse tipo de câncer.
Conversamos com a mastologista Luciana Boechat sobre informações e orientações indispensáveis sobre o câncer de mama para mulheres de todos os tipos, estilos e idades.
Exames fazem toda a diferença
O autoexame é fundamental para descobrir pequenos nódulos nos seios, que podem - ou não - ter relação com o câncer de mama em estágio inicial. Porém, ele não é o único exame que merece atenção durante o trabalho de prevenção.
De acordo com a mastologista Luciana Boechat, o ideal é encontrar o tumor quando ele ainda não é palpável, ou seja, pequeno demais para ser detectado pelo toque das mãos.
Mamografia, ultrassom e ressonância magnética são exames complementares. A mamografia deve ser feita pelo menos uma vez ao ano por mulheres a partir de 40 anos. Eles são capazes de detectar tumores minúsculos, ainda em estágio inicial, aumentando as chances de cura.
Em grupos de risco, ou seja, mulheres com parentes de primeiro grau que tiveram câncer de mama antes da menopausa, câncer de mama bilateral, câncer de ovário e câncer de mama masculino, os exames devem começar 10 anos antes da idade do familiar acometido pela doença. É preciso repetir o procedimento uma vez ao ano.
Nem todo cisto é maligno
Durante o autoexame, a descoberta de um cisto pode assustar e trazer à mente os piores cenários possíveis. Mas não precisa se desesperar. Segundo Luciana Boechat, médica cooperada da Unimed-Rio, o cisto só é perigoso quando apresenta uma vegetação em seu interior. Um cisto, por si só pode ser apenas uma alteração benigna do organismo, sem nenhuma ligação com o câncer de mama.
As alterações encontradas pela mamografia são classificadas de acordo com tipo e gravidade pela BI-RADS, que abrange uma escala de 0 a 6. De 1 a 3, por exemplo, os resultados podem indicar a existência de alterações majoritariamente benignas ou com baixo risco de carcinoma. Daí para frente, é preciso realizar mais alguns exames para identificar se a lesão analisada é suspeita, de fato, ou não. O BI-RADS 0 sugere avaliação com exame complementar.
"As pacientes também chegam ao consultório com dor nas mamas. Dor não é sinal de alerta inicial. Às vezes, uma dieta rica em xantina, que está presente em refrigerantes e chás, aumenta a sensibilidade dessa região, causando um pouco de dor. Mas se o tumor começa a doer, certamente ele está em estágio avançado e acompanhado por muitos outros sinais", explica a especialista.
Biópsia não piora o câncer
Existe a lenda de que a biópsia pode estimular a metástase do câncer de mama, quando as células doentes migram para outras partes do corpo. Segundo a mastologista Luciana, a afirmação não tem qualquer comprovação científica. Além do mais, trata-se de um procedimento seguro para as pacientes, que podem ir para casa no mesmo dia.
A biópsia é necessária quando médicos encontram uma lesão com suspeita nos exames de imagem ou quando o tumor palpável não é visto nos demais exames. "Se formos para a cirurgia, a biópsia nos dá uma ideia 'padrão ouro' do diagnóstico, ou seja, não teremos surpresa. Não é um procedimento grave nem preocupante", afirma.
Tratamento precoce diminuem sequelas
Além da chance de cura ser maior, o tratamento precoce traz menos sequelas e prejuízos às pacientes. No estágio inicial, as células do câncer não migram para outras partes do corpo, por isso a cirurgia tende a ser menos extensa, com preservação quase total da mama. Conforme o tempo passa, porém, o câncer migra para os gânglios do braço, na região da axila, podendo ser totalmente removido durante a cirurgia.
Além de sequelas estéticas, que vêm diminuindo graças ao avanço da cirurgia oncoplástica, a paciente pode, dependendo da extensão da cirurgia, perder força e drenagem no braço afetado pelas células cancerígenas. Também é importante lembrar que, no começo da doença, é possível iniciar o tratamento sem drogas quimioterápicas, responsáveis pela queda dos cabelos.
"A radioterapia não faz os cabelos caírem e funciona muito bem em casos precoces", reforça Luciana Boechat.
Retirada das mamas não é obrigatória
O diagnóstico de câncer de mama, muitas vezes, é recebido como um forte golpe na autoestima, acompanhado de imagens dolorosas, como no caso da retirada total dos seios. Mas, de acordo com Luciana Boechat, a mastectomia não é indicada para todas as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, ao contrário do que prega o senso comum.
Segundo a mastologista, estudos comprovam que a radicalidade do procedimento cirúrgico não aumenta as chances de cura da paciente em questão. Por isso, médicos optam por preservar a mama ao máximo, retirando apenas a parte que está comprometida pela doença, com uma margem de segurança.
Além disso, existem muitas opções de reconstrução, com ou sem prótese de silicone, para quem precisa enfrentar uma cirurgia um pouco mais invasiva.
O câncer de mama também é visível
Apesar de ser uma doença silenciosa, o câncer de mama não é totalmente invisível. Alguns sinais e alterações na pele e na região das mamas devem estar no radar de alerta das mulheres.
Luciana Boechat explica que é muito comum, em diagnósticos positivos, observar a retração da pele, saída espontânea de secreção - cristalina ou levemente sanguinolenta - dos mamilos, pele avermelhada com presença de lesões e aspecto de casca de laranja na pele, deixando-a mais áspera.
"A recomendação é começar o acompanhamento por meio de uma consulta com o ginecologista, que fará o encaminhamento ao mastologista em casos específicos. Em casos de alto risco ou com estes sintomas visíveis, recomendo que a paciente busque já uma consulta com o mastologista o quanto antes. O mais importante é não ter medo do resultado porque o diagnóstico de câncer de mama vem acompanhado de um milhão de possibilidades para as pacientes. Não é o fim de nada", reforça a médica.
A prevenção é feita todo dia
Falar sobre prevenção de um câncer nunca é tarefa simples. No entanto, casos e estudos dão algumas pistas do caminho que deve ser tomado. A prevenção do câncer de mama, por exemplo, deve ser praticada diariamente.
De acordo com Luciana, o caminho é seguir firme em dietas balanceadas, evitar o sedentarismo e dar um basta a hobbies perigosos, como álcool e cigarro. Uma rotina mais equilibrada, com o estresse sob controle, também protege corpo e alma de doenças oportunistas como o câncer. Além disso, claro, fazer os exames preventivos é fundamental.