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Na maioria dos casos de depressão a medicação é fundamental, porque diminui a duração do quadro depressivo com maior eficácia. O psiquiatra Mario Louzã, membro filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo explica que em casos graves de depressão o paciente corre risco de cometer suicídio, por isso o tratamento da doença é muito importante. Mas e se de repente o paciente precisa interromper o tratamento pela falta do antidepressivo?
A falta de medicamento não é uma queixa rara, principalmente para quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) para obter os medicamentos. E a interrupção do tratamento pode acarretar em diversos problemas. O psiquiatra Roberto Miotto diz que bastam alguns dias para o quadro da doença ser piorado pela falta do medicamento.
As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e outros estabelecimentos designados pelas Secretarias de Saúde dos municípios disponibilizam de graça antidepressivos como fluoxetina e clomipramina, o antiepilético clonazepam e o antipsicótico hemifumarato de quetiapina. A única exigência para a retirada desses medicamentos é que a receita seja de um médico psiquiatra.
O que fazer se meu antidepressivo está em falta?
Caso haja a falta do antidepressivo nos postos de saúde pública ou para retirada pelo plano de saúde, os especialistas indicam que a primeira iniciativa que o paciente deve tomar é procurar seu médico.
Os medicamentos mudam conforme cada caso. Por isso, é preciso saber qual o quadro depressivo que está sendo tratado como depressão no âmbito bipolar, depressão crônica ou depressão recorrente, para que assim possa haver uma substituição medicamentosa.
Saiba mais: Conheça os diferentes tipos de depressão
Além disso, se você retira seu antidepressivo pelo SUS e ele está em falta, é possível entrar em contato com a ouvidoria do SUS. A mesma coisa acontece se seu medicamento está em falta e você tem plano de saúde, pode procurar a ouvidoria dos planos de saúde.
Como a falta do antidepressivo prejudica o paciente
Os sintomas da abstinência de medicação variam muito para cada paciente e também de medicação para medicação. No caso dos antidepressivos, algumas pessoas têm uma síndrome de descontinuação que pode causar:
- Sensação de mal-estar
- Sensação de distração
- Tontura.
Já no caso dos benzodiazepínicos a interrupção leva a um efeito contrário, conhecido como efeito rebote. O paciente tem uma piora do quadro podendo agravar mais ainda a insônia e a ansiedade.
Posso aumentar os intervalos com que tomo o medicamento?
"As dosagens são estritamente calculadas pelo médico que avalizou e examinou o paciente. Isso não deve ser modificado sem a decisão do mesmo", aconselha Miotto.
O psiquiatra Louzã diz que boa parte dos medicamentos utilizados em psiquiatria são chamados de meia vida, significa o tempo que o remédio fica no organismo da pessoa até ser eliminado totalmente, um tempo de 20 a 24 horas. Então, quando o paciente toma o medicamento dia sim e dia não, a medicação no sangue fica variada com subidas e descidas, fazendo com que haja recaídas da doença.
Outro esquema comum é dividir os comprimidos para tomar por mais tempo. Além de prejudicar o paciente, por ser uma mudança abrupta de dosagem, muitos remédios não devem ser partidos ao meio. Em caso de dúvida sobre o medicamento a bula tem no item 6 "Como devo usar este medicamento" informações para sanar as dúvidas.
É possível substituir o medicamento?
Embora os especialistas usem a alternativa de substituir o medicamento quando está em falta, no caso da depressão essa troca pode ser tão perigosa quanto o paciente parar de tomar o antidepressivo. "Muitas vezes nos vemos obrigados a fazer uma substituição de medicamento para evitar um mal maior", conta Louzã.
Em casos de falta da medicação para depressão, a única solução viável é trocar o remédio por outro que tenha componentes mais parecidos, para evitar uma piora do quadro da doença. Vale lembrar que essa substituição só pode ser feita pelo médico.
Entretanto, essa não é a melhor opção. Louzã explica que isso pode levar o paciente de volta ao estado inicial do tratamento "Mas deixar a pessoa sem medicação pode ser tão ruim que é melhor trocar por outro, mesmo que você vá demorar uns dias para ter uma resposta terapêutica", ressalta.
Medicamentos receitados para depressão
O psiquiatra Roberto Miotto esclarece que os medicamentos usados para o tratamento da depressão são:
- Fitoterápicos
- Benzodiazepínicos
- Estabilizadores de humor e hormônios
- Nootrópicos
- Antidepressivos puros
- Antidepressivos-ansiolíticos
- Neurolépticos.
"Dependendo do caso do tipo de depressão a associação dos estabilizadores de humor com o antidepressivo pode evitar que a pessoa ao sair da depressão entre em um quadro maníaco, quando se trata de transtorno bipolar", afirma Mario Louzã.
Os sintomas da depressão mais recorrentes são a ansiedade e insônia. "Para uma atuação mais imediata os ansiolíticos são mais eficazes nesse sentido, então eles são usados por alguns dias, algumas semanas e depois suspende quando a pessoa já está melhor e não precisa mais deles", diz Louzã.