Redatora especializada em conteúdos sobre saúde, beleza e bem-estar.
Após ser diagnosticada com câncer de mama em estágio inicial, a apresentadora Ana Furtado está passando por sessões de quimioterapia. Nesta terça-feira (12), ela usou as redes sociais para compartilhar como está sendo o tratamento.
"Ontem fiz minha segunda sessão de quimioterapia. E a sensação é de que essa foi menos difícil do que a primeira. Volto a dividir detalhes com vocês porque, ao mesmo tempo em que me fortaleço com as palavras de carinho que recebo, acredito que posso também encorajar pessoas que estejam passando por situações tão difíceis quanto o diagnóstico de um câncer", contou.
Durante o relato, a apresentadora aproveitou para explicar que além da quimioterapia, ela também está fazendo a crioterapia. É um tratamento que usa baixas temperaturas para tratamentos estéticos e terapêuticos na pele, e que no caso é usada como uma forma de reduzir a queda dos fios durante a quimio.
Saiba mais: Câncer de mama: novas terapias melhoram a vida das pacientes e futuro é promissor
A crioterapia aumenta as chances de preservação dos fios nos processos de quimioterapia, melhorando também a autoestima da paciente já que a queda de cabelo é uma das maiores preocupações nesta fase.
"Foram 4 horas e meia com o equipamento na cabeça: meia hora antes do início da quimio e 2 horas após o término dela. É difícil, mas, até agora, eficiente. Só tenho a agradecer a todos os médicos pelas orientações, apoio e carinho comigo", completou Ana Furtado.
O que é a crioterapia?
De acordo com Augusto Takao, oncologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, a crioterapia nada mais é do que o uso de uma touca gelada, podendo chegar a até -20ºC, que resfria o couro cabelo e leva à contração dos vasos sanguíneo fazendo com que as substâncias da quimioterapia não cheguem a cabeça, dificultando a queda de cabelo.
A oncologista Ana Paula Garcia Cardoso, do Hospital Albert Einstein afirma que a quimioterapia atua no ciclo celular, destruindo e impedindo a multiplicação das células, reação que acontece de forma acelerada em tecidos tumorais. "Infelizmente, ele acaba matando e impedindo a multiplicação das células de tecidos saudáveis também, o que gera os efeitos colaterais", aponta.
Como é feita a crioterapia?
"A crioterapia começa a ser realizada no paciente 20 minutos antes da quimioterapia, continua a ser feita durante a sessão e dura mais 90 minutos após o término da quimio. Para obter a eficácia completa, é indicado fazer o uso da touca em todas as sessões de quimioterapia", afirma Augusto Takao.
Embora a técnica já exista há mais de 5 anos, começou a ganhar mais visibilidade no Brasil apenas no ano passado. Um estudo divulgado pelo Journal of the American Medical Association (JAMA) em março de 2017, descobriu que cerca de 50% das mulheres com câncer de mama que participaram da pesquisa conseguiram ter uma preservação do cabelo a ponto de não ser necessário o uso de uma prótese capilar.
"Não há números apurados sobre a eficácia do uso desta técnica no Brasil, considerando que ela foi aprovada pela Anvisa no início de 2015. Contudo, pesquisas realizadas em vários países da Europa, onde sua aplicação já vinha sendo feita ao longo dos últimos anos, mostram que a redução da taxa de alopecia variou de 49% até 100% em mais de 2 mil pacientes avaliadas. Isso significa que a queda de cabelos foi nula ou praticamente imperceptível em boa parte dos casos", disse Daniel Gimenes, oncologista do Centro Paulista de Oncologia - CPO (Grupo Oncoclínicas).
Embora os resultados sejam animadores, nem sempre a crioterapia pode dar certo. "Em casos de quimioterapia vermelha as chances de eficácia são de 45%, já em casos de quimioterapia branca (taxol) as chances aumentam para 85%", indica Daniel.
Segundo os especialistas, existem dois tipos crioterapia capilar: touca resfriada no gelo que precisa ser trocada a cada 3 ou 4 sessões e uma touca que é conectada a uma máquina que resfria o couro cabeludo.
Orientações para a execução da crioterapia
Para que a crioterapia tenha bons resultados é preciso que o paciente siga algumas orientações:
1. Lavar o cabelo, preferencialmente no dia do procedimento, e não secá-lo. Para a realização do resfriamento, é necessário que o cabelo esteja limpo e úmido, o que permite a melhor difusão do frio.
2. Não lavar o cabelo por cinco dias após a crioterapia.
3. Não utilizar secador e chapinha
4. Não é recomendável o uso de tintura ou coloração
Segundo o oncologista Daniel Gimenes, o aconselhamento de um dermatologista pode contribuir para bons resultados da crioterapia.
Benefícios da crioterapia
"O maior estigma da quimioterapia é a queda de cabelo, portanto a crioterapia ajuda no autoestima e bem-estar da paciente. A técnica contribui também para que os pacientes não desistam do tratamento no meio do caminho e possam continuar sua rotina de trabalho e social sem grandes problemas", revela Augusto Takao.
Efeitos colaterais da crioterapia
A crioterapia não possui muitos efeitos colaterais graves, contudo por ser muito frio os pacientes podem apresentar tremores, náuseas e dores de cabeça durante a sessão.
Indicações e contraindicações da crioterapia
O oncologista Daniel Gimenes indica que o tratamento com a crioterapia pode ser feito para outros tipos de cânceres, especialmente em casos de tumores sólidos, como câncer de ovário e câncer de testículo. "Embora seja menos comum, homens podem sim fazer a crioterapia, já vi alguns casos que tiveram bons resultados", disse.